Não esqueçam sua dignidade, diz papa Francisco a migrantes em Darién

Pontífice envia carta a parte dos milhares de imigrantes que tentam cruzar a 'selva da morte' entre Panamá e Colômbia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo | AFP

O papa Francisco enviou, nesta quinta-feira (21), uma mensagem aos migrantes que atravessam a inóspita selva panamenha de Darién, entre o Panamá e a Colômbia, em sua jornada rumo aos Estados Unidos. O líder da Igreja Católica afirmou que as pessoas em trânsito não devem esquecer a dignidade humana.

O papa Francisco - AFP

A mensagem do pontífice foi lida durante um ato religioso celebrado em um abrigo para migrantes em Lajas Blancas, na província de Darién, na fronteira entre Panamá e Colômbia.

"Irmãos e irmãs migrantes, não esqueçam nunca de sua dignidade humana. Eu também sou filho de migrantes que saíram em busca de um futuro melhor", escreveu Francisco, argentino filho de migrantes italianos, em sua carta, que foi lida a dezenas de pessoas no abrigo pelo arcebispo Dagoberto Campos Salas.

"Não tenham medo de olhar nos olhos dos outros, porque vocês não são descartáveis, também fazem parte da família humana e da família dos filhos de Deus", acrescentou o papa em sua mensagem.

Um abrigo foi construído em Lajas Blancas, a cerca de 250 quilômetros a leste da capital panamenha, pelo governo do Panamá em conjunto com organizações internacionais, para ajudar os migrantes que atravessam essa selva inóspita com 266 km de extensão e 575 mil hectares.

A floresta se tornou um corredor para milhares de migrantes da América do Sul que tentam chegar aos Estados Unidos pela América Central e pelo México. A Folha esteve em Darién e fez uma série de reportagens especiais que analisam várias perspectivas do fluxo migratório da região.

Em 2023, um número recorde de 520 mil viajantes atravessou a selva de Darién, enfrentando riscos de animais selvagens, como cobras venenosas, rios com fortes correntezas e facções criminosas.

Diariamente, cerca de mil pessoas conseguem concluir a perigosa travessia. Entre elas, crianças e adolescentes brasileiros. Desde 2020, mais de 15,7 mil, a maioria filhos de haitianos, cruzaram a floresta tropical, em uma caminhada de cerca de 100 km. A contagem, oficial, é reconhecidamente subnotificada.

A ONG Médicos Sem Fronteiras informou recentemente que os grupos criminosos, que controlam a região, estupraram, em média, 16 mulheres migrantes por dia em fevereiro, enquanto no mês anterior ocorreram três casos por dia.

Desde o início de 2024, quase 100 mil migrantes cruzaram a selva, segundo dados oficiais panamenhos. Quase dois terços são venezuelanos, equatorianos, haitianos, colombianos e chineses.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.