Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Hamas perdeu controle de Gaza, diz Israel, que promete ação contra o Hezbollah

Chanceler admite que pressão por cessar-fogo vai crescer em duas ou três semanas

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São Paulo

No 38º dia de sua guerra contra o Hamas, Israel afirmou que o grupo terrorista palestino já não tem controle sobre a Faixa de Gaza, região que administra desde que expulsou seus rivais em 2007. O Estado judeu também anunciou "planos ofensivos" contra o Hezbollah libanês ao norte.

"O Hamas perdeu controle de Gaza, não é capaz de parar as Forças de Defesa de Israel", disse nesta segunda (13) o ministro da Defesa do país, Yoav Gallant. "Terroristas estão fugindo para o sul, civis estão saqueando bases do Hamas, eles não têm fé no governo."

Soldados da brigada de elite Golani posam com bandeiras de Israel no Parlamento de Gaza
Soldados da brigada de elite Golani posam com bandeiras de Israel no Parlamento de Gaza - @MOSSADil no X/Reprodução

O governo israelense prometeu destruir o Hamas, que existe desde 1987, após o grupo promover o maior ataque terrorista contra o país em seus 75 anos de história, deixando ao menos 1.200 mortos e levando consigo 240 reféns no dia 7 de outubro.

A retaliação israelense veio pesada, como previsto, e os palestinos contam até aqui cerca de 11,3 mil mortos em Gaza. A faixa, na prática, foi dividida entre uma zona de combates terrestres, da capital até o norte, e o sul, que sofre bombardeios mas não tem ação de infantaria e blindados.

A proporcionalidade da ação tem provocado incômodo entre aliados de Israel, particularmente os Estados Unidos. Também nesta segunda, o chanceler Eli Cohen afirmou que o seu país tem "de duas a três semanas" para agir antes de uma intensificação da pressão internacional por um cessar-fogo.

"Do ponto de vista político, nós reconhecemos que Israel está sob maior pressão. Ela não é muito alta, mas está crescendo. Nas conversas que tenho com ministros estrangeiros, eles enfatizam a questão humanitária [em Gaza], o aspecto da identificação deles com o choque do massacre de 7 de outubro está menor. Há também aqueles que pedem, não publicamente, trabalho por um cessar-fogo", afirmou, de forma desassombrada.

Em solo, Israel segue combatendo de forma arriscada. O maior hospital de Gaza, o al-Shifa, está cercado por forças do país e sem funcionar na prática, e boa parte de seus 2.000 pacientes fugiram, temendo ataques —Tel Aviv afirma que o prédio abriga centros de comando do Hamas. Em outra unidade, o al-Quds, houve troca de fogo com terroristas escondidos no local.

O grupo terrorista nega usar pacientes como escudos humanos, conforme acusa Israel, mas sua presença em instalações civis é um padrão há anos. O presidente americano, Joe Biden, expressou preocupação nesta segunda com o funcionamento dos hospitais —a ONU diz que só 20 das 36 instalações da região estão com algum nível de operacionalidade.

Segundo as IDF, dois comandantes importantes do Hamas foram mortos nesta segunda: o chefe da divisão de mísseis antitanque da Brigada Khan Yunis, Yaakub Aashur, e o ex-chefe de Inteligência Militar do grupo, Mohammed Dababash. O Hamas também acusou Israel de um ataque que teria deixado 30 mortos no campo de refugiados de Jabalia, que já foi alvejado antes, mas não houve comentários de Tel Aviv até a publicação desta reportagem.

Em um nível mais simbólico, foi divulgada uma fotografia de soldados da brigada de elite Golani ocupando o Parlamento de Gaza. Eles traziam a bandeira da unidade militar, verde e amarela, e estandartes de Israel.

"Nos últimos dias, nós intensificamos nossas operações contra os túneis [usados pelo Hamas]. Ou os terroristas vão ser eliminados ou vão se render incondicionalmente; não há terceira opção", afirmou. Ao menos dois soldados israelenses foram mortos em combate nesta segunda.

Em paralelo à ação em Gaza, Israel afirmou pela primeira vez ter aprovado "planos defensivos e ofensivos" contra as forças do Hezbollah, o grupo fundamentalista libanês aliado do Hamas e, assim como os palestinos, apoiado pelo Irã.

"Nós estamos preparando os planos operacionais extensos para o norte. Nossa missão é trazer segurança. A situação não pode continuar com os civis se sentindo inseguros para voltar a suas casas", afirmou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Herzi Halevi.

Milhares de moradores foram retirados das faixas fronteiriças com o sul do Líbano desde o início da guerra. Os libaneses, bem mais fortes militarmente que o Hamas, têm mantido um atrito constante na região, obrigando o comprometimento de forças de Israel.

Seu líder, Hassan Nasrallah, afirma que o objetivo é esse, apoiar uma segunda frente, ainda que não haja um envolvimento maciço na guerra. No domingo, um civil israelense morreu, e outros foram feridos em ataques com foguetes do Hezbollah.

Outro fator importante reside na ameaça nada velada dos EUA de usar seu formidável poderio militar enviado para o Oriente Médio contra os libaneses e mesmo o Irã, caso resolvam escalar a guerra. Há dois grupos de porta-aviões na região, um operando no Mediterrâneo perto de Israel e outro, na boca do golfo Pérsico.

Grupos menores têm atacado de forma quase diária bases americanas no Iraque e na Síria, levando a retaliações pontuais com bombardeios. Além disso, Washington faz algumas demonstrações de força, como a patrulha e simulação de ataque usando bombardeiros estratégicos B-1B Lancer na região, como divulgou nesta segunda o Comando Central dos EUA.

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