Descrição de chapéu Equador México

Equador expulsa embaixadora do México após falas de Obrador sobre opositora de Noboa

Para mexicano, candidata derrotada em Quito foi injustamente prejudicada ao ser relacionada à morte de Villavicencio

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Quito | Reuters

O governo do Equador declarou a embaixadora do México em Quito, Raquel Serur Smeke, "persona non grata" e a expulsou do país nesta quinta-feira (4). A decisão acontece o presidente mexicano criticar as eleições equatorianas do ano passado e comparar as ondas de violência que atingem as duas nações.

Na quarta-feira (3), o mexicano Andrés Manuel López Obrador, comparou o assassinato de Fernando Villavicencio, que era candidato à Presidência do Equador, com a violência que tem marcado o período eleitoral mexicano, no qual vários candidatos locais já foram mortos.

AMLO, como o presidente mexicano é conhecido, afirmou em entrevista coletiva que Luísa Gonzalez, esquerdista que também concorreu nas eleições equatorianas, acabou injustamente ligada ao assassinato de Villavicencio.

"Falo disso para que os donos dos meios de comunicação e aqueles que participam dessas campanhas assumam a responsabilidade", acrescentou Obrador, reiterando suas já tradicionais críticas à imprensa.

Presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, durante conferência de imprensa - Handout/Governo do México - 29.jan.24/AFP

Em contato com a agência de notícias Reuters, o Ministério das Relações Exteriores do Equador disse que a embaixadora Smeke deve deixar o país "em breve". No comunicado, o órgão observou que os equatorianos continuam de luto pelo assassinato de Villavicencio e que o governo está "comprometido com o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países".

Protegida do ex-presidente Rafael Correa, Gonzalez perdeu a disputa para Daniel Noboa em outubro passado. O presidente assumiu o cargo em novembro com a promessa de combater as gangues de traficantes e controlar a escalada da violência local.

O Equador, no entanto, convive com grave crise de segurança devido à disputa de grupos criminosos por rotas do tráfico. Na última semana, uma nova onda de violência deixou mais de 15 mortos em dois dias. O incidente que mais fez vítimas aconteceu sábado (30), quando oito pessoas foram assassinadas a tiros em Guayaquil, no sudoeste do país.

Em entrevista à Folha em janeiro, Gonzalez disse que se o Equador não resolver seus problemas sociais, o país estará fadado a construir prisões e cemitérios.

As mortes acontecem em um contexto de crise de violência nesse país que, no passado, era um dos mais pacíficos da América Latina. Atualmente, porém, a nação está sob o domínio de facções criminosas —a taxa de homicídios passou de 6 por 100 mil habitantes em 2018 para o recorde de 43 por 100 mil em 2023.

O Equador mantém estado de emergência declarado há 90 dias para tentar conter 22 facções, incluindo a Los Lobos, que são consideradas grupos terroristas.

Com eleições marcadas para junho, o México também enfrenta crise de segurança. No ciclo eleitoral 2023-2024, já foram mortos 45 políticos e aspirantes a cargos públicos de todos os partidos, de acordo com um levantamento do site mexicano Infobae.

A violência ligada ao crime organizado que atinge o México afeta especialmente aqueles que ocupam ou desejam obter cargos municipais e estaduais. As razões vão desde tentativas das máfias para subjugar os candidatos até disputas entre grupos de poder locais.

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