Biden diz que decisão sobre aborto na Flórida deve favorecê-lo contra Trump

Em campanha, democrata promete federalizar acesso ao procedimento e afirma que o republicano não confia em mulheres

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São Paulo

A equipe de campanha de reeleição do presidente Joe Biden disse acreditar, por meio de um comunicado divulgado nesta terça (2), que ele pode vencer na Flórida em novembro. A declaração foi feita um dia após a Suprema Corte do estado abrir caminho para lei que proíbe aborto após seis semanas de gestação.

Segundo a equipe de campanha do presidente, a estratégia de vitória na Flórida, que elegeu um candidato presidencial democrata pela última vez em 2012 com Barack Obama, baseia-se na ideia de que as rígidas restrições ao aborto afastam o eleitorado do Partido Republicano.

O presidente dos EUA, Joe Biden, cumprimenta pessoas no evento de Páscoa no gramado da Casa Branca, em Washington - Evelyn Hockstein - 1º.abr.24/Reuters

Para os democratas, o debate sobre os direitos ao aborto levou seus apoiadores às urnas em todo os Estados Unidos em 2022, quando o Partido Democrata se saiu melhor do que o esperado nas eleições do Congresso. Neste ano, as eleições presidenciais parecem seguir o mesmo caminho. "O direito ao aborto estará no centro das atenções na Flórida neste ciclo eleitoral", afirmou o comunicado.

A equipe de Biden, portanto, não poupa esforços em demonstrar que garantir o direito ao aborto em todo o território americano é uma das principais promessas da campanha de reeleição. Mais que isso, a estratégia de Biden tem cada vez mais ligado Donald Trump à reversão dos direitos ao aborto nos EUA.

Um vídeo intitulado "Trust | Biden-Harris 2024" publicado nesta terça-feira no canal do YouTube de Joe Biden mostra Trump se vangloriando de ajudar a revogar a decisão de Roe vs. Wade, de 1973, a qual reconhecia o direito em âmbito federal de uma mulher ao aborto.

"Em 2016, Donald Trump concorreu para derrubar Roe vs. Wade. Agora, em 2024, ele está concorrendo para aprovar uma proibição nacional do direito de escolha das mulheres. Estou concorrendo para tornar Roe vs. Wade a lei do país novamente, para que as mulheres tenham uma garantia federal do direito de escolha", afirma Biden no vídeo. "Donald Trump não confia em mulheres. Eu confio", completa.

Manifestação contra o aborto em Washington, nos Estados Unidos - Anna Moneymaker - 19.jan.24/Getty Images via AFP

Trump, por sua vez, parece ter evitado declarar sua posição referente às restrições ao aborto desde a Suprema Corte dos EUA decidiu revogar a decisão de Roe vs. Wade, em 2022. Contudo, em fevereiro, o ex-presidente e atual candidato pelo Partido Republicano expressou gostar da ideia de uma proibição nacional do aborto de 16 semanas com três exceções: em casos de estupro, incesto, ou para salvar a vida da mãe.

Uma reportagem do The New York Times conta que um dos motivos de Trump ser a favor da proibição nacional do aborto de 16 semanas é o fato de ser um número redondo. "Sabe o que eu gosto no 16? É par. São quatro meses", teria dito Trump.

O apoio à proibição de 16 semanas seria uma tentativa de Trump de satisfazer aqueles que querem o aumento das restrições do acesso ao aborto, bem como os eleitores republicanos e independentes que querem limites mais modestos para o procedimento.

A questão do direito ao aborto tem sido, inclusive, mencionada nas discussões dos republicanos sobre possíveis candidatos à vice-presidência. Segundo o The New York Times, Trump pergunta aos candidatos se são a favor do aborto e busca saber, especialmente, suas posições em relação às três exceções —estupro, incesto e risco de vida da mãe.

Trump aponta que os republicanos continuarão a perder eleições se persistirem neste posicionamento, quando ouve uma resposta negativa quanto ao aborto nos três casos de exceção. Para o ex-presidente, a questão do aborto é a principal responsável por uma série de derrotas republicanas em disputas no Congresso.

Além de manter válida uma lei que proíbe o aborto após 15 semanas de gravidez, a Suprema Corte da Flórida também decidiu na última segunda (1º) que uma proposta de emenda constitucional para expandir as permissões de aborto seja submetida à votação em novembro. Para que as regras sejam modificadas, o texto vai precisar de ao menos 60% de apoio dos eleitores.

A emenda prevê o veto a leis que "proíbem, penalizam, atrasam ou restringem o aborto antes da viabilidade ou quando necessário para proteger a saúde da paciente, conforme determinado pelo profissional de saúde da paciente".

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Com Reuters

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