Palestino morre em ataque de Israel a Gaza no terceiro dia de cessar-fogo

Na Cisjordânia ocupada, forças israelenses mataram ao menos 7 palestinos; não se sabe se mortes podem afetar acordo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jerusalém e Cairo | Reuters

Um agricultor palestino foi morto e outro ficou ferido neste domingo (26), ambos alvos de forças israelenses no campo de refugiados Maghazi, na região central de Gaza, informou o Crescente Vermelho Palestino, a Cruz Vermelha local, durante o terceiro dos quatro dias de trégua entre Israel e Hamas.

Israel não comentou e não está claro se o ocorrido, um reiterado ataque ao campo de refugiados de Maghazi, terá impacto na última fase dos planos de troca de reféns em Gaza por palestinos presos em Israel.

Palestina sem seu apartamento destruído por bombardeios de Israel, em Gaza - Mahmud Hams - 25.nov.23/AFP

Pascal Hundt, alto funcionário do Comitê Internacional da Cruz Vermelha que está em Gaza, disse ao canal Sky News que "não está confiante" de que mais reféns israelenses serão soltos neste domingo.

Pouco depois a própria Cruz Vermelha contradisse Hundt, afirmando que sua declaração "não foi de forma alguma uma indicação de que as operações de libertação planejadas para domingo não acontecerão".

"Todos os preparativos para a próxima libertação continuam avançando. As operações são delicadas e complicadas e nunca se pode ter certeza absoluta de que isso acontecerá, dadas todas as complexidades", informou a Cruz Vermelha.

Também neste domingo, as forças israelenses mataram sete palestinos, incluindo dois menores e pelo menos um homem armado, na Cisjordânia, de acordo com médicos e informantes locais.

Cinco das mortes ocorreram na cidade de Jenin, que os militares israelenses disseram ter invadido para deter um palestino procurado por supostamente ter se envolvido numa emboscada letal na Cisjordânia, em agosto.

As Brigadas Jenin, um grupo armado local, afirmaram que seus combatentes lutaram contra as tropas de Israel, mas não forneceram detalhes sobre vítimas. Contudo, testemunhas locais relataram que pelo menos um dos palestinos mortos em Jenin era um conhecido membro das Brigadas.

As forças israelenses atacaram Jenin "de várias direções, disparando balas e cercando hospitais governamentais e a sede da Sociedade do Crescente Vermelho", publicou a agência local de notícias Wafa.

Seis outros palestinos ficaram feridos durante o tiroteio em Jenin, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. Segundo os militares israelenses, uma de suas aeronaves atacou um grupo de homens armados, ferindo vários deles.

A morte de um sexto palestino ocorreu em Yatma, um vilarejo perto da cidade de Nablus, e outra foi perto de um assentamento judaico nos arredores da cidade de El Bireh, segundo autoridades locais. Israel não comentou.

A Cisjordânia, um dos territórios onde os palestinos procuram a criação de um Estado, tem vivido um aumento da violência paralelo à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, agora na sua oitava semana.

Além disso, as Brigadas Al-Qassam, o braço armado do Hamas, informaram neste domingo em seu canal no Telegram o assassinato de quatro dos seus comandantes militares na Faixa de Gaza, incluindo o comandante da brigada do norte do território, Ahmad Al Ghandour.

Após uma segunda libertação de reféns detidos pelo Hamas no sábado (25), que sofreu atraso de sete horas devido a uma disputa sobre a entrega de ajuda humanitária a Gaza, neste domingo 13 israelenses e 4 tailandeses chegaram a Israel.

O plano anunciado da facção era barrar a libertação dos reféns até que Tel Aviv autorizasse a entrega de ajuda humanitária na região norte do território palestino. Segundo o porta-voz do Hamas, Osama Hamdan, apenas 65 dos 340 caminhões de ajuda que entraram em Gaza desde sexta-feira chegaram ao norte, o que foi "menos da metade do que Israel concordou".

Neste domingo, Israel afirmou que o Hamas está bloqueando a entrada de ajuda humanitária na região norte da Faixa de Gaza. O Cogat, o órgão do Ministério da Defesa de Israel que supervisiona as atividades civis nos territórios palestinos, publicou no X uma foto do que diz ser o bloqueio. "Para o Hamas, os residentes de Gaza são a última prioridade", diz a publicação.

As Brigadas Al-Qassam também disseram que Israel não respeitou os termos da libertação dos prisioneiros palestinos ao autorizar a soltura baseado em critérios que não a antiguidade das detenções.

Em Tel Aviv, ministros e porta-vozes do governo negaram as acusações e reiteraram ao longo de todo o dia que estavam respeitando estritamente os termos do acordo.

Embora o atraso na liberação dos reféns tenha sido resolvido com a mediação do Egito e do Qatar, ele sublinhou a fragilidade da trégua, a primeira interrupção dos combates desde que os combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 240 reféns.

Em resposta a esse ataque, Israel prometeu destruir os militantes do Hamas que governam Gaza, bombardeando o território e montando uma ofensiva no norte. Mais de 14,8 mil pessoas, em torno de 40% delas crianças, foram mortas até agora, disseram autoridades de saúde palestinas no sábado.

Israel disse que o cessar-fogo poderá ser prorrogado se o Hamas continuar a libertar pelo menos dez reféns por dia. Uma fonte palestina afirmou que até 100 reféns poderiam ser soltos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.