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Ex-vice do Equador preso depois de invasão de embaixada é hospitalizado após greve de fome

Jorge Glas está em penitenciária de segurança máxima de Guayaquil desde detenção na representação do México em Quito

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Guayaquil (Equador) | AFP

O ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, que foi preso na sexta-feira (5) na embaixada do México em Quito, foi hospitalizado nesta segunda-feira (8) por se recusar a se alimentar na prisão de segurança máxima La Roca, em Guayaquil, para onde fora transferido, segundo o serviço penitenciário equatoriano.

Glas, 54, a quem o México havia concedido asilo, "sofreu uma possível descompensação por sua recusa em consumir os alimentos fornecidos" na prisão, afirmou o órgão em comunicado. Ele está "estável e permanecerá em observação" médica no Hospital Naval do porto de Guayaquil, completa a nota.

Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador, é conduzido por policiais ao chegar a prisão de segurança máxima em Guayaquil
Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador, é conduzido por policiais ao chegar a prisão de segurança máxima em Guayaquil - Polícia do Equador/AFP

Mais cedo, a imprensa local havia relatado, citando um relatório policial, que Glas sofrera um "coma profundo autoinduzido" pelo consumo de medicamentos antidepressivos. Vinicio Tapia, um dos advogados do ex-vice-presidente, disse à agência de notícias AFP que foi impedido de falar com seu cliente."Não temos notícias há mais de 60 horas [sobre Glas], não sabemos dele desde o momento em que foi sequestrado na embaixada mexicana", afirmou.

A invasão policial da embaixada mexicana em Quito e a prisão de Glas ocorreram após o México conceder asilo ao ex-vice-presidente, que tem um mandado de prisão por suposto crime de peculato no manejo de fundos destinados à reconstrução de vilas após um terremoto em 2016.

O México rompeu relações diplomáticas com o Equador, que classificou o asilo de Glas de "ilegal". O ex-vice-presidente havia saído da prisão em 2022 por uma medida cautelar após cumprir 5 dos 8 anos de condenação por outros casos de corrupção.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou a ruptura logo depois da prisão de Glas e afirmou que a invasão era uma "flagrante violação do direito internacional e da soberania do México".

Nesta segunda, o AMLO, como o mexicano é chamado, disse que a invasão foi uma ação "verdadeiramente autoritária" e "prepotente" por parte do líder equatoriano, Daniel Noboa.

"Quando há governos fracos, que não têm respaldo popular ou capacidade (...), candidatos são fabricados (...) e quem não tem experiência chega" ao poder, afirmou López Obrador. "Quem tomou essa decisão não sabe o que faz, tem maus instintos ou simplesmente está mal aconselhado, porque sempre há bajuladores que se intrometem", ressaltou o governante mexicano.

Já Noboa afirmou em comunicado publicado no X, também nesta segunda, que o governo tomou "decisões excepcionais para proteger a segurança nacional". "Temos visto reações de alguns grupos que colocaram seus interesses e projeto político à frente da soberania, da dignidade e da justiça do Equador", disse.

"Ao povo irmão do México, quero expressar a vocês que sempre estarei disposto a resolver qualquer diferença, mas a justiça não se negocia, e jamais protegeremos criminosos que tenham causado danos aos mexicanos", seguiu o presidente.

Glas tentava fugir das autoridades equatorianas refugiando-se na embaixada do México no Equador desde o dia 17 de dezembro. Sua defesa argumenta que os processos de que ele é alvo são casos de perseguição judicial dos últimos governos e do atual, chefiado por Noboa.

É a mesma alegação de Rafael Correa, cujo segundo mandato na Presidência do Equador, entre 2013 e 2017, foi acompanhado por Glas na Vice-Presidência. Antes de ocupar o cargo, o político detido na sexta havia sido ministro das Telecomunicações entre 2009 e 2010 e de Setores Estratégicos entre 2010 e 2012.

Atualmente, Correa está na Bélgica, onde também se refugia de uma condenação por corrupção. "Nem nas piores ditaduras violaram a embaixada de um país", afirmou o ex-presidente no X. "Responsabilizamos Daniel Noboa pela segurança e integridade física e psicológica do ex-vice-presidente Jorge Glas."

A crise diplomática começou na quarta-feira (3), quando AMLO afirmou que o assassinato do candidato Fernando Villavicencio na campanha presidencial equatoriana de 2023 abriu caminhos para a vitória do atual presidente.

A administração de Noboa reagiu e afirmou que os comentários foram ofensivos, declarou a embaixadora mexicana "persona non grata" e expulsou-a do país. Um dia depois, o México concedeu asilo a Glas, seguindo o costume de abrigar correístas como o ex-chanceler Ricardo Patiño e os deputados Soledad Buendía, Carlos Viteri e Gabriela Rivadeneira.

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