China faz exercícios militares em volta de Taiwan após visita de vice aos EUA

Segundo governo da ilha, aeronaves cruzaram linha que servia como barreira entre forças rivais

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Taipé | Reuters

A China iniciou exercícios militares ao redor de Taiwan neste sábado (19, noite de sexta no Brasil), no que chamou de "aviso sério" em reação à visita do vice-presidente William Lai aos EUA. Na segunda (14), Pequim já havia prometido "ações contundentes" à viagem do favorito à disputa presidencial de janeiro.

Lai voltou a Taiwan nesta sexta. Embora tenha feito discursos nos EUA, ele diz oficialmente que apenas realizou escalas no trajeto para participar da posse do presidente Santiago Peña, do Paraguai, único país sul-americano a manter relações com a ilha, vista pela China como uma província rebelde.

Tela exibe imagem de embarcação da Marinha da China durante exercício militar próximo a Taiwan
Tela exibe imagem de embarcação da Marinha da China durante exercício militar próximo a Taiwan - Tingshu Wang/Reuters

O comando do Exército de Libertação do Povo, responsável pela área ao redor de Taiwan, confirmou em comunicado a realização de patrulhas e exercícios conjuntos naval e aéreo ao redor da ilha.

A nota também informou que os testes tratam de coordenação entre navios e aeronaves e tomada de controle, para testar as "capacidades de combate real" das forças. "Isso é um aviso sério contra as forças separatistas de Taiwan que estão se aliando a forças externas com o intuito de provocar", diz o texto.

O comando divulgou imagens supostamente feitas no sábado, mostrando caças J-16 e J-10 e um contratorpedeiro naval. A operação incluiu também fragatas e barcos com mísseis de ataque rápido, bem como caças e aeronaves de alerta precoce. A força diz ter realizado "o cerco omnidirecional da ilha".

O Ministério da Defesa de Taiwan, por sua vez, disse ter detectado 42 aeronaves chinesas e oito navios ao redor da ilha e que enviou navios e aeronaves em reação. Segundo a pasta, 26 aviões chineses cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan, que, por décadas, serviu como barreira não oficial entre as forças.

"Os exercícios militares da China não apenas não contribuem para a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan como ressaltam a mentalidade militar [de Pequim]", afirmou o Ministério da Defesa da ilha.

O Conselho de Assuntos do Interior do governo, que faz a política de Taiwan para a China, instou Pequim a parar as intimidações e a iniciar negociações, dizendo que a população está determinada a se defender e nunca sucumbirá a ameaças. "A República da China, Taiwan, é um país soberano e tem o direito legítimo e legal de conduzir interações diplomáticas normais com países amigos", acrescentou em comunicado.

Autoridades em Taipé haviam adiantado que a China provavelmente realizaria exercícios militares nesta semana perto da ilha, usando a viagem de Lai aos Estados Unidos como pretexto para intimidar eleitores antes das eleições presidenciais marcadas para o início do próximo ano e fazê-los "temer a guerra".

Ainda assim, a demonstração de força de Pequim após o retorno de Lai é consideravelmente menor que os exercícios conduzidos em abril deste ano, quando as manobras foram postas em prática em uma simulação de "cerco total" da ilha, após a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, visitar os Estados Unidos.

Ainda neste sábado, o chanceler de Taiwan, Joseph Wu, postou na plataforma X, o ex-Twitter, que a China quer moldar a eleição da ilha, mas que cabe ao povo decidi-la. "Não ao valentão da porta ao lado", postou. "A China deveria realizar suas próprias eleições; tenho certeza de que seu povo ficaria emocionado."

Os exercícios militares foram acompanhados de vários artigos da imprensa estatal condenando Lai. A agência oficial de notícias Xinhua, por exemplo, o chamou de mentiroso. O Escritório de Trabalho de Taiwan do Partido Comunista da China disse, por sua vez, que a viagem era "um disfarce que ele usou para vender os interesses de Taiwan a fim de buscar ganhos na eleição por meio de movimentos desonestos".

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