Telefone de príncipe Harry foi hackeado por tabloide, decide tribunal no Reino Unido

Caso histórico dá vitória a filho de rei Charles; empresa pede 'desculpas incondicionais' e assume 'total responsabilidade'

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São Paulo

O telefone do príncipe Harry foi hackeado nos anos 1990 por um tabloide britânico, decidiu um tribunal de Londres, nesta sexta-feira (15), em uma vitória da realeza contra a imprensa que cobre celebridades no Reino Unido.

De acordo com a sentença do juiz, Harry foi vítima de escutas telefônicas e outras práticas ilegais de obtenção de informações por parte de jornalistas do Mirror Group Newspapers —editora que publica os jornais The Mirror, Sunday Mirror e Sunday People e que deverá indenizá-lo com £ 140.600 (R$ 877.200) por perdas e danos.

O príncipe Harry sai de tribunal em Londres após depoimento - Toby Melville - 7.jun.2023/Reuters

"Considero que seu telefone foi hackeado apenas de forma modesta e que, provavelmente, foi controlado cuidadosamente por algumas pessoas em cada jornal", afirmou o juiz Timothy Fancourt na decisão. A maior parte das ações descritas no caso ocorreu entre 1991 e 2011, quando Harry era o terceiro na linha de sucessão ao trono britânico, atrás do pai, o rei Charles, e do irmão mais velho, William.

O príncipe, que em junho se tornou o primeiro membro proeminente da realeza em 130 anos a testemunhar em um tribunal, sustenta que 140 matérias publicadas nos jornais da editora foram fruto de obtenção ilegal de informações. O julgamento considerou apenas 33 delas, e o juiz decidiu que ações ilegais entre 2004 e 2009 contribuíram para 15.

O príncipe celebrou a condenação e prometeu continuar se defendendo nos tribunais contra a imprensa. "A sentença proferida hoje me dá confiança", afirmou seu advogado, David Sherborne, em nome do duque de Sussex. Harry, que ao lado de sua mulher, Meghan Markle, está envolvido em vários processos judiciais contra tabloides britânicos, termina o texto garantindo que não desistirá de seus esforços. "A missão continua", disse.

A sua batalha contra os meios de comunicação contrasta com a postura normalmente reservada da família real e abre precedentes para outras responsabilizações dos tabloides britânicos.

Em seu depoimento, que teve mais de sete horas de duração, o príncipe afirmou que as publicações o fizeram desconfiar de amigos próximos e, em provas escritas, afirmou que editores e jornalistas tinham "sangue nas mãos" —a mãe de Harry, Diana, morreu em um acidente de carro em 1997, após ser perseguida por fotógrafos em Paris.

Não foram produzidas evidências concretas de uma escuta telefônica, e o juiz precisou decidir se reportagens altamente detalhadas sobre a vida privada de Harry seriam uma prova de que os jornais usaram métodos ilegais para obter informações.

Um advogado do Mirror Group, Andrew Green, alegou que muitas das informações que Harry dizia terem sido obtidas ilegalmente vinham de outras fontes, como assessores de imprensa da família real. O juiz, porém, decidiu que havia provas suficientes para demonstrar que a escuta telefônica provavelmente havia acontecido —o que bastou para a condenação, por se tratar de um caso civil.

Após a decisão, o grupo editorial reconheceu sua culpa nos acontecimentos. "Quando ocorrem irregularidades históricas, pedimos desculpas sem reservas, assumimos toda a responsabilidade e pagamos uma indenização adequada", escreveu o grupo editorial.

O editor do jornal britânico Daily Mirror "pediu desculpas incondicionais" após a decisão. "Recebemos com satisfação a decisão de hoje, que dá à empresa a clareza necessária para seguir em frente a partir de eventos que ocorreram há muitos anos", disse um porta-voz do grupo. "Onde ocorreram erros históricos, pedimos desculpas incondicionais, assumimos total responsabilidade e pagamos a compensação apropriada."

Com Reuters, AFP e The New York Times

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