Trump renova ameaça a aliados dos EUA na Otan

Republicano repetiu em comício que não defenderia membros 'inadimplentes' em caso de invasão da Rússia

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Boa Vista

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ameaçou novamente não proteger os aliados da Otan, a aliança militar ocidental, em caso de invasão promovida pela Rússia. Em um comício na Carolina do Sul na quarta-feira (14), o republicano afirmou que "se eles não vão pagar, nós não vamos proteger".

Nesta quinta-feira (15), Trump reiterou seu discurso a jornalistas em um tribunal de Nova York, onde viu o juiz Juan Merchan negar seu recurso para arquivar acusações decorrentes de pagamento de dinheiro para silenciar uma atriz pornô, um dos casos criminais em que o republicano está implicado.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala a jornalistas após audiência em tribunal de Nova York
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala a jornalistas após audiência em tribunal de Nova York - Angela Weiss - 15.fev.2024/AFP

"Os países da Otan têm de pagar suas contas. Os EUA contribuem com US$ 200 bilhões e eles com US$ 25 bilhões. A economia deles, quando você soma os países que compõem a Otan, é quase do mesmo tamanho da nossa economia. Isso é muito mais importante para eles porque temos um oceano entre nós [e a Rússia]", disse o ex-presidente em Nova York.

Os membros da aliança militar ocidental se comprometeram em 2006 a dedicar anualmente ao menos 2% de seu PIB à defesa, embora muitos ainda estejam abaixo dessa meta. Não há, porém, como um país ficar inadimplente, uma vez que não há uma exigência formal relacionada ao orçamento.

Em termos proporcionais, na ponta dos que mais empenham valores à área militar está a Polônia, com 3,9% de seu PIB em 2023, segundo estimativas da própria aliança; os EUA vêm em segundo lugar, com 3,5%. São 19 os países que não chegaram, em 2023, à meta de 2% do PIB com defesa, entre eles a França e a Alemanha.

"Não estão pagando o que deveriam e riem da estupidez dos Estados Unidos, onde temos um cara que dá US$ 60 bilhões toda vez que alguém pede. Não deveríamos estar fazendo isso. Eles acham que somos estúpidos por causa de nossa liderança", afirmou Trump a jornalistas nesta quinta.

O Senado americano aprovou na terça-feira (13) um novo pacote de bilionário de ajuda a Ucrânia, Israel e Taiwan com um total de US$ 95,3 bilhões. Para Kiev, a frente mais imediata e preocupante para os europeus, maioria dos membros da Otan, foram destinados US$ 61 bilhões —a Ucrânia quer, mas não é integrante da aliança.

O texto, no entanto, sofre forte resistência do Partido Republicano, em especial da ala mais ligada a Trump, e deve ser derrubado na Câmara dos Deputados —controlada pelos republicanos e cujo presidente, Mike Johnson, já disse que irá rejeitar o pacote.

Na quarta, após as falas de Trump a respeito dos aliados da Otan, o secretário-geral do grupo, Jens Stoltenberg, disse que a União Europeia não tem condições de defender o continente sozinha.

O republicano havia sugerido pela primeira vez que não iria defender países da aliança quando relembrou, no sábado (10), de suposta conversa que teria tido com um líder europeu não identificado enquanto presidia os EUA (2017-2021). Na ocasião, ele ainda afirmou que estimularia a Rússia atacar as nações "inadimplentes" do grupo.

Joe Biden expressou indignação diante da fala. "Você consegue imaginar um ex-presidente dos Estados Unidos dizendo isso? O mundo inteiro ouviu. O pior é que ele realmente quer dizer isso. Nenhum outro presidente em nossa história já se curvou a um ditador russo", disse a repórteres na Casa Branca, na terça.

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