Mais países cortam repasses a agência da ONU para palestinos após denúncia de elo com Hamas

Reino Unido e Itália se juntam a EUA após UNRWA demitir funcionários suspeitos de envolvimento no 7 de outubro

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São Paulo

A lista de países que suspenderam o financiamento para a UNRWA cresceu neste sábado (27), um dia depois de a agência da ONU para refugiados palestinos afirmar ter demitido funcionários suspeitos de envolvimento na ofensiva lançada pelo Hamas contra Israel no dia 7 de outubro.

Ao anunciar a interrupção temporária do fluxo de recursos, o Reino Unido disse estar "consternado com as alegações". A Itália seguiu pelo mesmo caminho, embora o chanceler do país, Antonio Tajani, não tenha citado a denúncia, apresentada à UNRWA por autoridades israelenses, ao se pronunciar.

O Comissário-Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, participa de conferência humanitária internacional em Paris, na França - Ludovic Marin - 9.nov.2023/via Reuters

A Finlândia foi mais clara e disse ter sido motivada pelas acusações. "Temos de garantir que nem um único euro da Finlândia vai para o Hamas ou outros terroristas", afirmou. O país nórdico tem um acordo com a UNRWA de transferência de € 5 milhões (R$ 27 milhões) anuais para a agência até 2026. A Austrália e a Holanda tomaram a mesma medida.

As nações se juntam a um rol inaugurado por Estados Unidos e Canadá na sexta-feira (26). A UNRWA não divulgou as identidades ou o número de funcionários demitidos, mas o Departamento de Estado indicou que eles são 12.

O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, incentivou mais países a cortarem o financiamento do órgão e defendeu que ele seja reformulado após o fim da guerra, substituído pelo que descreveu como "agências dedicadas à paz e ao desenvolvimento genuíno" em postagem no X.

Enquanto isso, representantes da Autoridade Nacional Palestina (ANP), espécie de governo transitório reconhecido pela comunidade internacional que hoje controla apenas partes da Cisjordânia, criticaram o que chamaram de campanha israelense contra a UNRWA, e o Hamas condenou o término dos contratos dos funcionários "com base em informações que vieram do inimigo sionista".

Para o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, a suspensão de ajuda por parte dessas nações implicará grandes riscos políticos e humanitários para os territórios palestinos. "Apelamos aos países que anunciaram a interrupção do seu apoio à UNRWA para reverterem imediatamente a decisão", afirmou ele.

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, declarou que uma investigação sobre o caso foi aberta. "Qualquer funcionário da UNRWA envolvido em atos de terrorismo será responsabilizado, inclusive por meio de processo criminal", disse.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi informado sobre as acusações e "está horrorizado com a notícia", disse seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

Estabelecida em 1949, após a primeira guerra árabe-israelense, a UNRWA oferece ajuda humanitária a palestinos na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano. Autoridades israelenses acusam a agência de fomentar sentimentos anti-Israel, o que a organização nega.

Em janeiro, a UN Watch, que monitora as ações da ONU, divulgou um relatório no qual dizia que professores da UNRWA celebraram os ataques terroristas de 7 de outubro em um grupo de 3.000 pessoas no Telegram. "Este é o núcleo de todas as incitações dos professores da UNRWA ao terrorismo jihadista", afirmou na ocasião Hillel Neuer, diretor-executivo da ONG.

Com Reuters

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