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Biden estreia no TikTok e brinca sobre teoria da conspiração do Super Bowl

Em meio a campanha pela Casa Branca, presidente tenta mais uma maneira de reconquistar eleitores jovens

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Reid J. Epstein Sapna Maheshwari
The New York Times

O presidente Joe Biden manipulou o Super Bowl para que o Kansas City Chiefs vencesse?

"Eu me meteria em problemas se te contasse", brincou Biden na primeira postagem de sua campanha no TikTok, a plataforma de mídia social de propriedade chinesa que possui 170 milhões de usuários nos Estados Unidos, ainda que poucos políticos de alto escalão do país.

O vídeo então cortou para uma imagem do meme "Dark Brandon" —outra tentativa de reverter uma teoria da conspiração de direita.

A chegada de Biden ao TikTok e a natureza descontraída de sua postagem apontaram para seus contínuos esforços para reconstruir seu apoio entre os jovens eleitores americanos.

Depois de semanas em que seus assessores haviam sugerido que ele se juntaria à plataforma, sua campanha apertou o botão em seu primeiro vídeo durante o Super Bowl na noite deste domingo (11).

O clipe de 30 segundos mostrava o presidente evitando perguntas de um interrogador fora da tela.

Quem venceria o grande jogo? (Ele evitou a pergunta e mencionou o fanatismo de Jill Biden pelo Philadelphia Eagles.)

Qual irmão Kelce ele preferia? (Novamente, uma resposta diplomática: "Mama Kelce".)

E ele era responsável por uma vasta teoria da conspiração levantada pela extrema direita, segundo a qual a Casa Branca e a NFL haviam conspirado para que os Chiefs vencessem o jogo e de alguma forma ajudassem sua campanha de reeleição? (Nisso, apareceu "Dark Brandon", meme em que o presidente aparece com um brilho sobrenatural ou raios laser vermelhos saindo de seus olhos e ao qual a Casa Branca tem aderido)

Recortes do meme Dark Brandon exibidos em frente ao Adrienne Arsht Center for the Performing Arts, onde ocorreu um debate das primárias presidenciais republicanas em Miami, na Flórida
Recortes do meme Dark Brandon exibidos em frente ao Adrienne Arsht Center for the Performing Arts, onde ocorreu um debate das primárias presidenciais republicanas em Miami, na Flórida - Mandel Ngan - 8.nov.23/AFP

Entrar no TikTok é uma mudança brusca para a campanha de reeleição de Biden, que dizia que não precisava de sua própria conta no TikTok para alcançar eleitores e que trabalharia por meio de influenciadores.

A mudança também traz um grau de risco: o TikTok é de propriedade da empresa chinesa ByteDance e é proibido em dispositivos governamentais na maioria dos estados e em nível federal.

Republicanos, especialmente, mas também democratas e especialistas em segurança nacional, levantaram preocupações sobre o controle que o regime autoritário da China poderia exercer sobre os dados e o conteúdo da plataforma mostrados aos americanos. O TikTok contestou essas preocupações.

A campanha de Biden disse que estava tomando "precauções avançadas de segurança em torno de nossos dispositivos e incorporando um protocolo de segurança sofisticado para garantir a segurança".

Essa cautela contribuiu para a relutância dos políticos e suas campanhas em aderir ao TikTok, apesar da crescente influência do aplicativo. Em dezembro, apenas 37 membros do Congresso estavam no aplicativo, e não havia contas oficiais @POTUS (sigla em inglês para presidente dos EUA), Casa Branca ou Biden 2024.

Entre os candidatos republicanos, apenas Vivek Ramaswamy tinha sua própria conta. Ele desistiu da corrida no mês passado.

O aplicativo, antes conhecido por vídeos de dança viral, tornou-se cada vez mais uma fonte de notícias e informações, especialmente para os mais jovens. Cerca de 14% dos adultos americanos disseram que obtinham regularmente notícias do TikTok no ano passado, em comparação com 3% em 2020, segundo o Pew Research Center.

No mês passado, os funcionários da campanha de Biden comemoraram quando um vídeo do TikTok feito por um adolescente da Carolina do Norte, cuja casa Biden visitou, atraiu milhões de visualizações.

Se a campanha de Biden pode fazer o presidente de 81 anos parecer legal na plataforma ainda é uma questão em aberto. Na postagem de domingo, Biden usava calças caqui e um suéter azul com zíper de quarto, com um microfone preso ao zíper.

As perguntas foram feitas por Rob Flaherty, um vice-gerente de campanha, de acordo com um funcionário da campanha.

"A estreia de TikTok do presidente na noite passada é prova positiva de nosso compromisso e sucesso em encontrar novas maneiras inovadoras de alcançar os eleitores", disse Flaherty.

Abraçando outro meme, este sobre a suposta fascinação dos homens pela Roma antiga, ele acrescentou: "Eu suponho que você poderia dizer que nosso Império Romano está encontrando eleitores onde quer que eles estejam".

Com outra postagem no TikTok na segunda-feira, a campanha sinalizou os tipos de questões que planeja destacar durante todo o ano, compartilhando uma breve compilação de trechos do ex-presidente Donald Trump se vangloriando de seu papel na revogação de Roe v. Wade, que garantia o direito constitucional ao aborto.

Embora o TikTok não permita publicidade política paga, várias campanhas têm usado com sucesso o aplicativo para construir um relacionamento com potenciais eleitores e ajudar a vencer eleições. O senador John Fetterman, democrata da Pensilvânia, por exemplo, contou com o TikTok entre as ferramentas que usou para derrotar o Dr. Mehmet Oz nas eleições de meio de mandato de 2022.

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