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Bolsonaro deve receber tratamento de chefe de Estado em posse de Javier Milei

Brasileiro almoçará com presidente eleito da Argentina nesta sexta-feira (8)

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Buenos Aires

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá ter tratamento de chefe de Estado na posse de Javier Milei, presidente eleito na Argentina. A ideia da equipe do argentino é que o brasileiro esteja presente nas cerimônias fechadas do Congresso Nacional e da Casa Rosada neste domingo (10), mesmo sem exercer nenhum cargo público no momento.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é tietado após desembarcar na Argentina
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é tietado após desembarcar na Argentina - Júlia Barbon/Folhapress

Os detalhes ainda estão sendo acertados com a chancelaria, mas a presença de Bolsonaro nas cerimônias está confirmada, segundo Giovanni Larosa, assessor de campanha de Milei. Ele faz o vínculo com a delegação de congressistas e governadores brasileiros que está desembarcando no país.

"Só falta confirmar quem vai estar com ele, sabemos que [a ex-primeira-dama] Michelle Bolsonaro estará", afirmou ele à Folha no aeroporto de Buenos Aires, onde Bolsonaro chegou por volta das 21h30 nesta quinta (7). Ao sair do portão de desembarque, ele foi cercado por um efetivo da Polícia Federal.

"Todo esse operativo que você está vendo aqui é como se fosse mais um presidente", afirmou Larosa, respondendo que tanto a recepção quanto a presença do ex-presidente nos eventos foram um pedido de Milei. Questionado se teria um tratamento de chefe de Estado, Bolsonaro respondeu: "Parece que sim, né".

O ex-presidente brasileiro almoçará com Milei nesta sexta (8) em um lugar ainda não divulgado. Antes, às 9h, será entrevistado pelo jornalista Eduardo Feinmann na rádio Mitre, pertencente ao grupo Clarín. Foi a essa emissora que Milei deu uma de suas primeiras entrevistas após vencer as eleições e também depois de sua primeira viagem aos Estados Unidos.

Está prevista ainda uma entrevista às 20h ao canal televisivo LN+, ligado ao jornal La Nacion. "Quem está com a agenda é meu filho Eduardo. Tenho uma entrevista de manhã numa rádio, tenho um jantar amanhã. Está programada muita coisa", disse Bolsonaro, respondendo que a vitória de Milei foi um "excelente" sinal para a direita brasileira.

Antes de entrar num carro, ele parou por alguns minutos em frente ao aeroporto, onde pediu que os policiais federais deixassem seus apoiadores se aproximarem. "Deixa vir", disse aos agentes que faziam um cordão à sua volta. Tirou foto com alguns estudantes de medicina e foi para o hotel.

Atrás, veio seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) com a família. "As primeiras desculpas têm que vir de Lula, por interferir nas eleições argentinas", afirmou ao ser questionado sobre a ausência do atual presidente na posse —o discurso de interferência foi repetido por Milei durante a campanha, sem indícios de que tenha ocorrido de fato.

A posse de Milei tem sido tratada como termômetro da força política de Bolsonaro, já que é seu primeiro grande evento desde que deixou o Palácio do Planalto, após uma série de derrotas judiciais. A agenda é encarada como uma forma de manter a direita viva, e os eleitores, engajados.

A última ida de Bolsonaro à Argentina havia sido em 2019, às vésperas do pleito em que seu aliado, o empresário Mauricio Macri, perdeu a tentativa de reeleição à Presidência. Dois anos depois, em 2021, o ex-presidente brasileiro cancelou a viagem que faria ao país vizinho pelos 30 anos do Mercosul —na época, seu então homólogo e anfitrião, Alberto Fernández, alterou o formato do encontro para o virtual após a pandemia do coronavírus avançar no continente.

O Palácio do Planalto confirmou nesta semana que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não irá à cerimônia e que o representante do governo brasileiro será Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. A avaliação foi de que o presidente poderia se expor, considerando o clima hostil. Questionada, a pasta não informou qual será a agenda do chanceler até o momento.

Milei modulou seu discurso em relação ao petista depois de se referir a ele como corrupto e comunista durante a campanha. Enviou sua futura chanceler Diana Mondino a Brasília e convidou o presidente à posse por meio de uma carta, falando em "construção de laços". Calculando os riscos políticos, porém, o petista decidiu não comparecer.

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