Descrição de chapéu América Latina Venezuela

Presidente da Guiana diz que Forças de Defesa estão em 'alerta total'

Segundo Irfaan Ali, militares guianeses estão em contato com 'parceiros' internacionais em meio à crise com Venezuela

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São Paulo

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, 43, afirmou que as Forças de Defesa do país estão em "alerta total" após o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenar que a petroleira estatal PDVSA conceda licenças para a extração de petróleo em Essequibo, território guianense rico em recursos naturais, segundo a rede britânica BBC.

Irfaan Ali descreveu a medida do regime venezuelano como "uma ameaça direta" e acrescentou que as Forças Armadas guianeses estão em contato com "parceiros" internacionais para monitorar a crise, incluindo autoridades dos Estados Unidos. O presidente disse ainda que recorrerá ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar a situação.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, durante cúpula em Bruxelas, na Bélgica
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, durante cúpula em Bruxelas, na Bélgica - Johanna Geron - 17.jul.23/Reuters

O governo americano reiterou sua oposição a um conflito militar entre Venezuela e Guiana nesta quarta, em aparente recado a Maduro, que inflamou nos últimos dias seus discursos pela anexação do território vizinho. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, disse que a crise é preocupante e que Washington acompanha a situação de "muito perto".

A disputa entre os vizinhos agravou nesta terça (5), quando Maduro deu o passo inicial para a anexação e exploração de Essequibo. Além da concessão de licenças para a extração de recursos, o ditador propôs uma lei que prevê a criação de uma província venezuelana no território guianense.

Autoridades vêm manifestando o temor de que o plebiscito organizado pelo regime venezuelano no domingo (3) dê a Maduro o ímpeto de invadir o vizinho, ainda que especialistas afirmem que essa possibilidade é pequena. Na votação, 96% dos eleitores do país se manifestaram a favor da criação de uma nova província em Essequibo e da concessão de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região.

Diante desse cenário, o Brasil decidiu antecipar o envio de 16 blindados para Boa Vista (RR), na fronteira com a Venezuela. O Itamaraty, no entanto, diz acreditar que o risco de um potencial conflito entre os dois países seja baixo. A movimentação militar é vista apenas como uma estratégia de dissuasão diante das iniciativas de Maduro.

Numa tentativa de arrefecer a crise, os chanceleres venezuelano, Yván Gil, e guianense, Hugh Todd, conversaram pela primeira vez sobre Essequibo desde o agravamento da disputa. As partes teriam concordado em "manter os canais de comunicação abertos" e manifestado a "necessidade de deter as ações que possam agravar a controvérsia", segundo comunicado do regime venezuelano.

Embora tenha feito acenos ao governo vizinho, o regime venezuelano reafirmou seu posicionamento sobre Essequibo. "[Na conversa] a parte venezuelana aproveitou para atualizar a Guiana sobre a participação avassaladora que a consulta popular teve, gerando um mandato inapelável", acrescentou a nota divulgada por Caracas após o presidente guianense questionar a real participação do eleitorado.

Caracas argumenta que a fronteira venezuelana deve ser estabelecida com base no rio Essequibo, como foi no século 18. Também menciona o acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899 que fixou os limites atuais.

A Guiana defende o laudo de 1899 e pede que o texto seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdição Caracas não reconhece

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