Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel expande invasão terrestre para sul da Faixa de Gaza e amplia ataques

Moradores afirmam que mesmo áreas designadas por Tel Aviv como seguras também são alvos de ataques aéreos

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São Paulo

Militares de Israel intensificaram os ataques à Faixa de Gaza neste domingo (3), em especial na porção sul do território, um dia após apontarem áreas que dizem ser seguras para civis se abrigarem.

Durante a tarde, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa, Herzi Halevi, confirmou que a ação terrestre, outrora concentrada no norte, agora está também no sul da região. "Comandantes do Hamas vão se deparar com nossas forças por todo o lado."

Palestinos ao redor de destroços após ataque aéreo na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito
Palestinos ao redor de destroços após ataque aéreo na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito - Said Khatib/AFP

Os ataques foram especialmente intensos em Rafah, na fronteira com o Egito, e em Khan Yunis, cidades onde se refugiaram muitos palestinos do norte da faixa após um ultimato israelense do final de outubro. A última região, por exemplo, estava a 2 km de um local em que membros do Hamas entraram em confronto com tropas de Israel, de acordo com a facção palestina.

O Exército israelense a princípio havia ordenado que palestinos esvaziassem várias áreas no entorno de Khan Yunis. Depois, os militares publicaram mapas dividindo Gaza em quadrantes e marcando aqueles que seriam bombardeados e aqueles nos quais a população, em tese, deveria se abrigar.

Mas moradores disseram à agência de notícias Reuters que mesmo as áreas para as quais foram orientados a ir estavam sendo atacadas, e que as regiões ao sul onde não há bombardeios são cada vez mais reduzidas —as informações que não puderam ser confirmadas de forma independente. Muitos dos palestinos relataram ainda temer uma nova ofensiva por terra de Tel Aviv naquela região.

Tropas de Israel também voltaram a realizar ataques aéreos contra o campo de refugiados de Jabalia, este no norte de Gaza. Autoridades locais ligadas ao Hamas, que controla a faixa, disseram que houve dezenas de mortos e feridos, mas não detalharam as cifras.

O Ministério da Saúde de Gaza, também controlado pela facção, afirma que mais de 15,5 mil pessoas foram mortas na faixa palestina desde o início da guerra, cujo estopim foi uma invasão Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro que terminou com um massacre de civis nos chamados kibutzim.

Imagens obtidas pela Reuters mostram um menino com o corpo coberto de poeira das explosões sentado em meio a destroços do campo de Jabalia e lamentando por seu pai. "Ele foi martirizado", disse ele aos prantos, usando um termo comum entre os palestinos da região. O Hamas refere-se a todos os mortos como "mártires", sem fazer distinção entre combatentes e pessoas inocentes.

Em entrevista à rede ABC, o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, afirmou que Tel Aviv busca exercer "pressão militar para forçar o Hamas a fazer um acordo que leve à libertação de mais reféns". "E essa pressão continuará nos próximos dias e semanas."

Na véspera, no entanto, o grupo terrorista já havia dito que não planeja liberar mais reféns israelenses a não ser que a guerra chegue ao fim ou que Israel aceite um novo cessar-fogo que venha acompanhado da soltura de todos os palestinos hoje detidos em prisões de Israel.

Ainda neste domingo, o Qatar, um dos principais mediadores do atual conflito, também voltou a criticar Israel publicamente. O premiê e chanceler Abdulrahman bin Jassim al-Thani afirmou à rede Al Jazeera que seu país defende que haja uma investigação "global, imediata e imparcial" sobre as ações de Israel em Gaza, que afirma configurarem crimes.

Natural da Cidade de Gaza, capital e município mais populoso da faixa de terra homônima, Maher, 37, pai de três filhos, disse à Reuters que se mudou para Al-Karara, no sul, fugindo dos ataques no norte. Mas entre este sábado e este domingo, ele também teve de fugir de abrigos em Khan Yunis e em Rafah com a família devido aos ataques.

"Antes, costumávamos nos perguntar se morreríamos ou não nesta guerra, mas nos últimos dois dias desde sexta-feira, tememos que seja apenas uma questão de tempo", disse Maher por telefone à Reuters.

Funcionários da ONU e moradores disseram que era difícil obedecer às ordens de esvaziamento dos lugares dadas por Israel devido ao acesso irregular à internet e à inconsistência no fornecimento de eletricidade. Cerca de 1,8 milhão de pessoas, ou 80% da população de Gaza, fugiram de suas casas desde o início dos enfrentamentos, segundo o organismo multilateral.

Dos deslocados, mais de 400 mil buscaram abrigo em Rafah e quase 300 mil se abrigaram em Khan Yunis.

Em outra frente do atual conflito no Oriente Médio, também neste domingo rebeldes aliados do Irã no Iêmen, os houthis, reivindicaram a autoria de ataques aéreos que atingiram dois navios no mar Vermelho.

Os houthis chamaram as embarcações de "israelenses", ainda que por ora não haja confirmação pública de qualquer ligação dos navios com Tel Aviv, e disseram que o ataque foi feito após as embarcações terem "rejeitado os avisos da marinha do grupo".

No mês passado, um navio de carga ligado a Tel Aviv foi apreendido por rebeldes houthis, etnia xiita apoiada pelo Irã assim como os grupos Hamas, palestino, e o Hezbollah, libanês.

Com Reuters

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