Israel continua a impor restrições ilegais à ajuda humanitária em Gaza, diz ONU

Órgão das Nações Unidas pede acesso irrestrito e alerta que auxílio ainda está muito abaixo dos níveis mínimos

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Reuters

Israel continua a impor restrições ilegais à ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, disse o escritório de direitos humanos da ONU nesta terça-feira (16). Apesar das afirmações das autoridades locais de que as barreiras diminuíram, o órgão declarou que o auxílio ainda está muito abaixo dos níveis mínimos.

Porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Ravina Shamdasani pediu "acesso irrestrito" para auxiliar a população local.

Por sua vez, Tel Aviv nega impedir o ingresso de assistência na região. O país tem enfrentado pressão internacional cada vez maior para permitir a entrada de mais suprimentos na Faixa de Gaza desde que atingiu um comboio de ajuda humanitária em 1º de abril, matando sete funcionários da ONG WCK (World Central Kitchen).

Crianças palestinas recebem rações de alimentos como parte de uma iniciativa voluntária de jovens em Rafah, no sul da Faixa de Gaza - Mohammed Abed - 05.mar.24/AFP

"Aqueles que entregam ou tentam acessar a assistência humanitária nunca devem ser atacados", declarou Shamdasani.

Os militares israelenses alegam que permitiram o ingresso de caminhões com suprimentos por um recém-inaugurado ponto de passagem no norte, pela primeira vez, na última quinta-feira (12). Veículos foram inspecionados no ponto de passagem de Kerem Shalom, na fronteira com o Egito, antes de seguirem para o norte. Israel havia dito no início deste mês que reabriria o ponto de passagem de Erez, que estava fechado desde o início da guerra com o Hamas em outubro passado.

O Unicef, fundo da ONU para a infância, pediu um aumento nas retiradas de pessoas hospitalizadas de Gaza, dizendo que menos da metade dos pedidos foi bem-sucedida e que há menos 70 crianças feridas todos os dias.

A porta-voz do Unicef, Tess Ingram, descreveu casos de crianças que ela conheceu e que sofreram ferimentos a bala e amputações durante o conflito. "Seus corpos despedaçados e suas vidas fraturadas são um testemunho da brutalidade que está sendo imposta a elas", acrescentou.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas tem manifestado preocupação com a crise humanitária na Faixa de Gaza com frequência. No mês passado, a ONU cobrou de Israel mais medidas para entregar ajuda à população palestina diante de um cenário de "fome iminente".

Os membros do órgão mais importante da ONU expressaram "profunda preocupação com o custo humano do conflito, a situação humanitária catastrófica e a ameaça de fome iminente" e pediram "a remoção imediata de todos os obstáculos à entrega de ajuda humanitária" à população civil.

Após pressão de Washington, Israel chegou a anunciar a reabertura das passagens para o envio de ajuda a Gaza. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, havia conversado com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e condicionou o apoio a Tel Aviv a uma mudança de postura do aliado na guerra, o que incluiria cessar-fogo, proteção dos civis e combate à crise humanitária.

A ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, desencadeada pelos ataques mortais do Hamas na fronteira, em 7 de outubro, transformou grande parte da região em um deserto, com milhares de pessoas deslocadas e amontoadas em abrigos repletos de doenças.

Mais de 33 mil pessoas foram mortas em Gaza desde 7 de outubro, de acordo com as autoridades de saúde palestinas, e mais de 76 mil ficaram feridas. A guerra foi iniciada em resposta aos ataques do Hamas a Israel, nos quais 1.200 pessoas foram mortas e 253 pessoas foram feitas reféns, de acordo com o registro de Israel.

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