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Conselho de Segurança da ONU amplia ajuda humanitária a Gaza; EUA se abstêm

Diante de ameaça de veto americano, resolução foi diluída e deixou de pedir cessar-fogo para acesso humanitário

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São Paulo

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta sexta-feira (22) uma resolução diluída para aumentar a ajuda humanitária à Faixa de Gaza e pediu medidas urgentes "para criar as condições para um cessar-fogo sustentável". O texto foi aprovado após uma semana de intensas negociações para evitar um veto dos Estados Unidos.

Diante da indignação global com o crescente número de mortes em Gaza na guerra entre Israel e Hamas e uma crise humanitária cada vez mais grave no território palestino, os EUA se abstiveram na votação para permitir que o Conselho de Segurança, de 15 membros, adotasse uma resolução proposta pelos Emirados Árabes Unidos.

Mulher negra de roupa vermelha e cabelos grisalhos. sentada a uma mesa, com uma placa escrito Estados Unidos, levanta a mão
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, vota em proposta sobre ajuda a Gaza em reunião do Conselho de Segurança - David Dee Delgado/Reuters

Os demais membros do Conselho votaram a favor da resolução, exceto a Rússia, que também se absteve. Após negociações para convencer Washington, foi excluído o trecho da resolução que reduzia o controle de Israel sobre todas as entregas de ajuda a 2,3 milhões de pessoas em Gaza. Israel monitora as limitadas entregas através da passagem de Rafah, no Egito, e da passagem de Kerem Shalom, controlada por Tel Aviv.

O Hamas afirmou que a resolução era um "passo insuficiente" para lidar com as necessidades dos palestinos em Gaza. "Durante os últimos cinco dias, a administração dos EUA trabalhou arduamente para esvaziar esta resolução da sua essência e emiti-la nesta fórmula fraca", afirmou o grupo em comunicado.

O chanceler de Israel, Eli Cohen, escreveu em redes sociais que o país "continuará inspecionando, por razões de segurança, toda a assistência humanitária para Gaza".

O enfraquecimento da linguagem sobre o cessar-fogo na resolução frustrou vários membros do Conselho —incluindo a Rússia, que tem poder de veto— e os Estados árabes e da Organização para a Cooperação Islâmica. Segundo diplomatas, alguns desses países veem isso como uma aprovação para que Israel continue atacando o Hamas em retaliação aos atentados terroristas cometidos pela facção em 7 de outubro.

A resolução adotada "pede medidas urgentes para permitir imediatamente acesso humanitário seguro, sem restrições e ampliado e para criar as condições para um cessar-fogo sustentável". O texto inicial pedia "um cessar-fogo urgente e sustentável" para permitir o acesso à ajuda.

"Ao endossar isso, o Conselho estaria essencialmente dando às Forças Armadas israelenses total liberdade de movimento para continuar a limpeza da Faixa de Gaza", disse o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, antes da votação.

A Rússia propôs que o projeto fosse emendado para voltar à redação inicial. A emenda foi vetada pelos Estados Unidos. Ela recebeu dez votos a favor, e quatro membros se abstiveram.

No início deste mês, a Assembleia-Geral da ONU, composta por 193 membros, aprovou resolução pedindo um cessar-fogo humanitário, com 153 Estados votando a favor da medida que havia sido vetada pelos EUA no Conselho de Segurança dias antes. As resoluções da Assembleia, no entanto, têm caráter apenas recomendatório.

Os EUA e Israel se opõem a um cessar-fogo, acreditando que isso só beneficiaria o Hamas. Washington, em vez disso, apoia pausas nos combates para proteger civis e libertar reféns feitos pelo Hamas.

Megaprotesto no Iêmen

Em Sanaa, capital do Iêmen, milhares protestaram nesta sexta-feira (22) contra as ações de Israel na Faixa de Gaza e em solidariedade aos palestinos. Sanaa é controlada pelos rebeldes houthis, que são aliados do Irã e do Hamas, facção terrorista que governa o território palestino. Os houthis vêm lançando mísseis e drones contra Israel e atacando navios no Mar Vermelho.

Multidão pró-Palestina durante ato em Sanna, capital do Iêmen - Centro de Mídia Houthi - 22.dez.23/via Reuters

Com AFP e Reuters

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