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Laudo diz que Navalni teve morte natural; Biden encontra viúva

Mãe de ativista vê corpo do filho e acusa autoridades de impedir enterro público

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São Paulo

O certificado de óbito de Alexei Navalni diz que o ativista de oposição a Vladimir Putin morreu de "causas naturais", segundo seus aliados em operação no exterior publicaram nesta quinta-feira (22) no X.

Também nesta quinta, a mãe do ativista, Ludmila, publicou um vídeo no YouTube dizendo que enfim conseguiu ver o corpo do filho, quase uma semana após sua morte, e a viúva do ativista, Iulia, encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

O presidente americano, Joe Biden, em encontro com Iulia Navalnaya, esposa do opositor de Vladimir Putin Alexei Navalny, morto em prisão na Rússia
O presidente americano, Joe Biden, em encontro com Iulia Navalnaya, esposa do opositor de Vladimir Putin Alexei Navalny, morto em prisão na Rússia - @POTUS no X

Iulia, que mora na Alemanha com o filho Zakhar, havia postado que viajaria à Califórnia, onde mora sua filha, Dasha, aluna da Universidade Stanford, que fica junto a San Francisco, onde ocorreu o encontro. Segundo a Casa Branca, Biden expressou às duas sua admiração pela "extraordinária coragem e pelo legado" de Navalni.

Os EUA deverão apresentar novas sanções direcionadas a autoridades russas nesta sexta (23) devido à morte do opositor de Putin.

Já a mãe do ativista se queixou que as autoridades russas não querem permitir um enterro público. "Eles querem que seja feito em segredo, sem despedidas. Querem me trazer no canto do cemitério e dizer: aqui jaz seu filho. Eu não concordo", disse.

Navalni, 47, foi declarado morto após supostamente cair inconsciente durante uma caminhada em temperatura polares na prisão em que cumpria mais de 30 anos de cadeia, no Ártico russo, na sexta-feira passada (16). Não houve comentários do governo russo ainda.

Os aliados de Navalni não divulgaram o documento. Até aqui, o Serviço Prisional da Rússia havia dito que uma avaliação final da causa mortis do ativista seria divulgada em até duas semanas, gerando protesto por parte de sua família e aliados.

Segundo Iulia, o Kremlin mandou matar seu marido e está tentando esconder evidências disso ao demorar na divulgação de dados sobre a morte. Ela sugeriu que ele tinha sido novamente envenenado com Novitchok, o agente neurotóxico que o levou a um coma em 2020, quando participava de uma campanha eleitoral local na Sibéria.

O resto da história é conhecido: Navalni foi levado para se tratar na Alemanha, acusou Putin e o seu serviço secreto pela tentativa de assassinato, foi preso ao voltar à Rússia em 2021 por ter violado uma condicional de sentença suspensa e viu o termo de prisão subir dez vezes em julgamentos que acusou de serem farsas.

Os grandes protestos reprimidos em 2021 por sua prisão foram bem mais modestos agora, e ainda assim a repressão policial deteve centenas de manifestantes que colocaram flores em monumentos associados à violência política soviética.

O Kremlin nega qualquer ligação com a morte do ativista, pela qual foi acusado por governos como o de Biden, nos EUA.

Já países que pregam a ambiguidade na relação com a Rússia, como o Brasil, foram em outra linha. O presidente Lula (PT) evitou criticar Putin ou o Kremlin, dizendo que caberia às instituições russas estabelecer a causa da morte de Navalni —o que, por óbvio, só será aceito pelas mesmas autoridades.

Navalni nunca foi um líder popular no sentido de densidade eleitoral, mas chamou a atenção ao comandar uma grande rede virtual para mobilizar jovens em protestos contra a corrupção e, depois, Putin. Foi barrado de candidatar-se a presidente em 2018 e, desde que foram abafadas as manifestações contra sua prisão, desapareceu progressivamente no brutal sistema penal russo.

Sua mãe agora acusa o mesmo Estado de tentar garantir esse isolamento na hora de seu enterro.

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