Despesas na Justiça fazem Trump começar ano 'mais pobre' que Biden

Campanha do democrata tem 40% mais dinheiro em caixa do que a do republicano, que move doações para gerir defesa

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Washington

Joe Biden tem mais dinheiro do que Donald Trump. Em dezembro, o comitê oficial de campanha do democrata tinha cerca de US$ 46 milhões (R$ 226 milhões), 40% a mais do que o do republicano, com US$ 33 milhões (R$ 162 milhões) em caixa.

Incluindo na conta outros comitês com recursos que podem ajudar os candidatos, como o dos partidos, o presidente tem US$ 117 milhões disponíveis, e o empresário, cerca de US$ 70 milhões, de acordo com documentos apresentados pelas campanhas à Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês) na quarta-feira (31).

Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, realiza evento de campanha presidencial em Las Vegas - Ronda Churchill - 27.jan.24/Reuters

Pesam no bolso de Trump duas despesas a mais: a campanha nas primárias do Partido Republicano e a defesa, sua e de aliados, nos processos civis e criminais em tramitação na Justiça.

De acordo com a FEC, o empresário gastou por volta de US$ 50 milhões com despesas jurídicas no ano passado. A maior parte (US$ 47 milhões) veio do Save America, um dos comitês de ação política (os chamados PACs). Este foi criado por Trump logo após a derrota nas eleições de 2020 para apoiar suas acusações infundadas de que houve fraude a favor de Biden.

O montante equivale a quase um quarto do total gasto por todos os comitês vinculados à sua campanha no ano passado, cerca de US$ 210 milhões.

Usar esse dinheiro arrecadado para bancar despesas legais não é crime na legislação americana porque o Save America é um tipo específico de comitê, chamado de "PAC de liderança", não um comitê oficial de campanha –que não pode fazer pagamentos que beneficiem pessoalmente um candidato.

Por isso, Trump tem direcionado boa parte do que arrecada para o Save America. Se, inicialmente, de cada US$ 1 recebido, US$ 0,99 iam para a campanha e US$ 0,01 para o PAC de liderança, ao longo do ano passado US$ 0,10 passaram a ser direcionados para o PAC.

Além dos custos com os processos na Justiça, a campanha do republicano também lida com uma primária contestada, uma preocupação que Biden praticamente não tem. Não à toa, um dos argumentos usados pelo empresário para pressionar sua oponente, Nikki Haley, a desistir, é que os recursos gastos por ele para concorrer pela nomeação com ela estariam sendo melhor gastos no embate com o democrata.

A ex-embaixadora dos EUA na ONU, por sua vez, tinha menos da metade do montante de Trump em caixa em dezembro, cerca de US$ 14 milhões –boa parte arrecadado no último trimestre do ano, quando ela recebeu o apoio de doadores importantes, como os bilionários Jan Koum (fundador do WhatsApp), Paul Singer (gestor de fundos) e Ken Griffin (CEO da Citadel).

Os dados enviados à FEC mostram também o derretimento da campanha de Ron DeSantis. Inicialmente visto como a principal alternativa a Trump na corrida republicana, o principal PAC de sua campanha, chamado Never Back Down (nunca recue), conseguiu levantar US$ 130 milhões no primeiro semestre, mas apenas US$ 14 milhões no segundo.

Enquanto o ritmo das doações minguava, a campanha continuou gastando dinheiro –principalmente com comunicação direta com eleitores, consultorias e viagens do governador da Flórida–, o que fez com que terminasse o ano com US$ 14 milhões em caixa, o mesmo que Haley.

Uma análise do site Politico chegou à conclusão que DeSantis acabou gastando US$ 6.700 por voto recebido em Iowa. O mau gerenciamento dos recursos de campanha é uma da explicações para seu fracasso.

Do lado de Biden, os dados fornecidos nesta quarta também mostram que a prioridade da campanha, por enquanto, são anúncios na TV e na internet, que somaram cerca de US$ 16 milhões no último trimestre do ano. Do lado da arrecadação, o democrata tem entre seus maiores doadores o cineasta Steven Spielberg, o bilionário George Soros e a produtora de TV Shonda Rhimes.

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