Columbia cancela cerimônia de formatura após protestos contra guerra em Gaza

Universidade que foi o epicentro dos atos estudantis anunciou eventos menores para marcar conclusão dos cursos

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São Paulo

Após ser palco de protestos estudantis contra a guerra Israel-Hamas durante semanas, a Universidade Columbia, em Nova York, cancelou a cerimônia de formatura programada para o próximo dia 15 e decidiu fazer eventos menores para marcar a conclusão dos cursos.

Em vez do tradicional evento com todos os alunos, os estudantes terão homenagens individuais ao lado de seus pares em dias diferentes. A maioria das cerimônias, que deveriam acontecer no campus Morningside Heights, onde ocorreram os protestos, será transferida para o principal complexo atlético da universidade, segundo o comunicado.

Estudante agita bandeira palestina no telhado do Hamilton Hall, na Universidade Columbia, invadido em protesto contra a guerra na Faixa de Gaza - Caitlin Ochs - 30.abr.2024/Reuters

"Estamos determinados a dar aos nossos alunos a celebração que eles merecem e desejam", afirmou a instituição. "Nossos alunos enfatizaram que essas celebrações em menor escala são as mais significativas para eles e suas famílias. Eles estão ansiosos para atravessar o palco sob aplausos, sentindo o orgulho de suas famílias, e ouvir os palestrantes convidados de suas escolas."

A universidade, no entanto, não descarta a organização de um evento no dia da cerimônia.

A instituição no distrito de Manhattan foi o epicentro dos protestos que se espalharam por dezenas de universidades no mundo. Nos EUA, os atos fizeram parte da maior onda de protestos estudantis desde as marchas contra o racismo, em 2020, em resposta ao assassinato de George Floyd.

Na metade de abril, estudantes de Columbia montaram barracas no campus para protestar contra a guerra na Faixa de Gaza e foram seguidos por alunos de outras instituições dos Estados Unidos e de países como Austrália, França, Reino Unido e Canadá.

O acampamento foi alvo de duas ações policiais que levaram a pelo menos 200 prisões. A primeira tentou, sem sucesso, desmontar as barracas. Na segunda, agentes foram chamados para desocupar um prédio da universidade tomado pelos manifestantes horas depois de a direção de Columbia dar um prazo para o fim do acampamento, sob risco de punição a quem não saísse.

Prisões relacionadas a protestos contra a guerra ocorreram em mais de 40 universidades dos EUA, segundo o New York Times. O jornal americano estima que houve mais de 2.000 detenções —cerca de 300 delas apenas na madrugada da última quarta-feira (1º), no City College of New York e em Columbia.

Os atos arrefeceram no fim de semana, após a polícia desmontar o acampamento de Columbia e desocupar o prédio invadido por estudantes, mas deixaram debates em aberto na comunidade acadêmica.

Enquanto manifestantes, que englobam ativistas judeus, dizem estar sendo censurados por meramente criticar o governo israelense ou expressar apoio aos direitos dos palestinos, outros grupos argumentam que a retórica dos protestos é antissemita e, portanto, não deve ser tolerada.

Esse raciocínio foi utilizado por grupos que pressionaram a Universidade do Sul da Califórnia há duas semanas para vetar sua oradora principal, Asna Tabassum, uma estudante muçulmana, por suas visões pró-Palestina. A universidade, com sede em Los Angeles, posteriormente anunciou o cancelamento de toda a cerimônia.

Em comum, a maioria dos protestos pedia que as universidades se desvinculassem de empresas que apoiam as Forças Armadas de Israel e se manifestassem a respeito do conflito. Na semana passada, Columbia afirmou que não revisaria suas relações com empresas ligadas a Israel e, em vez disso, concentraria recursos em saúde e educação em Gaza e tornaria mais transparentes os investimentos diretos da instituição.

A guerra, iniciada após um ataque terrorista do Hamas em Israel matar cerca de 1.200 pessoas em 7 de outubro, já fez mais de 34 mil vítimas palestinas, de acordo com autoridades de saúde de Gaza.

Com Reuters

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