Tripulação deixa navio atingido por houthis no mar Vermelho

Se afundar, embarcação britânica será a primeira a ir a pique na guerra atual

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São Paulo

Os houthis do Iêmens atingiram um navio de carga que entrava no mar Vermelho neste domingo (18), obrigando a evacuação da embarcação. Segundo os rebeldes e uma empresa de segurança marítima, a embarcação pode afundar.

Se isso acontecer, é a primeira vez que um navio vai a pique na campanha dos houthis em apoio ao grupo terrorista palestino Hamas, em guerra com Israel desde que atacou o território israelense em 7 de outubro. Desde novembro, os iemenitas tentam alvejar navios mercantes que consideram ligados a Israel.

O Rubymar, então carregando grãos ucranianos, é visto no mar negro no fim de 2022
O Rubymar, então carregando grãos ucranianos, é visto no mar negro no fim de 2022 - Mehmet Emin Calsikan - 2.nov.2022/Reuters

Neste ano, com a reação armada de Estados Unidos e Reino Unido, declararam guerra aos navios militares e comerciais destes países também.

Segundo afirmou nesta segunda (19) o porta-voz militar dos houthis, Yahya Sarea, "o navio foi seriamente atingido e está sob risco de afundar no golfo de Aden". Dois mísseis balísticos antinavio foram disparados de terra contra a embarcação, o graneleiro Rubymar, de bandeira de Belize, propriedade britânica e operação libanesa.

Segundo o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, um dos projéteis atingiu o casco do navio. Tanto Sarea quanto a empresa de segurança LSS-SAPU, responsável pelo Rubymar, disseram que a tripulação, um contingente não divulgado, foi retirada. "Nós sabemos que ele está tomado por água", afirmou a firma. O Rubymar ia de Ras al-Khair, nos Emirados Árabes Unidos, para Varna, na Bulgária.

Os houthis também atacaram, sem atingir diretamente, um navio com bandeira grega mas de propriedade americana na região, o Sea Champion. Ele levava grãos da Argentina para o Iêmen. Ninguém ficou ferido.

O teatro do mar Vermelho é um dos mais complexos na guerra. Os houthis têm à sua disposição uma vasta gama de mísseis, alguns bem sofisticados, e drones. Também têm capacidade antiaérea: nesta segunda, Sarea disse que um drone americano foi abatido perto da costa do Iêmen.

Apoiados e armados pelo Irã, os rebeldes dominam uma fatia do Iêmen desde 2014, numa guerra civil ora em cessar-fogo. Eles fazem parte da rede de aliados locais de Teerã contra EUA e Israel, integrada pelo Hezbollah libanês, o próprio Hamas e diversos grupos na Síria e no Iraque.

Nesta segunda, o Conselho Europeu determinou que uma força-tarefa se junte às missões já presentes na área do mar Vermelho para tentar manter a segurança de rotas —passavam por ali antes da guerra cerca de 15% do comércio marítimo mundial. O Brasil comanda uma dessas forças, de emprego específico contra a pirataria.

Agora, muitas empresas desviam seus navios para circum-navegar a África, evitando o canal de Suez e o mar Vermelho. Isso tem aumentado fretes, custos operacional e seguros.

Entre as ações ocorridas na região, além de ataques com mísseis e drones, está o sequestro do cargueiro Galaxy Leader, que foi abordado em novembro por um comando armado que desembarcou de helicóptero no navio. Seus 25 tripulantes são mantidos como reféns no Iêmen.

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