Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Palestinos voltam a cidade desocupada por Israel e encontram só ruínas; veja vídeo

Moradores de Khan Yunis descobrem que suas casas foram destruídas; Defesa Civil pede ajuda para resgatar corpos

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Khan Yunis (Gaza) | AFP

Safa Qandil voltou a Khan Yunis nesta segunda-feira (8) após ter fugido da cidade, no sul da Faixa de Gaza, para escapar da guerra entre Israel e Hamas, que completou seis meses no domingo (7). A palestina constatou, porém, que não restou nada de sua casa.

Após a retirada das tropas de Tel Aviv, também no domingo, dezenas de moradores estão retornando para esse localidade onde mais de 400 mil pessoas moravam e que atualmente é uma das mais afetadas pelos bombardeios israelenses. Como Qandil, grande parte deles descobre que suas moradias não existem mais.

Palestinos voltam para Khan Yunis depois que o Exército de Israel retirou suas tropas e encontram edifícios residenciais destruídos - Ahmed Zakot - 7.abr.2024/Reuters

"Esperávamos achar nossa casa ou pelo menos suas ruínas. Recuperaríamos algo dela para nos abrigarmos", diz a palestina de 46 anos à agência de notícias AFP. "Mas não a encontramos." Seu filho e a esposa dele, que estava grávida, foram mortos pelo Exército israelense, segundo ela.

"Minha tragédia é grande", afirma, acrescentando que ataques israelenses também teriam matado o resto da família da sua nora, incluindo pai e irmãos, "em um crime atroz". "Em cada casa há um mártir ou uma pessoa ferida. Palavras não são suficientes para descrever a magnitude da devastação e do sofrimento que vivemos."

A destruição da cidade é tanta que muitos moradores que regressam da superlotada Rafah, onde mais de 1,5 milhão de habitantes de Gaza se refugiaram, têm dificuldades para encontrar os caminhos que faziam. "Não reconhecemos os lugares", comenta Salim Sharab.

Outros contam sentir o cheiro dos corpos que estão sendo desenterrados entre os escombros. A Defesa Civil da cidade solicitou reforços à ONU nesta segunda para chegar até os cadáveres —a maioria, segundo as autoridades, em estado avançado de decomposição.

Seis meses de guerra deixaram Gaza em ruínas, e a maioria dos seus 2,4 milhões de habitantes está à beira da fome, segundo a ONU. Em todo o território palestino, mais de 88 mil edificações —cifra equivalente a cerca de 35% das construções da Faixa de Gaza— foram destruídas ou danificadas desde o início do conflito, em outubro.

Em março, a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, estimou que os bombardeios já haviam deixado mais de 23 milhões de toneladas de destroços em Gaza. "Serão necessários anos para se livrar dos escombros", afirmou a entidade na ocasião.

Parte da destruição em Gaza é provocada por bombas lançadas por aviões e drones da Força Aérea israelense sobre áreas densamente povoadas, sob a justificativa de que o Hamas constrói estruturas militares em áreas onde moram civis.

"Minha casa ficou completamente destruída e restam apenas escombros. Meu coração está consumido pela dor. Em cada canto da minha casa havia recordações. A magnitude da devastação é indescritível", afirma Aisha Al Hoor.

Mohamed Dahalan foi um dos poucos que tiveram alguma sorte. Seu apartamento ficou intacto, embora seus vizinhos tenham perdido paredes e janelas. Ele diz, porém, que o Exército de Israel teria deixado explosivos dentro do prédio. "Não sabemos como manuseá-los", afirma.

"Não sobrou nada", comenta Muhamad Abu Diab, 29. "Buscarei entre os escombros até encontrar um roupa para vestir e viverei nas ruínas da minha casa mesmo que tenha que acampar. Estamos esgotados."

Pelo menos 33.207 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde o início da guerra, dos quais cerca de 70% são mulheres e crianças, e 75.933 ficaram feridas, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao Hamas.

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