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Nobel da Paz russo diz que Navalni foi assassinado; Ocidente culpa a Rússia

Adversários de Putin apontam condições do encarceramento como razão da morte do ativista

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São Paulo

O anúncio da morte na prisão de Alexei Navalni gerou uma onda de repercussões negativas, previsivelmente intensa entre os que, assim como o ativista, são críticos do governo de Vladimir Putin na Rússia.

Uma das mais fortes reações veio do jornalista Dmitri Muratov, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2021 pelo seu trabalho à frente do jornal independente Novaia Gazeta, que acabou fechado na Rússia após a implementação de leis repressivas acerca do noticiário da Guerra da Ucrânia.

O Nobel da Paz Dmitri Muratov apela contra designação como 'agente estrangeiro' pelo governo russo em uma corte de Moscou em novembro passado
O Nobel da Paz Dmitri Muratov apela contra designação como 'agente estrangeiro' pelo governo russo em uma corte de Moscou em novembro passado - Natalia Kolesnikova - 21.nov.2023/AFP

À agência Reuters, Muratov disse que Navalni foi "assassinado" devido às condições precárias de seu encarceramento. Outro famoso opositor de Putin, o empresário Mikhail Khodorkovski, disse do exílio que o presidente é o "responsável" pela morte. O jornalista foi classificado de "agente estrangeiro" pelo governo no ano passado, o que limita suas condições de trabalho.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse não ter ficado surpreso, mas indignado com a morte de Navalni. O democrata ainda responsabilizou Putin pelo ocorrido. "Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas não há dúvida de que a morte de Navalni foi consequência de algo que Putin e seus capangas fizeram", afirmou ele na Casa Branca.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, encontrou-se em Munique, onde acompanha a vice-presidente Kamala Harris em uma conferência de segurança, com a viúva de Navalni, Iulia. Ele disse a ela que considera o Estado russo culpado pela morte do marido. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que os EUA deveriam esperar a análise forense da morte antes de se pronunciar.

A viúva, por sua vez, disse que não se pode acreditar em Putin e no seu governo. "Eles mentem constantemente. Putin e toda a sua equipe, todos à sua volta, serão punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. Eles serão levados à Justiça, e isso ocorrerá logo."

Para o presidente francês, Emmanuel Macron, a morte causou "raiva e indignação". "Na Rússia de hoje, espíritos livres são colocados no Gulag e condenados à morte", afirmou. Ele disse ainda que a morte "mostra a fraqueza do Kremlin e seu medo dos oponentes".

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse que a União Europeia considera o "regime russo o único responsável por esta morte trágica". "Alexei Navalni lutou pelos valores da liberdade e da democracia", escreveu ele na plataforma X.

Já o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que não morria de amores por Navalni dadas as posições anteriores do ativista sobre a soberania russa na Crimeia anexada, disse que "é óbvio que ele foi assassinado por Putin".

O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, foi ao X escrever que Navalni defendeu "a democracia e a liberdade na Rússia, e aparentemente pagou com sua vida pela coragem". O premiê britânico, Rishi Sunak, chamou o anúncio de "notícia terrível".

O chanceler francês, Stéphane Séjourné, escreveu no X que "Navalni pagou com sua vida pela resistência a um sistema de opressão" e que "sua morte nos lembra da realidade do regime de Vladimir Putin". Seu colega sueco, Tobias Billström, escreveu que "a brutalidade contra Navalni nos mostra de novo por que é necessário continuar lutar contra o autoritarismo".

O secretário-geral da Otan (aliança militar do Ocidente), o norueguês Jens Stoltenberg, disse que estava "profundamente entristecido e perturbado" pela morte. "Temos de estabelecer todos os fatos, e a Rússia tem de responder a todas as sérias questões acerca das circunstâncias de sua morte", afirmou.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse em entrevista para a TV que a tragédia "lembra ao mundo inteiro que Putin é um monstro". A morte de Navalni, acrescentou, "mostra até que ponto Putin irá reprimir qualquer um que lute pela liberdade do povo russo".

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma "investigação completa, crível e transparente" da morte do opositor.

Do lado putinista, o Kremlin relatou que o presidente foi informado da morte e o Ministério das Relações Exteriores, dizendo que "a morte de uma pessoa é sempre uma tragédia", criticou a posição americana no caso. Depois, o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, afirmou que as ilações ocidentais eram "inaceitáveis".

Já o presidente da Duma (Câmara dos Deputados russa), Viatcheslav Volodin, publicou uma nota no Telegram dizendo que "Washington e Bruxelas são as culpadas pela morte de Navalni" porque se opõem à Rússia, sem explicar o que tentava dizer.

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