Vídeo mostra turistas estrangeiros no Ceará, não integrantes do Hamas no Brasil

Post de cunho preconceituoso afirma, falsamente, que grupo extremista chegou ao Brasil

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São Paulo

Postagem com imagens de homens em trajes tradiconais muçulmanos caminhando pela rua mente ao afirmar que o grupo extremista palestino Hamas teria chegado ao Brasil. O vídeo, de cunho preconceituoso, associa registros da passagem de turistas estrangeiros por cidades no Ceará com uma suposta chegada ao país do Hamas, movimento islamista que atacou Israel em 7 de outubro de 2023.

A postagem falsa, verificada pelo Comprova, diz que os supostos "rebeldes do Hamas" teriam chegado de navio, que estaria ancorado em Crateús. Porém, a cidade citada não fica no litoral do Ceará e está, na verdade, a cerca de 300 quilômetros do mar.

Segundo a prefeitura de Crateús, o grupo, de cerca de dez estrangeiros, esteve hospedado na casa de uma moradora da cidade por volta de uma semana atrás, mas já partiu. Não há informações precisas sobre a origem dos turistas.

Homens em volta de tanque de guerra com muro atrás. Foto a céu aberto. Chão de areia e céu azul com pouca nuvem. No alto do tanque há uma pessoa em pé
Integrantes do Hamas tomam tanque israelense no início do ataque - Said Khatib - 7.out.2023/AFP

A reportagem consultou o diretor do Centro Islâmico do Ceará, Yahya Simões, que afirmou que, pelas vestimentas —que são, de fato, islâmicas—, os homens aparentam ser do Paquistão ou da Índia.

O vídeo desinformativo traz ainda uma montagem com fotos de Lula e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, ao lado de Mohamad Sami El-Kadri, que hoje preside o Fórum Latino Palestino, e do presidente brasileiro ao lado do presidente do Irã, Ebrahim Raisi. Nesta última, Raisi é identificado como "o chefe do Hamas", o que não é verdade.

O conteúdo engana também ao mostrar um tuíte em francês com uma ameaça ao Brasil. A postagem é de novembro de 2015 de uma conta relacionada ao Estado Islâmico, sem relação alguma com o atual conflito entre Israel e Hamas.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Estadão, UOL e A Gazeta e publicada em 20 de outubro pelo Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Metrópoles, GZH e Nexo.

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