Em um século, Argentina vê declínio com série de crises econômicas

Veja os principais momentos dos últimos 100 anos do país que já foi mais rico que Alemanha, França e Itália

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Buenos Aires e São Paulo

"O celeiro do mundo" e "a Paris da América do Sul" já foram frases usadas para descrever a Argentina e sua capital Buenos Aires no passado, mas hoje destoam do cenário de alta inflação e aumento da pobreza que sofre o país vizinho. É mais uma crise em meio a uma série de outras vividas pela nação nos últimos cem anos.

Junto a isso, os argentinos atravessaram cinco golpes militares, recorrentes períodos de instabilidade institucional e bruscas mudanças de rumo na política econômica. Hoje, o país caiu no ranking mundial e tem uma qualidade de vida pior do que a de países desenvolvidos, mas segue acima da média da América Latina e do Brasil em muitos quesitos.

Veja, abaixo, a linha do tempo dos principais momentos políticos e índices econômicos no último século na Argentina, que comemora seus primeiros 40 anos ininterruptos de democracia neste ano.

1920 Argentina inicia a década de 1920 entre os dez países mais ricos do mundo, mas vai decaindo no ranking ao longo dos anos

1930 País vive 'década infame', com golpe que inaugurou era de intervenções militares e crise econômica agravada pela Grande Depressão mundial

1943-1944 Novo golpe leva junta militar ao poder por alguns meses, gera instabilidade e abre caminho para ascensão de Juan Domingo Perón, então ministro da Guerra

Juan Domingo Perón e a primeira-dama Eva na posse de seu segundo mandato, em 4 de junho de 1952 - Reprodução

1946 Perón é eleito presidente, nacionaliza o Banco Central e dá origem ao movimento peronista, caracterizado pela defesa dos trabalhadores e forte intervenção estatal

Pós-2ª Guerra Gastos públicos aumentam, países europeus têm dificuldades para pagar exportações agrícolas, e inflação começa a aparecer

1948-1952 Plano Marshall dos EUA ajuda países europeus a voltar ao caminho do desenvolvimento

1952 Perón assume seu segundo mandato, e sua esposa Eva Perón morre de câncer, tornando-se símbolo político até hoje

1955-1958 Perón é deposto por militares e se exila; peronismo é declarado ilegal e começa novo período de instabilidade, com diversos governos provisórios

1966-1973 Outro golpe dissolve Congresso e instala regime militar, marcado por liberalismo, redução de gastos e repressão política

1973 Perón volta à Argentina e é eleito pela terceira vez, mas morre no ano seguinte e sua esposa e vice, Isabel Perón, se torna a primeira presidente mulher

1976 Isabel é deposta, e país vive ditadura mais sangrenta da América Latina, com torturas e desaparecimentos

Tanques em frente à Casa Rosada, em Buenos Aires, 24 de marzo de 1976, dia em que a presidente Isabel Perón foi derrubada por uma junta militar - France Presse/AFP

1982 Argentina perde a guerra das ilhas Malvinas contra o Reino Unido

1983 País volta à democracia há exatos 40 anos, com eleição de Raúl Alfonsín (do partido antiperonista UCR), em década de profunda crise econômica

1989 Carlos Menem, peronista liberal, assume em meio a hiperinflação; gestão é marcada por privatizações, abertura econômica e paridade entre o peso e o dólar

2001-2002 Muito endividada, Argentina vive uma de suas piores crises, com desvalorização do peso, protestos violentos e três presidentes em dois meses

2003 Néstor Kirchner é eleito, iniciando uma série de governos kirchneristas em meio ao boom do preço das commodities

2007 Cristina Kirchner assume e segue com expansão de programas sociais e subsídios; três anos depois, seu marido morre, e ela é reeleita

2015 Mauricio Macri é eleito pela centro-direita e muda rumo na política econômica, mas inflação persiste, e ele faz medidas de ajuste fiscal e empréstimo ao FMI

2019 Peronismo retorna ao poder com o presidente Alberto Fernández e a vice Cristina Kirchner

2020-2021 Argentina sofre efeitos da Covid e é o primeiro grande país da América Latina a legalizar o aborto

2022-2023 Fernández enfrenta deterioração da crise, e Argentina atinge níveis de inflação mais altos em 32 anos

Erramos: o texto foi alterado

O PIB ​​per capita da China estava incorreto em infográfico presente neste texto. O valor mais recente, pela base de dados utilizada, é de US$ 13.102, não US$ 50.839. A informação foi corrigida.

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