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Juiz de Nova York multa Trump pela 10ª vez e volta a ameaçá-lo com prisão

Ex-presidente segue violando ordem que o proíbe de atacar membros da Corte e partes envolvidas no caso Stormy Daniels

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Nova York | Reuters

O juiz responsável pelo primeiro julgamento criminal de Donald Trump multou o ex-presidente em US$ 1.000 (pouco mais de R$ 5.000) nesta segunda-feira (6) e o considerou culpado de desacato ao tribunal pela décima vez por violar uma ordem de silêncio. O magistrado também voltou a ameaçar prender Trump caso ocorram novas violações.

Juan Merchan afirmou que as nove multas de US$ 1.000 que ele impôs até agora não pareciam estar impedindo o ex-presidente de violar a ordem, que o proíbe de fazer comentários públicos sobre jurados, testemunhas e famílias do juiz e promotores se as declarações forem destinadas a interferir no caso.

Merchan disse ainda que considerava a prisão "o último recurso" por muitas razões, incluindo o fato de que isso interromperia o julgamento em andamento e traria implicações políticas sérias, uma vez que Trump é candidato à Presidência dos Estados Unidos e faltam seis meses para a eleição.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump em tribunal de Manhattan, em Nova York - Peter Foley - 6.mai.24/Pool/AFP

Segundo Merchan, porém, as violações "contínuas e intencionais" de Trump à ordem de silêncio constituem um "ataque direto ao Estado de Direito". "Não quero impor uma pena de prisão e fiz tudo o que pude para evitá-la. Mas o farei, se necessário", disse o juiz.

A lei de Nova York permite multas de até US$ 1.000 ou prisão de até 30 dias por violar uma ordem de silêncio imposta pelo tribunal. Na semana passada, Merchan multou Trump em US$ 9.000 (R$ 45,6 mil) por nove postagens em redes sociais que ele considerou terem violado a ordem de silêncio.

Merchan impôs a multa nesta segunda-feira devido a uma entrevista na qual o ex-presidente disse: "Aquele júri foi selecionado muito rapidamente, 95% democratas. A área é principalmente democrata."

Ele considerou que outras declarações sinalizadas pelos promotores que mencionavam as testemunhas Michael Cohen, ex-advogado de Trump e agora testemunha da acusação contra ele, e David Pecker, ex-editor do tabloide National Enquirer, que admitiu ocultar matérias que pudessem prejudicar o republicano na campanha eleitoral de 2016.

Esta segunda-feira é o 12º dia do julgamento criminal em que Trump é acusado de fraude —tanto ao supostamente maquiar as contas da sua empresa para encobrir pagamentos a uma ex-atriz pornô quanto ao mentir para conseguir ser eleito em 2016.

Promotores de Nova York o acusaram de falsificar registros comerciais para encobrir um pagamento de US$ 130 mil (R$ 660 mil, na cotação atual) a Stormy Daniels, que afirma ter tido um encontro sexual com ele em 2006. Trump se declarou inocente e nega ter tido relações sexuais com Daniels.

Trump reclama frequentemente que a ordem de silêncio limita sua capacidade de apresentar seu caso aos eleitores para uma nova candidatura à Casa Branca. A jornalistas antes da sessão desta segunda, ele disse que a ordem de silêncio removeu "seu direito constitucional de falar".

O republicano também voltou a dizer que os promotores são aliados de Joe Biden, que o caso todo tem motivação política e que o juiz Merchan enfrenta um conflito de interesses porque sua filha trabalhou para políticos democratas —Loren Merchan tem uma empresa de estratégias digitais que prestou serviços à campanha de Biden e Kamala Harris.

NOVOS REGISTROS E NOVO DEPOIMENTO

Os promotores apresentaram nesta segunda registros que mostram que Trump pagou US$ 420 mil (US$ 2,1 milhões) a Cohen. A transação foi classificada de despesas legais, mas a promotoria afirma que ela encobria o reembolso dos US$ 130 mil que Cohen pagou pelo silêncio de Stormy Daniels —o excedente teria sido uma espécie de bonificação ao então advogado de Trump.

O julgamento então foi retomado com a convocação de Jeffrey McConney, ex-controlador financeiro da Trump Organization. Em seu depoimento, ele disse que não tinha conhecimento de nenhum outro caso em que a empresa reembolsou alguém de forma tão generosa. Também afirmou que Allen Waisselberg, o diretor financeiro da empresa, havia dito que os pagamentos eram reembolsos, não honorários advocatícios. McConney disse ainda que nunca falou com Trump sobre essas transações.

Os promotores afirmam que o pagamento de Trump a Daniels corrompeu a eleição de 2016 ao manter a notícia longe dos eleitores, em um momento em que seu tratamento às mulheres era uma questão central em sua campanha contra a candidata democrata Hillary Clinton.

Na semana passada, Hope Hicks, que foi assessora próxima de Trump, afirmou em depoimento que ele a orientou a negar que ele teve relações sexuais com Daniels e disse que queria evitar que sua esposa, Melania, soubesse da acusação —na argumentação da defesa do ex-presidente, o pagamento foi feito para proteger a família de Trump, não para enganar seus eleitores.

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