Condenado à morte por assassinar uma mulher nos Estados Unidos em 1988, Kenneth Smith foi executado no Alabama nesta quinta-feira (26) com gás nitrogênio, a primeira utilização do novo método de pena de morte desde que as injeções letais foram adotadas no país norte-americano, há quatro décadas.
Smith já havia sobrevivido a uma tentativa de execução em novembro de 2022, quando funcionários abortaram sua execução por injeção letal depois de tentarem por horas inserir a agulha de uma linha intravenosa em seu corpo.
O estado chamou seu novo protocolo de "o método de execução mais indolor e humano conhecido pelo homem". A previsão era que Smith perdesse a consciência em menos de um minuto e morresse logo em seguida, embora testemunhas tenham dito que a morte levou mais tempo.
O Alabama promove a asfixia como uma alternativa mais simples para sistemas prisionais que têm dificuldade em encontrar as drogas necessárias para as injeções letais.
Grupos de direitos humanos, especialistas em combate à tortura das Nações Unidas e advogados de Smith tentaram impedir, argumentando que o método era arriscado, experimental e poderia levar a uma morte agonizante ou a uma lesão não fatal.
Na segunda e última visita de Smith à câmara de execução, nesta quinta (25), os executores o prenderam em uma maca e fixaram uma máscara respiratória de segurança industrial em seu rosto. Um cilindro de nitrogênio puro foi conectado à máscara que, uma vez ativado, privou-o de oxigênio.
A execução começou às 19h53 locais (22h53 de Brasília), e Smith foi declarado morto 32 minutos depois, disseram autoridades prisionais.
O prisioneiro parece ter ficado consciente por vários minutos depois que o nitrogênio foi ativado, de acordo com cinco jornalistas que foram autorizados a assistir à execução.
Embora a máscara também estivesse presa à maca, ele começou a balançar a cabeça e se contorcer por cerca de dois minutos e, em seguida, foi visto respirando profundamente por vários minutos antes de sua respiração diminuir e se tornar imperceptível, disseram as testemunhas.
"Parecia que Smith estava prendendo a respiração o máximo que podia", disse o comissário de correções de Alabama, John Hamm, em uma entrevista coletiva. "Ele lutou um pouco contra as restrições, mas é um movimento involuntário e uma respiração agonizante. Então, tudo isso era esperado."
O reverendo Jeff Hood, conselheiro espiritual de Smith, estava ao lado de Smith durante a execução e disse que os funcionários da prisão na sala "ficaram visivelmente surpresos com o quão ruim isso foi".
"O que vimos foram minutos de alguém lutando por sua vida", disse Hood aos repórteres. "Vimos minutos de alguém se contorcendo para frente e para trás. Vimos cuspe. (...) Vimos a máscara amarrada à maca, e ele puxando a cabeça para frente repetidamente."
Antes de ligar o nitrogênio, Smith fez uma longa declaração final. "Hoje à noite, Alabama fez a humanidade dar um passo para trás", afirmou. Ele também acenou a sua esposa e a outros parentes, que estavam presentes. "Estou partindo com amor, paz e luz", disse, de acordo com testemunhas da mídia. "Amo todos vocês."
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