Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Bombardeios de Israel às vésperas do Ramadã deixam dezenas de mortos, diz Hamas

Ataques vitimaram ao menos 85 palestinos nas últimas 24 horas, de acordo com facção terrorista; Tel Aviv tem plano de invasão terrestre de Rafah durante Ramadã

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Jerusalém | AFP

O grupo terrorista Hamas disse neste domingo (10) que o Exército israelense voltou a bombardear a Faixa de Gaza, deixando dezenas de mortos às vésperas do Ramadã e em um contexto de mobilização internacional para enviar ajuda humanitária à população à beira da fome. Os ataques aconteceram no sul de Gaza, nas cidades de Rafah e de Khan Yunis.

De acordo com autoridades da facção, no poder em Gaza desde 2007, pelo menos 85 palestinos morreram nas últimas 24 horas em mais de 60 bombardeios noturnos no centro e sul deste território, sobretudo em Khan Yunis.

Um menino palestino anda pelos destroços de um prédio bombardeado por Israel em Rafah, no sul de Gaza. - Mohammed Abed-10.3.2024/AFP

Pelo menos 13 pessoas foram mortas por uma bomba que caiu sobre tendas de deslocados em Al Mawasi, entre Khan Yunis e Rafah, disse o Ministério da Saúde do Hamas. O Exército israelense relatou cerca de 30 palestinos mortos.

Às vésperas do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos que começa neste domingo (10) ou na segunda-feira (11), dependendo do calendário lunar, nada parece indicar que será alcançado um acordo de trégua para o conflito, que até agora deixou 31.045 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Hamas.

O governo de Binyamin Netanyahu havia determinado o início do Ramadã como o prazo para a população em Rafah, para onde se deslocou cerca de 1,5 milhão de palestinos por causa da guerra, se retirar da cidade. O anúncio era um aviso de uma provável invasão terrestre das forças israelenses na última cidade de Gaza em que a ofensiva de Tel Aviv ainda é majoritariamente aérea.

O conflito eclodiu após o ataque do Hamas em 7 de outubro, cujo ataque sem precedentes matou cerca de 1.160 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

Além disso, cerca de 250 pessoas foram sequestradas. Israel afirma que 130 ainda estão em poder do Hamas em Gaza, das quais 31 estariam mortas.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e impôs um cerco "total" a Gaza desde 9 de outubro, provocando uma catástrofe humanitária no território. Segundo a ONU, 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes estão à beira da fome.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 25 pessoas, a maioria crianças, morreram de desnutrição e desidratação.

"Eu alimento minha filha com água, para que ela não morra. Não tenho escolha", conta Barak Abhar, com seu bebê chorando em seus braços, na Cidade de Gaza.

Israel permite que uma escassa ajuda humanitária entre no território procedente do Egito, que está com a fronteira fechada.

Diversos países ocidentais e árabes têm lançado pacotes aéreos com alimentos e suprimentos médicos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou no mesmo dia que uma primeira embarcação com 200 toneladas de comida seria levada por duas ONGs a partir do porto de Lárnaca, na ilha de Chipre, neste domingo.

As autoridades israelenses, que autorizaram a operação, estão inspecionando a carga, disse no sábado (9) Laura Lanuza, porta-voz da ONG espanhola Open Arms, que trabalha neste projeto em conjunto com a ONG americana World Central Kitchen (WCK), fundada pelo chef espanhol José Andrés.

A WCK, por sua vez, "já tem pessoas em Gaza" e está "construindo um cais" para poder descarregar a ajuda no território bombardeado, acrescentou.

Um navio de apoio logístico do Exército americano deixou o país com material para instalar um cais temporário em Gaza. Sua construção pode levar cerca de 60 dias, segundo o Pentágono.

A ONU, que alertou que a fome generalizada é "quase inevitável" no território, insiste que as entregas de ajuda por via aérea ou marítima não podem substituir a ajuda terrestre.

Este auxílio passa por Rafah, na fronteira com o Egito. Segundo a ONU, a maioria dos deslocados na cidade vive em condições precárias, em busca de alimentos e água.

No sábado, o presidente americano, Joe Biden, voltou a criticar o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmando que o premiê "prejudica mais do que ajuda Israel".

Netanyahu "tem o direito de defender Israel, o direito de continuar perseguindo o Hamas", disse Biden à emissora MSNBC, mas acrescentou que é preciso "prestar mais atenção às vidas inocentes que estão sendo perdidas como consequência das ações tomadas".

Bibi, como é conhecido, também está sob forte pressão em seu país, onde parte da opinião pública exige um acordo de trégua para libertar os reféns.

Milhares de pessoas se manifestaram no sábado na cidade israelense de Tel Aviv para cobrar a saída do governo e o retorno dos reféns. "Eleições! Já! Agora!" e "Que vergonha para o governo!", gritava a multidão.

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