Secretário de Defesa dos EUA se hospitaliza sem que Biden saiba

Lloyd Austin foi internado e submetido a procedimento e segue em centro hospitalar militar; Casa Branca descarta destituí-lo

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Washington | The New York Times

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está sob pressão pública crescente para explicar por que altos funcionários da administração de Joe Biden, além de deputados e senadores —e mesmo o próprio presidente— não foram informados sobre a recente hospitalização do secretário da pasta, Lloyd Austin, 70.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Aunstin, durante audiência no Congresso, em Washington
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Aunstin, durante audiência no Congresso, em Washington - Brendan Smialowski - 11.mai.22/AFP

O ex-presidente Donald Trump, até aqui o candidato com maior força para vencer as primárias republicanas e concorrer à Casa Branca, disse que Austin deveria ser demitido por "conduta profissional inadequada e abandono do dever". "Ele está desaparecido há uma semana e ninguém, incluindo seu chefe, tinha a menor ideia de onde ele estava ou poderia estar", escreveu Trump na Truth, a sua rede social.

Já o ex-vice-presidente Mike Pence, que chegou a dizer que concorreria nas primárias republicanas, mas depois desistiu, chamou o atraso de Austin em divulgar sua hospitalização de "omissão de dever".

Os deputados Mike Rogers e Adam Smith, principais republicano e democrata no Comitê de Serviços Armados da Câmara, respectivamente, disseram no domingo (7) que estavam "preocupados com a forma como a divulgação da condição do secretário foi tratada".

Segundo eles, há várias perguntas sem respostas. A saber: qual foi o procedimento médico e quais as possíveis complicações resultantes; qual é o estado de saúde atual do secretário; como e quando a delegação das responsabilidades do secretário foi feita; e o motivo do atraso na notificação ao presidente e ao Congresso.

Austin está no Centro Nacional de Medicina do Exército Walter Reed, em Bethesda, no estado de Maryland, desde a semana passada. No domingo, ele já estava fazendo ligações e recebendo atualizações operacionais, e "se recuperava bem e [estava] de bom humor" segundo o porta-voz do Pentágono, o Major General Patrick Ryder.

Em resposta a perguntas do The New York Times, Ryder disse que Austin passou por um procedimento médico eletivo (não considerado de urgência) no último dia 22, dois dias depois de retornar de uma viagem de cinco dias ao Oriente Médio, e voltou para casa no dia 23.

Após sentir "dor intensa" em 1º de janeiro, ele foi levado para o hospital e internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Não há data para que ele volte para casa, disse o Pentágono, mas já nesta segunda-feira (8) ele saiu da UTI. Ele segue, porém, sob supervisão médica.

Autoridades do Pentágono se esforçaram no final de semana para montar uma explicação sobre quem sabia o quê. Um militar do alto escalão disse que o general Charles Brown, chefe do Estado-Maior Conjunto e o oficial mais graduado do país, foi informado por sua equipe na terça-feira (2) sobre a hospitalização de Austin.

Mas muitos membros da equipe mais próxima do secretário no Pentágono não foram informados, disseram autoridades, e o próprio presidente não foi informado até a quinta-feira (4), três dias depois que o secretário tinha sido hospitalizado.

No sábado à noite, Austin emitiu uma espécie de pedido de desculpas. "Reconheço que poderia ter feito melhor garantindo que o público fosse informado adequadamente", disse ele. "Comprometo-me a melhorar."

Ao longo desta segunda-feira, tanto o Pentágono quanto a Casa Branca emitiram comunicados afirmando que não está nos planos de Lloyd Austin renunciar ao cargo, e tampouco nos planos de Joe Biden destituí-lo do posto.

Austin está logo abaixo de Biden no topo da cadeia de comando das Forças Armadas dos EUA, e suas funções exigem que ele esteja disponível a qualquer momento para responder a qualquer crise de segurança nacional.

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