Descrição de chapéu Rússia LGBTQIA+

Polícia de Moscou faz batidas em locais LGBT+ após Justiça rotular movimento de 'extremista'

Decisão da Suprema Corte, que atendeu a pedido do Ministério Público, aumentou temores de membros da comunidade

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Moscou | AFP

A polícia de Moscou realizou operações em vários bares e clubes noturnos voltados para a comunidade LGBTQIA+ de forma simultânea, informaram meios de comunicação locais neste sábado (2). Uma sauna exclusiva para homens também teria sido vistoriada.

As batidas ocorrem apenas dois dias após a Suprema Corte da Rússia proibir o que chama de "atividades do movimento global LGBT+" por suposto "extremismo", ação que abriu caminho para maior repressão.

Pessoas reunidas do lado de fora da Suprema Corte russa, em Moscou, no dia em que corte decidiu limitar atividades da comunidade LGBTQIA+ no país
Pessoas reunidas do lado de fora da Suprema Corte russa, em Moscou, no dia em que corte decidiu limitar atividades da comunidade LGBTQIA+ no país - Maxim Shemetov - 30.nov.23/Reuters

Em vídeo publicado pelo veículo russo Ostorozhno Novosti, a polícia aparece na entrada de um clube noturno na rua Malaia Iakimanka, onde ocorria uma festa com cerca de 300 pessoas. No Telegram, o veículo afirmou que policiais ingressaram com a justificativa de procurar drogas e que detiveram alguns dos presentes.

Uma testemunha não identificada relatou ao veículo que policiais interromperam a música e entraram em todas as salas do espaço, além de terem tirado foto dos documentos de identidade dos presentes.

Forças de segurança teriam realizado ações em pelo menos três bares durante a noite de sexta-feira (1º), informou o veículo Sota. Já o Ostorozhno Novosti informou que também realizaram uma batida em uma sauna para homens no centro da capital. As informações não puderam ser confirmadas de maneira independente.

Também na sexta, o Central Station de São Petersburgo, um dos clubes gays mais antigos da cidade, anunciou seu fechamento devido à decisão da Suprema Corte. A Rússia decretou em 2022 que o que chama de "propaganda LGBT" era ilegal para todos os públicos, proibindo, assim, a representação de pessoas dessas parcelas da sociedade na imprensa, na internet, nos livros e nos filmes.

Na mais recente decisão da Suprema Corte, na última quinta (30), o juiz presidente da sessão anunciou que endossava um pedido anterior do Ministério da Justiça para proibir as atividades do que autoridades russas interpretam como o "movimento social LGBT global".

A medida se somou a um padrão de restrições crescentes no país liderado por Vladimir Putin contra a orientação sexual e a identidade de gênero de seus cidadãos. Leis anteriores já proibiram relações sexuais que sejam consideradas não tradicionais —ou seja, que não sejam entre um homem e uma mulher— e proibiram a redesignação sexual, tanto por meios cirúrgicos quanto por recursos legais.

O alto comissário da ONU para direitos humanos, o austríaco Volker Türk, instou autoridades russas a revogarem, de forma imediata, leis que imponham restrições ou que discriminem pessoas LGBTQIA+ no país, em comunicado emitido pouco após a publicação da recente decisão do Supremo russo.

Há muito Putin critica publicamente a comunidade LGBT+. Em 2022, o presidente russo chegou a dizer que a comunidade era influenciada pelo Ocidente, onde "tendências bastante estranhas e novas, como dezenas de gêneros e paradas gay" vinham sendo adotadas.

Ainda assim, o Kremlin afirmou por meio de um porta-voz, pouco antes da decisão da Suprema Corte, que não estaria acompanhando o tema em debate.

Fora do tribunal de Moscou onde o pedido do Ministério Público foi chancelado pela mais alta corte do país, ativistas protestavam na quinta-feira. Ada Blakewell, uma mulher transexual, disse à agência Reuters que a decisão desmascarava as alegações russas de que, no país, não há discriminação contra pessoas LGBT+.

Ela afirmou que, durante um ano, foi submetida —contra sua vontade— às chamadas terapias de conversão, numa tentativa de convencê-la de que não era uma mulher transexual. "Na prática, após a adoção desta decisão judicial, não poderei nem sequer falar sobre terapia de conversão e sobre o que passei", lamentou ela.

Com Reuters

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