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Ditadura na Venezuela manda prender mais nove aliados da principal opositora de Maduro

Inelegível por 15 anos, María Corina Machado fala em 'ações covardes'; detenções miram seu núcleo de campanha

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Caracas | Reuters e AFP

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, vinculou, nesta quarta-feira (20), a opositora María Corina Machado a "ações desestabilizadoras" para gerar violência devido a sua inabilitação para concorrer às eleições presidenciais, marcadas para o dia 28 de julho.

Saab anunciou ainda a detenção de Henry Alviárez e Dignora Hernández, líderes nacionais da organização política de María Corina, por planos para "ações desestabilizadoras" que teriam por objetivo "forçar" a habilitação da opositora do ditador Nicolás Maduro.

"O Ministério Público pediu nove prisões, duas foram realizadas", disse Saab. Um dos mandados pede a detenção de Magalli Meda, braço direito de María Corina.

Henry Alviarez, líder opositor preso pela ditadura de Nicolás Maduro, em evento em janeiro, em Caracas
Henry Alviarez, líder opositor preso pela ditadura de Nicolás Maduro, em evento em janeiro, em Caracas - Leonardo Fernandez Viloria - 17.jan.2024/Reuters

"O regime Maduro lança brutal repressão contra minhas equipes de campanha. Essas ações covardes têm como objetivo fechar o caminho da Venezuela em direção à mudança e à liberdade em paz e democracia", escreveu María Corina em publicação em inglês no seu perfil no X.

"Venezuelanos, peço sua força e coragem nesses tempos difíceis. Hoje, mais do que nunca, precisamos ficar unidos e firmes para continuar avançando aos nossos objetivos", afirmou.

Quatro outros membros da campanha de María Corina foram presos nos últimos três meses sob acusações de conspiração, entre outros crimes.

Alviarez já havia tido um mandado de prisão emitido contra ele em dezembro, que foi retirado logo após uma troca de prisioneiros entre Estados Unidos e Venezuela, na qual algumas figuras da oposição e americanos detidos foram libertados.

A troca de prisioneiros fez parte de um acordo entre o regime e Washington, que também previa a remoção de barreiras à oposição em preparação para a eleição em troca do fim de sanções aos setores de petróleo e gás e mineração da Venezuela.

O regime tem dado sinais opostos a respeito do pleito, que indicam cada vez mais a impossibilidade de que a disputa será de fato livre. Caracas tem prendido opositores mesmo após o anúncio, em março, da data da eleição, até então indefinida, e mantém a inabilitação de María Corina à disputa.

A ex-deputada está inelegível por 15 anos, mesmo após vencer com folga as primárias realizadas em outubro passado com a anuência do regime —a Justiça, logo em seguida, suspendeu o resultado.

Ela foi considerada inelegível por irregularidades administrativas da época em que foi deputada, de 2011 a 2014, segundo a Controladoria-Geral. A medida foi imposta em 2015, mas tinha vigência de apenas um ano. A extensão, afirma o órgão, seria porque ela apoiou sanções dos EUA contra Maduro.

O prazo para postulação de candidaturas ao pleito vai desta quinta (21) até a próxima segunda-feira (25).

As prisões e obstáculos a adversários aumentaram ao menos desde dezembro passado. Em janeiro, os EUA voltaram a aplicar sanções a Caracas depois da decisão da Justiça venezuelana de manter a inabilitação de María Corina.

Ao mesmo tempo, além de enfim anunciar a data eleitoral, o regime convidou para monitorarem o pleito a União Europeia e as Nações Unidas, cujo órgão de direitos humanos foi expulso do país em fevereiro.

Entrelaçado aos obstáculos jurídicos impostos à oposição para a disputa, Caracas continua a prender adversários sob a já comum acusação de conspiração para assassinar Maduro e a perseguir grupos considerados rivais.

No último dia 13, Saab, o procurador-geral do país, anunciou a prisão de Whilfer Piña, líder do partido opositor La Causa R, e o ex-sargento da Guarda Nacional Renzo Flores. Ambos foram acusados de "conspiração, associação e tentativa de magnicídio" por supostamente planejarem um atentado contra Maduro.

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