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'Passei pelo inferno': o relato de refém de 85 anos solta pelo Hamas

Yocheved Lifschitz é uma das quatro pessoas que já foram libertadas pelo grupo terrorista após ataques em Israel

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BBC News Brasil

Yocheved Lifschitz, de 85 anos, é uma das duas reféns que foram libertadas pelo Hamas na noite desta segunda-feira (23).

"Passei pelo inferno, algo que eu nunca poderia esperar", disse, ao descrever como foi sequestrada por homens armados do grupo em motocicletas, no dia 7 de outubro.

Ela está internada num hospital em Tel Aviv, em Israel, onde participou de uma entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (24).

Yocheved Lifschitz diz que recebia visitas de médicos e paramédicos - Reuters/via BBC News Brasil

Lifschitz diz que foi levada à Faixa de Gaza por meio de um portão, em uma viagem que provocou alguns hematomas. Ela também diz que estava com dificuldades para respirar.

O governo isralense, afirma ela, gastou muito dinheiro na cerca que separa a fronteira entre o país e o território palestino —mas fez pouco para impedir a passagem do Hamas.

Ao lado de Nurit Cooper, Lifschitz foi uma das duas mulheres libertadas nesta segunda pelo Hamas —a terceira e a quarta reféns a serem libertadas desde que mais de 200 pessoas foram sequestradas em Israel e levadas para Gaza. Duas israelenses-americanas —a mãe e a filha Judith e Natalie Raanan— foram soltas na sexta-feira (20).

Sharone, filha de Yocheved Lifschitz, ajudou a mãe a contar os detalhes do que viveu nas últimas semanas.

Ela confirma que a mãe foi levada de motocicleta e, ao explicar sobre os hematomas, diz que ela foi atingida por bastões. Após o sequestro, Lifschitz foi então forçada a caminhar alguns quilômetros em solo molhado, detalhou a filha.

Sharone disse que os sequestradores de sua mãe tiraram o relógio e as joias dela enquanto a levavam. Quando ela desceu da moto, as pessoas que a recepcionaram lhe disseram que acreditavam no Alcorão e que, portanto, não iriam machucá-la.

Lifschitz e outras 24 pessoas foram levadas para uma rede de túneis. Sharone descreveu uma "enorme rede" de túneis subterrâneos administrados pelo Hamas, que ela compara a uma "teia de aranha". Sua mãe detalhou que o local tem um "solo macio e úmido".

Lifschitz diz que, depois de duas ou três horas, eles separaram cinco pessoas que viviam no kibutz Nir Oz em uma sala separada. Lá havia guardas, um paramédico e um médico, e o cativeiro era limpo.

Os reféns dormiam em colchões no chão dos túneis sob Gaza, com um médico vindo visitá-los a cada dois ou três dias. Um prisioneiro que ficou gravemente ferido num acidente de moto a caminho de Gaza, por exemplo, teve os ferimentos tratados, e um paramédico veio vê-los para trazer os medicamentos de que precisavam.

Lifschitz ainda detalhou que havia um guarda para cada uma das cinco pessoas mantidas como reféns no grupo dela.

Yocheved Lifschitz conversa com a imprensa direto de um hospital em Tel Aviv, em Israel - via BBC News Brasil

Segundo o relato dela, os sequestradores "cuidaram de cada detalhe" —inclusive com o auxílio de mulheres que conheciam a "higiene feminina".

O grupo recebeu queijo e pepino para comer, segundo Lifschitz, a mesma comida que os combatentes do Hamas comiam, acrescentou a filha, Sharone.

A filha de Lifschitz mora em Londres e chegou a Tel Aviv esta manhã. Referindo-se aos outros reféns feitos pelo Hamas, ela diz que a sua mãe sente que "a história não acabará até que todos voltem" para casa.

O Ministério da Saúde gerido pelo Hamas em Gaza afirma que 5 mil pessoas foram mortas no território palestino desde 7 de Outubro. Mais de 1.400 foram mortos nos ataques do Hamas a Israel.

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