Maduro diz que acordos sobre eleições na Venezuela estão 'mortalmente feridos'

Anúncio ocorre após descoberta de suposto plano de assassinato do ditador do país vizinho

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Javier Tovar
Caracas | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse, nesta quinta-feira (25), que os acordos com a oposição sobre as eleições presidenciais de 2024 estão "mortalmente feridos", após denúncias do chavismo no poder de "planos" para assassiná-lo.

"Os acordos de Barbados estão mortalmente feridos", disse Maduro, em alusão a um documento assinado em outubro passado no âmbito de um processo de diálogo intermediado pela Noruega, no qual foi pactuada a realização de eleições presidenciais no segundo semestre do ano, com observação internacional.

Homem de bigode e casaco camuflado fala ao microfone com dedo apontado para cima
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante comício em Caracas - Leonardo Fernandez Viloria - 23.jan.2024/Reuters

"Declaro-os em terapia intensiva, apunhalados, chutados. Tomara que possamos salvar os acordos de Barbados e impulsionar, através do diálogo, grandes acordos de consenso nacional [...] sem planos para me assassinar, nos assassinar ou encher o país de violência", acrescentou o ditador perante funcionários do alto escalão de seu governo.

Mais cedo, em uma declaração que colocou em dúvida as negociações, o chefe da delegação do governo de Maduro e presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, havia dito que haverá eleições em 2024 "com ou sem acordo de Barbados".

Na quarta-feira (24), o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Yván Gil Pinto, reuniu-se com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim —ele veio até Brasília para negociações com representantes da Guiana sobre a disputa na região de Essequibo. Segundo relatos do encontro, o enviado do regime Maduro disse que as eleições devem ocorrer neste ano, no segundo semestre, como previsto.

Os acordos de Barbados, nos quais os Estados Unidos desempenharam um papel importante, também serviram para pressionar por um mecanismo para impugnar inabilitações que impediriam a candidatura de líderes como María Corina Machado, que venceu nas primárias da principal aliança opositora.

"Não há como essa mulher ser candidata a nada em nenhuma eleição", advertiu Rodríguez, que, por sua vez, disse que Maduro buscará a reeleição, embora o líder socialista tenha dito no início do ano que ainda era "prematuro" confirmar sua candidatura.

"Eles têm que aceitar que eu não estou inelegível e que vou ser candidata. Eles não vão gostar? Com certeza", declarou na quarta-feira Machado em entrevista à CNN En Español.

As denúncias de tentativas de magnicídio são frequentes no chavismo, que completa 25 anos no poder.

As autoridades anunciaram na semana passada mais de 30 prisões, entre civis e militares, por cinco supostas conspirações em 2023 e início de 2024, nas quais estariam envolvidos líderes da oposição, agentes de inteligência dos Estados Unidos e do Exército da Colômbia, todos alvos habituais do governo venezuelano nesse tipo de acusação.

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