Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Grupo pró-Irã faz novo ataque contra Israel, que avança sobre Gaza

Ação de houthis do Iêmen ocorre antes de chegada de porta-aviões ao mar Vermelho

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São Paulo

Enquanto as forças de Israel fecham o cerco à cidade de Gaza, capital da faixa homônima dominada pelo Hamas, com um grande ataque a um centro de comando do grupo terrorista palestino, uma nova frente se insinuou no sul do país em guerra com um ataque inédito contra a cidade de Eilat nesta terça (31).

Os rebeldes houthis, etnia xiita apoiada pelo Irã assim como o Hamas e o Hezbollah libanês, reivindicaram a ação contra o famoso balneário no mar Vermelho. "Esses drones pertencem ao Estado do Iêmen", disse à agência de notícias AFP o autoproclamado primeiro-ministro do grupo, Abdelaziz bin Habtour.

Moradores de Rafah, na Faixa de Gaza, observam destruição após bombardeio de edifício por Israel
Moradores de Rafah, na Faixa de Gaza, observam destruição após bombardeio de edifício por Israel - Mohammed Abed/AFP

É o terceiro incidente do tipo nesta guerra, e o mais sofisticado. Segundo o porta-voz das IDF (Forças de Defesa de Israel), Daniel Hagari, foi utilizado pela primeira vez no conflito o sistema Arrow-3, desenhado para interceptação de mísseis balísticos a longa distância. Ele abateu um míssil, enquanto dois prováveis drones foram interceptados por caças.

O Arrow (Flecha) forma com o Funda de Davi (média distância) e o Domo de Ferro (curta) o sistema principal de defesa aérea do país, complementado por sistemas americanos Patriot.

Os houthis lutam desde 2014 uma guerra civil com apoio iraniano contra o governo reconhecido do país, que tem como fiador a Arábia Saudita. Sua entrada no atual conflito já havia sido anunciada quando uma série de mísseis que dispararam contra Israel foi interceptada por um destróier americano, há duas semanas. Na sexta (27), destroços de mísseis atirados contra o sul israelense feriram seis egípcios em Taba, vizinha de Eilat.

O mar Vermelho irá receber nos próximos dias o grupo de porta-aviões liderado pelo USS Dwight Eisenhower, o segundo do tipo enviado por Washington para apoiar Israel e dissuadir o Irã de entrar na guerra mais ativamente. O grupo está no Mediterrâneo e irá cruzar o canal de Suez, ficando a partir daí exposto a ataques a partir da costa iemenita dominada pelos houthis ao norte.

Hagari disse que a Marinha de Israel atua "como uma só" com as forças americanas na região, desde que passou a coordenar operações navais com os americanos, mas que se defenderá sozinha sempre que preciso.

É uma distração no cenário geral, mas perigosa em termos de escalada potencial da crise. Já para Israel, é um sinal simbólico sobre a multiplicação de desafios enquanto busca destruir o Hamas em retaliação pelo mega-ataque terrorista de 7 de outubro, que matou mais de 1.300 pessoas.

Eles já se colocam no norte do país com o Hezbollah, que também intensificou sua campanha de troca de fogo com Israel desde o início da guerra, mas que aparenta trabalhar com um teto de escalada definido pelo Irã para que a situação não saia de controle.

Ainda assim, o emprego de mísseis antitanque contra posições israelenses no norte do país, que teve civis retirados de uma faixa de dois quilômetros para operações militares, levou as IDF a fazer um ataque com caças nesta madrugada (noite no Brasil) a um depósito de armas do grupo xiita libanês.

O Hezbollah tem um potencial ofensivo muito maior do que o do Hamas, mas a situação econômica precária do Líbano e o desejo de Teerã de manter a guerra retórica mais inflamada do que a real têm contido suas ações. Não por acaso, líderes iranianos têm pedido ação de aliados contra Israel, mas negam interesse em entrar em combate.

"Nossa política é clara: vamos alvejar em resposta a qualquer tentativa de ataque", disse o porta-voz militar Daniel Hagari na manhã desta terça. Milhares de libaneses estão deixando o sul do país com medo de que o Hezbollah traga a guerra a eles."

Parte do contexto é a presença americana, que de resto serve ao governo de Joe Biden também para manter seu cacife na pressão que faz contra desproporcionalidade da ação terrestre israelense em Gaza, que começou de fato na sexta (27).

Não é algo sem risco, como a questão dos navios explicita e o ataque com dois drones de grupos pró-Irã contra uma base americana no Iraque nesta terça ratifica. A ação, contra o complexo de Ain al-Asad, no oeste do país, não deixou feridos segundo o Departamento de Defesa dos EUA.

A Casa Branca disse que já houve 16 ataques do tipo no país desde o início de guerra, e outros 11 contra forças americanas na Síria. Ela também confirmou que 300 militares irão reforçar contingentes da região, que somam 30 mil fardados.

Já em Gaza, a ação por terra prossegue. O ritmo de ataques aéreos e com artilharia caiu pela metade em relação à véspera, para 300 alvos nesta noite, mas há relatos de que colunas de tanques Merkava e grandes escavadeiras avançaram pelo norte e pelo sul da capital regional.

Do ponto de vista militar, Israel disse ter alvejado principalmente centros de comando do Hamas na rede subterrânea que montou ao longo dos anos, o famoso "metrô de Gaza", que tem segundo o grupo 500 km de intrincadas instalações. O grupo palestino, por sua vez, afirmou ter atingido tanques, blindados e escavadeiras israelenses no sul da cidade, algo que Tel Aviv não comentou.

Na capital há, segundo a ONU, 117 mil refugiados em hospitais, o que só faz crescer o temor que a ONU já chama de catástrofe humanitária no território. Os bombardeios continuam em toda a região, inclusive na faixa sul que abriga os civis que obedeceram à ordem israelense de evacuação do território ao norte dos limites da cidade.

Entre eles estão as 34 pessoas apoiadas pelo Itamaraty para uma eventual repatriação. Em vídeo divulgado pela diplomacia, a brasileira Shahed al-Banni afirmou que a situação está pior a cada dia, relatando falta crescente do acesso a água para comprar em mercados. "Está morrendo gente todo dia", disse ela. O Hamas conta até aqui 8.500 mortos pela retaliação israelense.

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