Descrição de chapéu China

China promete 'esmagar' qualquer plano de independência de Taiwan

Partido que rejeita reivindicações territoriais de Pequim busca 3º mandato na Presidência da ilha em eleição neste sábado (13)

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Taipé | Reuters

O Ministério da Defesa da China disse nesta sexta-feira (12) que vai "esmagar quaisquer planos de independência de Taiwan". A declaração ocorre na véspera das eleições na ilha, nas quais o Partido Progressista Democrático (DPP), contrário às reivindicações territoriais de Pequim, busca um terceiro mandato na Presidência.

"O Exército de Libertação do Povo Chinês permanece em alerta máximo o tempo todo e tomará todas as medidas necessárias para esmagar absolutamente qualquer plano separatista de 'independência de Taiwan' e defender firmemente a soberania nacional e a integridade territorial", disse o porta-voz do ministério, Zhang Xiaogang, em um comunicado.

O ex-primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, fala em frente a uma tela que mostra Lai Ching-te, candidato presidencial do Partido Democrático Progressista, atualmente no poder - Sam Yeh/AFP

Ao responder a uma pergunta sobre a modernização dos caças F-16 da Força Aérea de Taiwan e a compra de mais aeronaves dos Estados Unidos, Xiaogang disse também que, mesmo com as compras de armas do país norte-americano, o DPP "não pode deter a tendência de completa reunificação da pátria".

O partido, representado pelo atual vice-presidente, Lai Ching-te, na corrida pela liderança do território, rejeita as reivindicações de soberania da China e afirma que apenas o povo de Taiwan pode decidir seu futuro. Durante a campanha, a China criticou repetidamente Lai e rejeitou repetidos pedidos dele por diálogo.

Também nesta sexta, dezenas de milhares de pessoas participam dos últimos comícios em Taiwan, uma ilha com governo autônomo, mas que Pequim considera uma província rebelde. O território tem tido sucesso na manutenção de seu regime democrático desde a realização de sua primeira eleição presidencial direta, em 1996, após décadas de luta contra o regime autoritário chinês.

Pequim, que nunca renunciou ao uso da força para controlar Taiwan, apresentou as eleições como uma escolha entre "a paz e a guerra" e chamou os membros do DDP de separatistas perigosos, instando os taiwaneses a fazerem a "escolha certa".

Lai, por sua vez, diz que está comprometido em preservar a paz no território, mas acusou a China de buscar interferir na votação espalhando desinformação e exercendo pressão militar e econômica na ilha.

Lai está enfrentando dois oponentes para a presidência —Hou Yu-ih, do maior partido de oposição de Taiwan, o Kuomintang (KMT), ou Partido Nacionalista da China, e o ex-prefeito de Taipé, Ko Wen-je, do pequeno Partido do Povo de Taiwan (TPP), fundado em 2019. Este último busca romper a política bipartidária que vigora na China.

"Esse status quo político levou a uma onda crescente de pessoas esperando por reformas. Também empurrou o TPP, que representa a terceira força de Taiwan, para o palco da política de Taiwan", disse Ko a repórteres estrangeiros em Taipé nesta sexta.

O candidato conquistou uma base de apoio apaixonada, especialmente entre os jovens eleitores, por focar em questões básicas como o alto custo da moradia. Ele também deseja se engajar novamente com a China, mas insiste que isso não pode ser feito em detrimento da proteção da democracia e do modo de vida de Taiwan.

Caso vença, Hou também deseja reiniciar o engajamento com a China, com a qual divide a ideia de que Lai apoia a independência formal de Taiwan. Lai, por sua vez, diz que Hou é pró-Pequim, acusação que o candidato rejeita.

Tanto o KMT quanto o TPP afirmam que Taiwan precisa de uma mudança de governo após oito anos de governo do DPP, embora um esforço das duas partes no final do ano passado para formar uma chapa conjunta tenha fracassado.

O governo da ilha acredita que Pequim tentará exercer pressão sobre seu próximo presidente com a realização de manobras militares perto do território, disseram dois altos funcionários à agência de notícias Reuters.

As urnas abrirão às 8h locais e fecharão às 16h, quando começa a contagem de votos à mão. O resultado deve ficar claro no final da noite de sábado.


A linha do tempo de Taiwan

1601-1682
Ilha não tem autoridade central. É parcialmente ocupada por europeus por algumas décadas

1683-1894
Torna-se parte da China sob a dinastia Qing

1895
Torna-se colônia do Império do Japão após ele vencer a primeira guerra sino-japonesa

1945
Japão, obrigado a ceder todos os seus territórios no exterior após a Segunda Guerra Mundial, devolve a ilha à então República da China

1949
Governo da República da China se transfere para a ilha após o Partido Nacionalista (Kuomintang, KMT), de Chiang Kai-shek, ser derrotado na guerra civil pelo Partido Comunista, de Mao Tse-tung; no fim dos anos 1940, chineses de diversas províncias continentais migram para a ilha (hoje eles respondem por 15% da população) e juntam-se aos descendentes de grupos continentais que migraram das províncias de Fujian e Guandong sobretudo entre os séculos 14 e 17 (hoje 80% dos habitantes).

1950-1959
Com apoio dos EUA, a República da China implementa uma reforma agrária que abre caminho para maior produção agrícola e crescimento econômico; prosperidade rural estimula o desenvolvimento industrial e urbano

1960-1969
Investimentos da década anterior levam a um "milagre econômico", com taxas anuais de crescimento do PIB que chegam a dois dígitos

1971
República da China, conhecida como China nacionalista, perde sua cadeira na ONU para a República Popular da China, ou China comunista, e ilha passa a ser tratada por Taiwan ou Formosa; industrialização voltada para exportação se acelera nos anos 1970, partindo de têxteis para aparelhos eletrônicos

1985
Ministro Li Kwoh-ting contrata o executivo Morris Chang para comandar a expansão de chips na ilha, segundo a lenda dizendo a ele "queremos uma indústria de semicondutores; de quanto dinheiro precisam?"; a TSMC é fundada dois anos depois

1987
É suspensa a lei marcial vigente desde 1949 e começa a democratização da ilha

1992
Dois lados do estreito aceitam o princípio de "uma China", mas podendo definir separadamente o que é China

1996
Primeiras eleições presidenciais culminam com vitória do KMT

2000
Primeira vitória do Partido Democrático Progressista inicia a alternância no poder; dois mandatos de Chen Shui-bian terminam marcados por corrupção, conflitos étnicos e deterioração das relações com China e com EUA

2008
Efeitos da crise financeira nos EUA atingem taxas anuais de crescimento, que caem de patamar a partir de então

2014-2015
Então em fim de mandato, presidente Ma Ying-jeou (KMT) vê seu projeto de acordo comercial com a China ser inviabilizado por protestos estudantis

2016
Tsai Ing-wen (PDP) é eleita presidente; seus dois mandatos são marcados por redução de contatos com a China de Xi Jinping e aproximação com os EUA de Donald Trump, incluindo por meio da compra de caças, mísseis e tanques americanos

2022
A então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visita Taiwan, ampliando a deterioração nas relações com Pequim, que cerca a ilha e depois passa a fazer exercícios militares intermitentes

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