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México e Venezuela fazem acordo para deportar imigrantes que tentam chegar aos EUA

Projeto prevê auxílio financeiro e oferta de emprego a migrantes detidos em situação irregular; crise preocupa Washington

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Cidade do México | Reuters

O governo do México assinou, nesta quinta-feira (21), um acordo com a Venezuela para deportar imigrantes venezuelanos que passam pelo território mexicano para chegar aos Estados Unidos. O acordo também incluiu empresas do México e da Venezuela, que deverão empregar os deportados, afirmou a ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Barcena.

Família venezuelana, cruzando o rio Bravo, no México, para alcançar os Estados Unidos - Reuters

Eles buscam fugir da crise econômica e política do atual regime, comandado por Nicolás Maduro. Atualmente, existem entre 4.000 e 5.000 migrantes venezuelanos retidos no México, a maioria na cidade de Tijuana.

"O plano carece de base jurídica", disse Enrique Lucero, diretor municipal de atendimento a migrantes em Tijuana. Lucero fez um apelo às autoridades para que as rotas de migração de pessoas que procuram asilo nos Estados Unidos fossem normalizadas.

Já o governo mexicano afirmou que dará aos migrantes do país US$ 110 por mês, como parte de um programa no qual eles também terão a oportunidade de trabalhar em diferentes empresas nos dois países. A petrolífera estatal PDVSA e a cervejaria Polar estão entre as participantes desse programa.

Cerca de 7,7 milhões de venezuelanos deixaram seu país desde 2014, 25% da população, segundo as Nações Unidas. Depois da Colômbia e do Peru, os Estados Unidos são o principal destino de emigrantes, seguidos do Brasil.

O aumento do fluxo migratório ocorreu principalmente após a grande crise de 2018. Em uma década, o PIB da Venezuela encolheu 80%.

A grande maioria dos que decidem deixar o país em direção aos EUA passa pelo estreito de Darién, porção territorial de mata fechada e rio de forte correnteza entre Colômbia e Panamá conhecida como "selva da morte", dado o perigo da travessia.

Milhares de migrantes de diversos países usam a rota, que se conecta a outros trajetos por países da América Central até a fronteira entre México e EUA.

Os cidadãos americanos estão cada vez mais preocupados com esse fluxo migratório. Segundo uma pesquisa feita no início deste ano pela Reuters em parceria com o Ipsos, 17% da população considerava que o maior problema enfrentado pelos Estados Unidos é a imigração, um aumento de 11% em relação a dezembro.

A questão tem sido usada politicamente pelo Partido Republicano e seu agora candidato à Presidência nas eleições de novembro, o ex-presidente Donald Trump —que chamou migrantes de "terroristas" que "envenenam o sangue" do país durante a campanha nas primárias da sigla.

Sua base de apoio no Congresso e governadores da legenda, particularmente o texano Greg Abbott, também travam disputas políticas com a Casa Branca e aliados democratas do presidente Joe Biden.

Biden também manobra com a questão, de olho tanto na preocupação de parte dos americanos com o tema, como em sua base mais progressista, favoráveis a leis e ideias mais permissivas quanto à migração.

Em setembro passado, por exemplo, ele anunciou que concederia proteção temporária a cerca de 472 mil migrantes venezuelanos residindo no país de maneira ilegal. Na prática, o mecanismo impediu que eles fossem deportados e permitiu aos migrantes que buscassem emprego.

A medida, criada em 1990, é tradicionalmente voltada para cidadãos de países considerados inseguros para viver. O que evidencia como a migração também se entrelaça com a política externa americana para a Venezuela.

Rival declarada dos EUA desde Hugo Chávez, Caracas entrou em acordo com a oposição à ditadura Maduro em outubro para realizar eleições no país. Também ficou pactuado com Washington que haveria troca de prisioneiros e a suspensão das sanções ao setor de petróleo e gás venezuelano.

De lá para cá, no entanto, o regime anunciou a data das eleições e, ao mesmo tempo, acelerou a repressão à oposição, mantendo a inabilitação da principal rival, María Corina Machado, e mandando prender aliados dela, inclusive sua chefe de campanha e braço direito, Magalli Meda.

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