Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel afirma ter feito mais de cem prisões em hospital invadido na Faixa de Gaza

Instalação em Khan Yunis foi ocupada por forças de Tel Aviv e é a maior em operação na região

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Cairo e Jerusalém | Reuters

Autoridades de Israel disseram neste sábado (17) que os militares do país fizeram mais prisões no hospital Nasser, o maior que estava em funcionamento na Faixa de Gaza e que foi invadido por soldados de Tel Aviv na quinta (15). A ação já soma mais de cem prisões.

O Exército israelense afirma ter conduzido buscas para "averiguar a presença" de integrantes do Hamas no hospital, localizado na cidade de Khan Younis. Além das prisões, Tel Aviv diz ter encontrado armas dentro do centro médico e homens armados nos arredores, que, segundo militares, foram mortos.

Sala de hospital em condições precárias é vista por meio de rombo em parede
Parede danificada no hospital Nasser, em Khan Yunis - 17.dez.23 - AFP

De acordo com autoridades de Tel Aviv, a invasão do hospital ocorreu após o setor de inteligência obter "informações confiáveis" de que corpos de reféns israelenses estariam no local. Além disso, ao menos dois reféns israelenses libertados disseram que foram mantidos no centro médico. Autoridades israelenses descreveram a ação como uma "operação precisa e limitada".

O Hamas respondeu negando alegações de que seus combatentes e reféns estariam nas instalações, onde aproximadamente 10 mil pessoas buscavam abrigo no início desta semana —em tese, os hospitais são locais considerados mais seguros na guerra.

Vídeos divulgados nas redes sociais, contudo, mostram caos nos corredores escuros e tomados pela fumaça do hospital. Nas gravações é possível ouvir gritos e o som de tiros. Além dos pacientes, milhares de palestinos forçados a se deslocarem na guerra em curso há quatro meses estavam abrigados no local.

Centenas de pessoas, incluindo pacientes, profissionais da saúde e civis, permaneciam no complexo hospitalar após a invasão, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com a ONG Médicos Sem Fronteiras, os palestinos que receberam ordens de Israel para abandonar o local tiveram de escolher entre ficar "e se tornar um alvo em potencial" ou sair "em um cenário apocalíptico" de bombardeios. Organizações que atuam com direitos humanos, assim, vêm manifestando preocupação com a segurança de inocentes.

Nesta sexta (16), quatro pessoas que recebiam tratamento no hospital morreram após cortes na energia elétrica que interromperam a distribuição de oxigênio em salas de terapia intensiva, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

A invasão do hospital ocorre em um momento em que Israel enfrenta pressão internacional crescente para demonstrar moderação em sua guerra na Faixa de Gaza. Os pedidos de um novo cessar-fogo aumentaram após Tel Aviv indicar que pretende expandir suas ofensivas contra a cidade de Rafah, mais ao sul, onde cerca de metade dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estão abrigados, depois de deslocados pelo conflito.

As ofensivas contra instalações médicas em Gaza vêm causando preocupação durante todo o conflito. Nos quatro meses de guerra ocorreram invasões de hospitais em outras cidades do território palestino, bombardeios nas proximidades das unidades médicas, além de ataques contra ambulâncias.

O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, disse neste sábado (16) que as negociações para um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza não têm sido "muito promissoras" nos últimos dias.

"O padrão nos últimos dias não é muito promissor, mas permaneceremos otimistas e continuaremos a pressionar", disse na Conferência de Segurança de Munique (Alemanha).

"Acredito que neste acordo estamos falando em uma escala maior e ainda vemos algumas dificuldades na parte humanitária dessas negociações", acrescentou.

As conversas, que envolvem autoridades do Qatar, Egito, Israel e Estados Unidos até agora não renderam um acordo para uma pausa na guerra. O acordo foi proposto no começo de fevereiro pelo Hamas, condicionando o cessar-fogo à interrupção dos combates em Gaza por quatro meses e meio à libertação de todos os reféns e a um acordo para o fim da guerra.

Também presente na Conferência de Segurança de Munique neste sábado, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken afirmou, por outro lado, que há "uma oportunidade extraordinária" para Israel normalizar os laços com seus vizinhos árabes nos próximos meses.

"Praticamente todos os países árabes agora querem integrar Israel à região para normalizar as relações", disse Blinken. Paralelamente ao acordo de cessar-fogo, a administração Biden tem trabalhado para garantir um acordo para que laços entre Arábia Saudita e Israel, dois potenciais aliados, se normalizem.

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