Nada se compara ao Holocausto, diz chanceler da Noruega sobre fala de Lula

Diplomata norueguês defende que se espere julgamento de Tel Aviv em acusação de genocídio na Corte Internacional de Justiça

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Rio de Janeiro

O chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, afirmou que não há nada comparável ao Holocausto. A declaração foi dada a jornalistas ao final do primeiro dia do encontro dos chefes da diplomacia do G20, nesta quarta-feira (21).

Eide foi questionado a respeito da fala do presidente Lula (PT) em que comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza com o genocídio cometido pelos nazistas contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

"Pessoalmente, estou muito preocupado com a situação em Gaza, mas não acho que seja uma boa ideia compará-la ao Holocausto. Foi uma experiência única em que 6 milhões de pessoas foram mortas numa tentativa de matar todos os judeus. Não há nada comparável", disse Eide. "Nós devemos, como humanidade, lembrar que não há nada que se supere [ao Holocausto]".

Chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, durante encontro do G20 no Rio de Janeiro
Chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, durante encontro do G20 no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel/AFP

A declaração do chefe da diplomacia da Noruega vai ao encontro da posição do secretário de Estado americano, Antony Blinken, de que não é possível comparar a situação de Gaza à perseguição sistemática de judeus durante a última grande guerra.

Em encontro com Lula, o representante dos Estados Unidos disse que discordava da declaração do brasileiro e afirmou que não vê um genocídio acontecendo no território palestino —e contou uma história pessoal ao brasileiro, sobre seu padrasto que foi um sobrevivente de Auschwitz.

Desde o início do conflito, após o ataque terrorista do Hamas a civis israelense, em outubro, cerca de 30 mil palestinos foram mortos em ofensivas de Israel contra Gaza.

O chanceler norueguês evitou caracterizar os ataques do governo de Binyamin Netanyahu ao território palestino como uma ação genocida. Eide afirmou que é preciso aguardar a ação que corre na Corte Internacional de Justiça que investiga a acusação de genocídio praticado por Israel contra o povo palestino.

"O que aprendemos da Segunda Guerra Mundial é que devemos criar regras para prevenir genocídios. Penso que nós, políticos, deveríamos respeitar a independência do sistema jurídico e também do sistema jurídico internacional e deixá-los decidir se houve ou não violações da convenção da Convenção do Genocídio", argumentou o norueguês.

Embora a Noruega não seja membro do G20, o país nórdico foi convidado pelo Brasil, que está com a presidência rotativa do grupo, para participar do fórum este ano. Eide afirmou que, durante a reunião desta quarta, há um consenso entre os participantes de que é necessário uma solução de dois Estados, isto é, que envolva a criação de um Estado palestino.

O chanceler, contudo, afirmou que não há um caminho claro ainda para isso. Ele aponta que uma das alternativas já discutidas à mesa é o fortalecimento da Autoridade Nacional Palestina e da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que hoje é comandada pelo Fatah.

"Uma coisa é dizer que quer dar início à solução, outra é saber como chegar lá", disse o norueguês, pontuando que haveria uma recusa majoritária da criação do Estado palestino se isso significasse a manutenção do Hamas no poder. Hoje, o grupo terrorista é a força política oficial na Faixa de Gaza.

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