Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel não tem plano eficaz e não deve invadir Rafah, diz Blinken

Chefe da diplomacia dos EUA encontra Binyamin Netanyahu em Jerusalém e faz novos apelos por cessar-fogo

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Ashdod (Israel) | Reuters

Depois de se encontrar com o premiê Binyamin Netanyahu em Jerusalém, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (1º) que Washington continua desestimulando uma possível invasão terrestre das forças de Israel a Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza que abriga metade da população local. Segundo o americano, as autoridades israelenses não apresentaram um plano eficaz que garanta a segurança dos civis.

Blinken e Netanyahu se reuniram por duas horas e meia para discutir as próximas etapas da guerra e também as negociações em curso por um cessar-fogo. Segundo a agência de notícias Reuters, o israelense repetiu que as ofensivas terrestres contra Rafah serão levadas adiante, a despeito de alertas feitos por várias organizações internacionais de que uma ação na região pode terminar em tragédia.

Antony Blinken e Binyamin Netanyahu se cumprimentam em Jerusalém
Antony Blinken e Binyamin Netanyahu se cumprimentam em Jerusalém - Haim Zach/GPO/Divulgação via Xinhua

"Não apoiaremos uma grande operação militar em Rafah sem um plano eficaz para garantir que os civis não sejam prejudicados. Não, não vimos esse plano", afirmou Blinken após o encontro com Netanyahu. "Há maneiras melhores de lidar com o [...] desafio contínuo do Hamas sem a necessidade de uma grande operação em Rafah."

Segundo o governo israelense, a incursão em Rafah é necessária para eliminar os últimos redutos do Hamas. Sem apresentar provas, um porta-voz do gabinete de Netanyahu disse que quatro batalhões do grupo terrorista estão escondidos na cidade, localizada no extremo sul e próxima da fronteira com o Egito.

Israel foi a última parada do mais recente giro de Blinken pelo Oriente Médio —foi a sétima viagem do americano à região desde o início da guerra, em outubro do ano passado. De acordo com a Casa Branca, o chefe da diplomacia dos EUA trabalhou para melhorar as condições humanitárias em Gaza.

Após visita ao porto de Ashdod, no sul israelense, Blinken elogiou o que chamou de progresso significativo em relação ao envio de ajuda e alimentos, incluindo farinha, ao território palestino. "O progresso é real, mas dada a imensa necessidade em Gaza, ele precisa ser acelerado", afirmou.

Os EUA são o principal aliado e fornecedor de armas a Israel. A visita de Blinken ocorreu cerca de um mês depois que o presidente Joe Biden alertou Tel Aviv de que a política de Washington poderia mudar se Tel Aviv não tomasse medidas para mitigar os danos aos civis e a segurança dos trabalhadores humanitários em Gaza.

Blinken também pediu ao Hamas que aceitasse um acordo de trégua proposto por mediadores egípcios. A medida prevê a libertação de 33 reféns mantidos em cativeiros em Gaza em troca de um número maior de prisioneiros palestinos e a interrupção dos combates. Segundo o jornal americano The New York Times, Tel Aviv aceitou no começo da semana reduzir em sua proposta o número de reféns para a facção libertar numa primeira fase da trégua. Mas, por ora, não há garantia de que o acordo saia do papel.

"Israel fez concessões muito importantes", disse Blinken. "Não há tempo para mais pechinchas. O acordo está pronto. Eles [líderes do Hamas] devem aceitá-lo.'

À Reuters uma alta autoridade do Hamas disse que o grupo ainda estava estudando o acordo, mas que Israel colocava obstáculos. "Os comentários de Blinken contradizem a realidade", disse Sami Abu Zuhri à agência.

Já um funcionário israelense disse que Israel tem adiado o envio de uma delegação ao Cairo, onde as negociações acontecem, enquanto aguarda uma resposta do líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, sobre as próximas etapas da guerra.

Enquanto as negociações não avançam, o Exército israelense bombardeou nesta quarta (1º) o norte e o centro de Gaza, incluindo o campo de refugiados de Nuseirat, segundo autoridades palestinas. Em quase 7 meses de guerra, 34,5 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas no território palestino, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

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