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Congresso dos EUA segue paralisado após 3º candidato a presidente perder apoio e desistir

Republicano moderado, Tom Emmer foi escolhido pelo partido, mas sofreu resistência de ala trumpista

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Washington | The New York Times

O deputado republicano Tom Emmer, do estado de Minnesota, abandonou sua candidatura à presidência da Câmara dos Estados Unidos nesta terça-feira (24), horas depois de garantir a nomeação de seu partido para tentar conseguir os votos necessários e se tornar o líder da Casa.

A desistência de Emmer, um candidato considerado moderado, antes mesmo de uma votação, mostra que o Partido Republicano segue dividido e distante de resolver o impasse que toma conta da legenda e paralisa o Congresso americano há três semanas.

O deputado é o terceiro a ser escolhido para liderar o partido neste mês que viu sua candidatura desmoronar em seguida, em meio a um ciclo interminável de queixas, disputas internas e divisão ideológica entre republicanos.

O deputado Tom Emmer em Washington após reunião do Partido Republicano na Câmara
O deputado Tom Emmer em Washington após reunião do Partido Republicano na Câmara - Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

Emmer teve vitória apertada por 117 votos a 97 contra o deputado Mike Johnson, do estado da Louisiana, mais à direita. Logo após a nomeação de Emmer, contudo, pouco mais de 20 republicanos mais identificados à direita conservadora e próxima do ex-presidente Donald Trump indicaram que não votariam nele no plenário —o que, na prática, inviabilizaria sua candidatura à presidência da Casa.

Enquanto o candidato se reunia com indecisos para tentar garantir os votos necessários, Trump escreveu nas redes sociais mensagens de oposição a Emmer, chamando-o de "RINO globalista" (a sigla, em inglês, significa "republicano só no nome") e dizendo que a vitória do deputado seria um "erro trágico".

"Eu tenho muitos amigos maravilhosos que querem ser presidente da Câmara, e alguns deles são verdadeiros guerreiros", escreveu Trump na Truth Social, sua própria plataforma. "Tom Emmer, que eu não conheço bem, não é um deles. Ele nunca respeitou o poder de um endosso de Trump." A maioria dos opositores de Emmer integram a ultraconservadora bancada da liberdade e são leais ao ex-presidente.

Apenas algumas horas depois, Emmer decidiu abandonar sua candidatura, de acordo com uma pessoa próxima que falou sob anonimato antes que a decisão dele fosse oficialmente anunciada.

Para ser eleito, um deputado precisa reunir 217 votos. Como os republicanos têm uma vantagem pequena na Câmara, de apenas nove votos, isso significa que o partido precisa praticamente votar em bloco em um único candidato.

A Câmara está em situação caótica desde o dia 3 de outubro, quando rebeldes republicanos forçaram uma votação para destituir Kevin McCarthy da presidência. Oito republicanos votaram a favor da medida que terminou por derrubar o líder da Câmara, algo inédito na história americana, junto com os democratas —que permaneceram unidos em torno de seu próprio líder, o deputado Hakeem Jeffries, do estado de Nova York.

Desde então, os republicanos descartaram dois vencedores de seu processo interno de nomeação ao cargo, os deputados Steve Scalise, da Louisiana, e Jim Jordan, de Ohio —ambos apoiados por Trump. Emmer foi o terceiro rejeitado.

Emmer começou o dia superando outros seis candidatos disputando o cargo durante uma série de votações a portas fechadas. Mike Johnson, um advogado conservador favorito da ala à direita do partido, apoiou Emmer após a derrota e disse que estava tentando convencer seus colegas a se unirem em torno dele.

Antigas rivalidades, no entanto, ajudaram a afundar a candidatura de Emmer, o que inclui uma rusga com o deputado Jim Banks, de Indiana. "Eu não posso concordar em colocar um dos membros mais moderados de toda a conferência republicana na presidência", disse Banks. "Isso trai os valores conservadores pelos quais vim lutar aqui."

Alguns da direita contrários a Emmer citaram seu voto a favor de legislações sobre proteção federal para casais do mesmo sexo. Outros criticaram o voto de Emmer a favor do projeto de lei de gastos apresentada por McCarthy, quando ele ainda era presidente da Casa, que evitou temporariamente uma paralisação do governo federal diante da dificuldade do Congresso em aprovar os gastos do ano fiscal.

Outros ainda disseram que ele não era suficientemente leal a Trump, porque votou para certificar os resultados da eleição de 2020 vencida pelo presidente Joe Biden.

Segundo o ex-presidente republicano, Emmer tentou ligou para ele no fim de semana para tentar aplacar a resistência a sua indicação, mas Trump teria deixado claro que não havia sido convencido.

A nova rejeição deixou os membros mais moderados do partido furiosos. "Nosso Congresso tem estado essencialmente em guerra consigo mesmo", afirma o deputado Brandon Williams, de Nova York, que representa um distrito vencido por Biden. Ele chamou a situação de "desanimadora".

"A maioria do país está preocupada com a inflação, com o que estão vivenciando no supermercado, e gostaria de ver o Congresso se posicionar e agir como adultos", disse Williams.

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