Trump chama imigrantes de terroristas e volta a dizer que fechará fronteira

Ex-presidente faz discurso duro contra migração após vitória com folga nas primárias do Partido Republicano em Iowa

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Boa Vista

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump chamou imigrantes de terroristas e voltou a afirmar que fechará a fronteira dos Estados Unidos com o México caso seja eleito presidente no pleito marcado para novembro.

Donald Trump cumprimenta apoiador vestido de muro, em referência à barreira que o ex-presidente afirmou que construiria na fronteira com o México
Donald Trump cumprimenta apoiador vestido de muro, em referência à barreira que o ex-presidente afirmou que construiria na fronteira com o México - Brian Snyder - 15.jan.2024/Reuters

"[Imigrantes] estão vindo de prisões, de países que ninguém conhece, de manicômios. Nós vamos ter que deportá-los, temos que ter um nível de deportação que a gente não vê há um bom tempo nesse país", afirmou após sua vitória no caucus de Iowa, na segunda-feira (15).

Em dezembro, Trump havia dito que imigrantes estavam "envenenando o sangue da nação".

Ataques enfáticos a esse grupo populacional são frequentes na retórica política do republicano, e agitam sua base de apoio desde a campanha para seu primeiro mandato presidencial, iniciado em 2017.

O empresário falou sobre o assunto após a vitória com folga no caucus (reunião com hora marcada em que os presentes escolhem um candidato) do Partido Republicano em Iowa, a largada para as primárias que vão escolher os representantes de cada um dos partidos para a eleição do fim do ano.

O resultado no estado do Meio-Oeste do país, com população em sua maioria conservadora, rural e religiosa, indica que a disputa tem chances altas de opor novamente Trump e o atual presidente, o democrata Joe Biden. As políticas migratórias do último têm recebido fogo intenso de governadores e figuras políticas republicanas —incluindo Trump.

Assessores do ex-presidente afirmaram ao jornal The New York Times que sua equipe já prepara uma série de medidas para endurecer o sistema migratório americano, entre elas a prisão de indocumentados em campos para posterior deportação e o veto à entrada para qualquer cidadão vindo de algumas nações de maioria muçulmana.

O plano tem sido arquitetado, segundo esses assessores, para que não dependa de reformas substanciais nas leis migratórias dos EUA. Se posto em prática como a campanha do empresário planeja, no entanto, seria provavelmente contestado em tribunais não apenas com relação à legislação e aos direitos civis, como também quanto aos desafios logísticos e financeiros ao país, acostumado à mão de obra imigrante.

Trump foi eleito em 2016 com o discurso de que construiria um muro na fronteira com o México. Em 2018, durante reunião com legisladores, o então presidente criticou a política migratória do país xingando e desprezando países de origem de imigrantes.

Em 2019, o empresário chegou a declarar emergência nacional para contornar o Congresso e deslocar recursos para a construção da barreira —cuja estrutura já existia em partes e nunca foi de fato concluída em toda a extensão fronteiriça.

A questão migratória não afeta apenas a fronteira sul do país e vem sendo instrumentalizada por governadores republicanos e por congressistas do partido em negociações em Washington.

Biden iniciou seu mandato prometendo reverter as políticas de endurecimento da migração implementadas por Trump durante a pandemia da Covid-19. Invocando o argumento sanitário, o ex-presidente implementou expulsões automáticas para migrantes em situação irregular.

Em 2023, no entanto, diante do aumento do fluxo migratório, Biden voltou a apertar as restrições, tornando, com uma nova norma bloqueada pela Justiça, inabilitads para concessão de asilo qualquer pessoa que tenha entrado no país de forma irregular em vez de usar as vias legais disponíveis. Ainda assim, o número de solicitantes de asilo e imigrantes tem batido recordes.

Republicanos radicais no Congresso, muitos ligados a Trump, têm, por exemplo, vinculado eventual apoio a projetos de lei de novos auxílios militares à Ucrânia a mudanças na política migratória do governo federal.

No Texas, o governador republicano Greg Abbott enviou ônibus lotados com solicitantes de asilo para cidades e estados governados por democratas com objetivo de forçar Biden a agir de forma mais incisiva na fronteira. A unidade federativa também aprovou recentemente lei estadual que criminaliza a imigração e permite a prisão de migrantes —o governo Biden processou o estado dizendo que o texto é "claramente inconstitucional".

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