Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel amplia invasão em 'nova fase' e diz que Cidade de Gaza é 'campo de batalha'

Ações terrestres ocorrem pelo 3º dia seguido; palestinos vivem blecaute de luz, internet e telefonia

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São Paulo | Reuters

No front e em discursos, Israel deu neste sábado (28) mais evidências de que aproxima uma incursão em larga escala das tropas israelenses em Gaza. O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, afirmou que seu gabinete aprovou a ampliação da invasão de Gaza "por unanimidade" e que aqueles que acusam o país de cometer crimes de guerra são "hipócritas e mentirosos".

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, faz pronunciamento neste sábado (28) - Abir Sultan/Pool via Reuters

Já o ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou que o conflito "passou para uma nova fase" após Tel Aviv anunciar que bombardeou ao menos 150 alvos subterrâneos da facção terrorista Hamas. Pelo terceiro dia consecutivo, também houve ações em terra.

"Bombardeamos acima e abaixo do solo, atacamos agentes terroristas de todas as categorias, em todos os lugares", disse o ministro em um comunicado. "E o comando para nossas forças é claro: a operação continuará até uma nova ordem."

A fala mais clara sobre a ação terrestre partiu do chefe do Estado-Maior, tenente-general Herzi Halevi. Segundo ele, esta é a única saída para desmantelar o Hamas e recuperar os mais de 200 reféns israelenses e estrangeiros mantidos pelo grupo. "Os objetivos da guerra exigem a entrada por terra. Não há conquistas sem riscos, e não há vitória sem que se paguem preços."

O Hamas afirmou que seu braço armado já combateu soldados de Israel dentro de seu território. Neste sábado (28), panfletos foram lançados na Cidade de Gaza, a mais populosa do território, com o aviso de que a região é agora "um campo de batalha".

"Os abrigos no norte de Gaza e na Cidade de Gaza não são seguros", diz o Exército no material despejado por aviões de combate. Os militares instam moradores a "desocuparem imediatamente" toda a área e se deslocarem em direção ao sul da faixa, que faz fronteira com o Egito.

Daniel Hagari, um dos porta-vozes das forças israelenses, disse em vídeo publicado nas redes sociais que cidadãos de Gaza devem partir para o sul "imediatamente". "Não é mera precaução, é uma recomendação urgente para a proteção dos civis."

A perspectiva de que o conflito se estenderá foi reforçada por Netanyahu. "A guerra dentro da Faixa de Gaza será difícil e longa", disse. O premiê também declarou que a segunda fase do conflito contra o Hamas começou com a entrada de mais forças terrestres no território.

"Os nossos comandantes e soldados que lutam em território inimigo sabem que a nação e a liderança nacional os apoiam", acrescentou. "Eles estão determinados a erradicar este mal do mundo, para a nossa existência."

Foi a primeira vez que Bibi, como o premiê é conhecido, respondeu a perguntas de jornalistas desde o início da guerra. O líder ainda disse os objetivos de Israel são a "destruição do Hamas" e conseguir "devolver os reféns para casa." Ele evitou responder se o governo de Israel teria parcela de responsabilidade ante possíveis falhas de segurança que permitiram ao Hamas realizar os ataques do dia 7.

O Exército afirmou que na incursão deste sábado (28), ainda não caracterizada como o início da grande operação que há semanas Tel Aviv ameaça conduzir, ao menos dois membros da alta cúpula do Hamas foram mortos.

São eles Asem Abu Rakaba, chefe da rede aérea do grupo terrorista, e Ratab Abu Tshaiban, chefe da força naval da fação. Rakaba seria o responsável pela operação que permitiu aos terroristas se infiltrarem no sul israelense usando parapentes. Ele também teria comandado os ataques feitos com drones a complexos militares de Israel.

A Defesa Civil de Gaza afirmou que centenas de edifícios e casas foram destruídos durante a noite de sexta-feira para sábado e que alguns dos bombardeios teriam ocorrido perto de hospitais. Segundo o Ministério da Saúde em Gaza, a ofensiva israelense de sábado (28) deixou ao menos 400 palestinos mortos, elevando o número de vítimas desde o início da guerra a 7.700, das quais 3.200 seriam menores.

Do lado de Israel, são ao menos 1.400 mortos pelos ataques terroristas do Hamas. As informações do que tem ocorrido em Gaza ficaram mais restritas depois da interrupção dos serviços de internet e de telefonia, o que amplia o temor de organizações internacionais.

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, afirmou neste sábado que o cenário de blecaute estava tornando impossível que as ambulâncias chegassem até os feridos.

"A OMS reitera que é impossível retirar os pacientes sem pôr em risco as suas vidas", disse a organização em uma nota no X, antigo Twitter. "Os hospitais em Gaza já estão funcionando na sua capacidade máxima devido aos feridos em semanas de bombardeios incessantes e são incapazes de lidar com o aumento dramático no número de pacientes, ao mesmo tempo que abrigam milhares de civis deslocados."

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, por sua vez, voltou a criticar Israel, ainda que sem mencionar o país. No X, disse que observou um consenso crescente sobre a necessidade de um cessar-fogo na região, e que por isso fez coro público ao pedido.

A Assembleia-Geral aprovou uma resolução recomendando a trégua, mas Israel a ignorou pelo fato de o texto não ter caráter impositivo —apenas o Conselho de Segurança tem essa prerrogativa.

"Mas, lamentavelmente, fui surpreendido por uma escalada de bombardeios sem precedentes, que comprometeu os objetivos humanitários", declarou Guterres, referindo-se ao avanço de Tel Aviv no território palestino. As declarações de Guterres ao longo da semana foram duramente criticadas pela diplomacia de Tel Aviv, que chegou a pedir que ele renunciasse ao cargo.

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