Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Mostra em Tel Aviv recria cenário de rave atacada por Hamas no 7 de Outubro

Organizadores de festa de música eletrônica exibem objetos deixados para trás por participantes do evento no atentado

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Michael Blum
Tel Aviv | AFP

Barracas de camping vazias, garrafas abandonadas, uma caixa de som. Uma exposição temporária em Tel Aviv recria o cenário do festival de música eletrônica atacado pelo Hamas no 7 de Outubro em que 364 pessoas morreram.

Os familiares das vítimas foram convidados a visitar a mostra nesta quinta-feira (7), antes de sua abertura ao público geral. Enquanto caminhavam pela imensa sala mergulhada na escuridão, alguns começaram a chorar.

Barracas de camping e outros objetos que frequentadores de rave no deserto de Negev deixaram para trás durante invasão do Hamas são exibidos na mostra '06:29', em Tel Aviv - Gil Cohen-Magen/AFP

A exposição, criada pelos próprios organizadores do festival Supernova Universo Paralello, foi batizada de "06h29", uma referência à hora em que os alarmes soaram indicando a invasão.

Em uma tela, são projetados nomes e fotografias de cada uma das 364 pessoas mortos.

A alguns metros de distância, estão objetos que foram largados no local do evento: sapatos, chapéus, óculos, perfumes, chaveiros. Dezenas de peças estão expostas em cabides, como numa loja.

Familiares que encontrarem objetos que pertenciam a seus parentes podem reivindicá-los.

Entre os pais enlutados presentes antes da abertura estava Amit Zender, 63. Sua camiseta trazia a foto de sua filha Noa e as datas "2000-2023". "Vim ver como era o festival onde minha filha morreu", disse ele.

Zender diz apoiar a ideia de abrir um "museu permanente" para narrar os acontecimentos do 7 de Outubro, quando combatentes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas no sul de Israel, segundo as autoridades civis em sua maioria.

‘O dia mais difícil’

Mais de 3.000 pessoas compareceram ao festival Universo Parallelo Supernova, no deserto de Negev, a 5 km da Faixa de Gaza.

A festa deveria durar dois dias, mas no início do segundo dia, em 7 de outubro, às 6h29, as sirenes tocaram. Homens armados chegaram em carros e parapentes motorizados e começaram a disparar contra a multidão.

Os terroristas perseguiram por horas aqueles que tentaram fugir ou se esconderam em abrigos improvisados. Eles então sequestraram cerca de 40 pessoas e as levaram para Gaza.

Após o ataque, o local foi mantido intocado por vários dias. Dezenas de veículos carbonizados, além de barracas de camping, sacos de dormir, roupas e sapatos, podiam ser vistos ao longo de centenas de metros.

Os organizadores recriaram o mesmo cenário em Tel Aviv: sob árvores iluminadas por guirlandas de luzes, surge um acampamento vazio, com cadeiras viradas para baixo diante de barracas abertas.

Ao lado, há um bar com resquícios de uma festa. E ao redor, veículos queimados e banheiros químicos com marcas de tiros.

Nitzan Schlesinger, 27, disse que a exposição lhe deu a oportunidade "de manter contato com outras famílias que passaram pela mesma situação" que ele. Seu pai, Assaf Schlesinger, que era socorrista, cuidou dos feridos antes de ser morto pelos terroristas, contou.

Familiares das vítimas relatam que visitar a mostra foi uma experiência difícil.

"Meu irmão Idan Dor, de 25 anos, foi assassinado nesta festa e levaram oito dias para nos dizer que ele estava morto", contou uma jovem. "Ele amava dançar, mal tinha começado a vida, queria paz", lembrou.

"Vir aqui esta noite talvez tenha sido o dia mais difícil após a sua morte, porque vi o seu nome na entrada, os destroços dos veículos", disse. "Tudo se torna real."

O presidente de Israel, Isaac Herzog, que esteve presente na abertura, chamou aquele de um "espaço sagrado". Ele prometeu às famílias "nunca esquecer a beleza e a bondade de nossos entes queridos".

Na saída da exposição, um cartaz em inglês dizia: "Voltaremos a dançar".

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