Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Finlândia elege presidente linha-dura para conduzir entrada do país na Otan

Alexander Stubb já se mostrou favorável a posicionar tropas da aliança no país e a permitir transporte de armas nucleares

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Helsinque | Reuters

O ex-premiê Alexander Stubb, 55, do centro-direitista Partido Coligação Nacional, foi eleito novo presidente da Finlândia no segundo turno das eleições realizado neste domingo (11), com 51,6% dos votos, de acordo com os resultados preliminares oficiais.

O ex-premiê e agora presidente eleito da Finlândia, Alexander Stubb, na capital Helsinque
O ex-premiê e agora presidente eleito da Finlândia, Alexander Stubb, na capital Helsinque - Emmi Korhonen/Lehtikuva via Reuters

O ex-chanceler e ex-ministro do Ambiente Pekka Haavisto, da Aliança dos Verdes, reuniu 48,4% do apoio. Ele prontamente parabenizou o adversário, o 13º presidente da história da Finlândia, pela vitória e o desejou boa sorte no cargo pelos próximos seis anos.

A importância do pleito para escolher o novo chefe de Estado da nação de 5,5 milhões de habitantes se dá pelo fato de o eleito ser responsável por conduzir a política externa finlandesa menos de um ano após o país ingressar na Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos.

Stubb já havia vencido o primeiro turno das eleições, no último dia 28, com 27,2% dos votos, à frente de Haavisto, com 25,8%. Ele também liderou Haavisto em diversas pesquisas de intenção de voto, mais recentemente com uma diferença de 6 a 8 pontos percentuais.

A votação marca uma nova era na Finlândia, que por décadas elegeu presidentes para promover a diplomacia, em particular com a vizinha Rússia, país que compartilha 1.340 quilômetros de fronteira.

Até antes de ter início a Guerra da Ucrânia na vizinhança, o país optava por não se juntar a alianças militares para, entre outras coisas, amenizar as tensões entre Moscou e a Otan.

Mas os finlandeses mudaram de ideia após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, em uma rápida reviravolta que levou o país a ingressar na Otan em abril do ano passado, num processo muito mais célere do que, por exemplo, o da Suécia, que ainda hoje corre pela aprovação da Hungria para se somar à aliança militar.

Agora, sob o guarda-chuva de segurança da aliança ocidental, o novo presidente finlandês substituirá Sauli Niinisto, que está se aposentando após dois mandatos de seis anos nos quais ganhou o apelido de "Putin Whisperer", algo como "o sussurrador de Putin", devido a seus laços próximos com o presidente russo, Vladimir Putin.

O sucessor de Niinisto terá um papel central na definição das políticas da Finlândia em relação à Otan, além de liderar a política externa e de segurança em estreita cooperação com o Parlamento e de atuar como chefe das Forças Armadas.

Ambos os candidatos que chegaram a este segundo turno são pró-União Europeia e fortes defensores da Ucrânia e adotaram uma postura firme em relação à Rússia no atual conflito. Ainda assim, o presidente eleito, Alexander Stubb, é considerado mais linha-dura.

Em uma entrevista à agência de notícias Reuters no mês passado, ele disse que não haverá um pilar russo na política externa da Finlândia por ora. "Politicamente, não haverá relações com o presidente da Rússia ou com a liderança política russa até que eles parem a Guerra da Ucrânia."

Stubb é a favor de uma cooperação profunda com a Otan, como permitir o transporte de armas nucleares pelo solo finlandês e colocar algumas tropas da Otan permanentemente na Finlândia. No entanto, ele não apoia o armazenamento de armas nucleares no país.

"Às vezes, uma arma nuclear é uma garantia de paz", disse Stubb em debate na última terça-feira (6).

A Rússia ameaçou a Finlândia com retaliação em resposta à sua adesão à Otan e a um acordo de cooperação em defesa assinado com os EUA em dezembro.

Haavisto, que também atuou como negociador de paz da ONU e é conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos, defendia uma abordagem mais cautelosa. Ele desejava manter a proibição de armas nucleares na Finlândia e considerava desnecessário um destacamento permanente de tropas da Otan.

Após eleito, Stubb disse que essa é "a maior honra de sua vida", de acordo com trechos de seu discurso compilados pelo jornal Helsingin Sanomat. "O sentimento é de calma, moderação e humildade, mas ao mesmo tempo estou infinitamente feliz e grato aos finlandeses por terem votado em tão grande número e por eu poder desempenhar o trabalho de presidente", seguiu.

O voto na Finlândia não é obrigatório, e a participação neste segundo turno atingiu 70,7% dos aptos a votar —uma queda em relação ao primeiro turno, quando 75% dos eleitores compareceram às urnas.

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