Fundador de partido de ultradireita é baleado na Espanha

Alejo Vidal-Quadras foi atingido no rosto; ataque ocorre no mesmo dia em que premiê anuncia acordo com sigla separatista

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Madri

O político catalão Alejo Vidal-Quadras, 78, um dos fundadores do partido de ultradireita Vox, foi baleado no rosto nesta quinta-feira (9) em Madri, segundo a polícia da Espanha. Seu estado de saúde é considerado grave, mas estável e sem risco de morte.

Vidal-Quadras foi levado consciente ao hospital Gregorio Marañón, onde passa por cirurgia. Autoridades médicas disseram ao jornal El País que ele foi atingido na região maxilar, com orifícios de entrada e saída.

"Quero transmitir a minha solidariedade e votos de uma rápida recuperação a Alejo Vidal-Quadras. Todo o meu carinho neste momento para ele e sua família", escreveu o premiê da Espanha, Pedro Sánchez (PSOE), nas redes sociais.

Policial monitora local em que Alejo Vidal-Quadras foi baleado em Madri, na Espanha
Policial monitora local em que Alejo Vidal-Quadras foi baleado em Madri, na Espanha - Nacho Doce/Reuters

O crime ocorre no mesmo dia em que Sánchez anunciou, enfim, o fechamento de um pacto com o partido separatista Junts, da Catalunha. Para conseguir os votos necessários para um novo mandato de quatro anos como primeiro-ministro da Espanha, Sánchez aceitou conceder uma anistia aos membros da sigla que foram presos e sofrem processos após proclamarem a independência da Catalunha sem respaldo legal em 2017.

A anistia, que pode descriminalizar até 3.000 separatistas catalães, é uma das exigências do Junts para entregar os sete votos de seu partido. Assim, Sánchez deverá atingir a metade mais um dos votos dos 350 deputados do Congresso.

A votação de "sim" ou "não" para o premiê, chamada na Espanha de investidura, deve acontecer no início da semana que vem. A data limite é 27 de novembro, ou novas eleições gerais terão que ser convocadas para janeiro.

A possibilidade de anistia vem exaltando os ânimos do país, e na noite desta quinta, cerca de 8.000 manifestantes convocados pelo Vox, de ultradireita, protestaram contra o governo na frente da sede do PSOE, em Madrid. Ao final da manifestação, alguns atiraram objetos contra a polícia, que deteve pelo menos 14 pessoas.

Os protestos em frente a sede do partido do governo acontecem em Madri desde pelo menos a segunda-feira (6). A noite de terça foi a mais violenta, quando dez manifestantes de ultradireita e 29 policiais acabaram levemente feridos —o pior deles foi um policial levado ao hospital com suspeita de fratura na mão.

Além da anistia, o líder do Junts, Carles Puidgemont, que está exilado na Bélgica, tentava incluir no acordo a realização de um referendo pela independência para os catalães. Isso não é, contudo, permitido pela atual Constituição espanhola.

Alejo Vidal-Quadras quando ainda pertencia ao Partido Popular, durante campanha pelo governo da Catalunha em Barcelona, em 2010 - 14.nov.2010/France Presse

Após a divulgação da assinatura do acordo, por volta das 12h30 (8h30 em Brasília), Vidal-Quadras se manifestou contra o pacto. "A nossa nação deixará de ser uma democracia liberal e se tornará uma tirania totalitária. Nós, espanhóis, não permitiremos isso", escreveu ele na plataforma X.

Cerca de uma hora depois, o político foi atacado no bairro nobre de Salamanca, mas não há confirmação de que uma coisa tenha a ver com outra. Ao menos por ora, a imprensa espanhola não tem publicado informações sobre o crime juntos às notícias de política, mas sim nas páginas de atualidades.

Dois homens são suspeitos do crime. Um deles, com capacete de motocicleta, jeans e jaqueta escura, circulava a pé nas imediações de uma igreja onde o político participava de uma missa.

Ao se encaminhar da igreja para seu carro, sozinho, Vidal-Quadras tomou o tiro a cerca de dois metros de distância, O agressor, então, correu em direção a um parceiro, também com capacete, que aguardava com uma motocicleta estacionada, mas ligada, e ambos partiram em alta velocidade pela contramão.

Os agentes isolaram o local do crime e fazem buscas. Por ora, nenhuma prisão foi feita. Investigadores do grupo de homicídios de Madri procuram pistas que possam levar aos criminosos. Agentes da polícia científica também foram mobilizados e coletaram amostras no local do crime.

Antes de aderir ao Vox, Vidal-Quadras foi presidente do conservador Partido Popular na Catalunha. Também foi vice-presidente do Parlamento Europeu de 1999 a 2014.

O líder do PP, Alberto Nuñez Feijóo, pediu uma investigação completa. Já o líder do Vox, Santiago Abascal, afirmou que Vidal-Quadras estava fora de perigo. Ele disse ser "muito cedo" para especular os motivos da agressão.

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