Bombardeio a cidade ocupada na Ucrânia deixa 28 mortos, diz Rússia

Moscou diz que armamentos usados foram fornecidos por Ocidente; Kiev não comenta

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Moscou | Reuters

Ao menos 28 pessoas, incluindo nove mulheres e uma criança, morreram em um bombardeio que atingiu uma padaria em Lisitchansk, cidade sob controle russo em Lugansk, no leste da Ucrânia, no sábado (3).

O Ministério de Emergências de Moscou disse que dez pessoas foram retiradas dos escombros com vida, enquanto outras quatro estavam em "estado extremamente grave". Kiev não comentou o ataque.

Foto mostra casa branca semidestruída, com destroços à frente, e um guindaste erguendo um veículo
Um guindaste ergue veículo destruído dos destroços em Lysychansk, na Ucrânia, região controlada pelos russos. - Serviço de emergências da Rússia/via REUTERS

Autoridades locais ligadas ao Kremlin atribuíram a ofensiva às forças ucranianas. Segundo os russos, o local, que no momento do ataque estaria lotado de civis, foi atingido por armamentos fornecidos pelos Estados Unidos, o sistema Himars especificamente. A reportagem não pôde verificar a informação.

A porta-voz da chancelaria russa Maria Zakharova usou as suspeitas do uso de artefatos americanos para dizer que o Ocidente deveria repensar seu apoio financeiro ao esforço de guerra de Volodimir Zelenski.

"Os cidadãos da União Europeia (UE) devem saber como seus impostos são usados: para comprar sistemas de armas letais e enviá-los a Kiev, que os usa para matar civis", disse ela.

Zakharova aparentemente fazia referência à aprovação, pela UE, de um pacote de 50 bilhões de euros (R$ 267 bilhões na cotação atual) em ajuda financeira para o país invadido, ocorrida na quinta-feira (1º).

Foi a primeira boa notícia para Zelenski em meses —em dezembro, o Congresso americano rejeitou a proposta de um auxílio de US$ 61 bilhões (R$ 302 bilhões hoje) para os ucranianos em 2024. Em janeiro, a Casa Branca anunciou que não tinha mais como encaminhar fundos a Kiev ou enviar ajuda militar direta, por meio de transferência de armamentos.

O governo russo assumiu o controle de partes do leste da Ucrânia depois que o presidente Vladimir Putin ordenou, quase dois anos atrás, uma invasão ao país vizinho, desencadeando a maior guerra terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia hoje ocupa cerca de 18% do território ucraniano —pedaço este que ela considera seu, sobretudo depois de organizar um plebiscito de anexação das áreas considerado ilegal pela maior parte da comunidade internacional.

Com base em características como arquitetura e cor do prédio destruído e a uma placa de rua que corresponde a imagens de arquivo da área, a reportagem confirmou a autenticidade da localização de um vídeo compartilhado pelo Ministério de Emergências russo: no Google Maps, ele aparece como o restaurante Adriatic, situado na rua Moskovska, em Lisitchansk. A data das imagens e outros detalhes não puderam ser verificadas, no entanto.

A região de Lugansk foi anexada pela Rússia em julho de 2022, após meses de intensos combates. Apenas cerca de 10% dos 110 mil habitantes que viviam lá antes do conflito permanecem na cidade, de acordo com autoridades ucranianas.

Embora a Ucrânia tenha retomado uma parte do território das forças russas em 2022, sua contraofensiva de 2023 não conseguiu avançar de forma significativa, e há um debate entre os aliados de Kiev no Ocidente sobre que estratégias o país do Leste Europeu deveria adotar para seguir na guerra.

No último mês, as forças russas conquistaram 140 km² de território ucraniano, de acordo com o Centro Belfer, administrado pela escola de políticas públicas da Universidade Harvard, nos EUA.

No domingo (4), Zelenski visitou tropas ucranianas na em Robotine, em Zaporíjia, no sudeste, e distribuiu medalhas a elas. A vila, localizada praticamente em uma das frentes de batalha, foi uma das poucas a serem libertadas na contraofensiva do ano passado.

A cerimônia se deu em meio a intensas especulações de que seu popular chefe do Exército, o general Valeri Zalujni, poderia ser demitido em breve. Na sexta-feira (2), duas pessoas disseram que o governo ucraniano havia informado a Casa Branca de planos nesse sentido.

Questionado sobre o tema pela RAI, emissora italiana, em entrevista transmitida neste domingo, o presidente ucraniano disse estar considerando substituir vários funcionários de alto escalão, não só no setor militar. "É uma questão de quem liderará a Ucrânia", disse ele.

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