Polícia desmantela ato pró-Palestina em universidade em Washington e prende 33

Congresso cancela audiência em que prefeita e chefe de polícia teriam que explicar demora em desocupar acampamento

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | AFP

A polícia desmantelou um acampamento pró-Palestina nesta quarta-feira (8) que ocupava havia dias a Universidade George Washington, na capital dos Estados Unidos, e prendeu 33 manifestantes.

A operação ocorreu horas antes de uma sessão no Congresso na qual a prefeita, Muriel Bowser, e a chefe de polícia, Pamela Smith, compareceriam para explicar os motivos de terem negado tomar ações para desocupar o acampamento, instalado há mais de uma semana, apesar de pedidos da universidade. Após a ação policial, a audiência foi cancelada.

Policiais caminham por acampamento pró-Palestina esvaziado na Universidade George Washington, na capital americana
Policiais caminham por acampamento pró-Palestina esvaziado na Universidade George Washington, na capital americana - Kent Nishimura - 8.mai.24/Getty Images via AFP

O departamento de polícia declarou em comunicado que inicialmente tentou reduzir tensões sem fazer detenções, mas constatou com base em "incidentes e informações" que "a volatilidade do protesto estava aumentando".

Smith afirmou ainda, segundo o jornal The Washington Post, que um segurança da universidade e um estudante contrário aos protestos foram agredidos. Na noite de terça-feira (7), os manifestantes teriam marchado até a residência do reitor da universidade.

A chefe da corporação disse que eles planejavam ocupar um prédio da universidade, sem dar detalhes ou apresentar evidências do possível desdobramento, segundo o jornal americano. Após alertas para que os acampados deixassem o campus, em torno de 30 deles permaneceram.

A polícia entrou no campus por volta das 4h locais (5h no horário de Brasília) e usou gás de pimenta —com a ação policial, outro grupo que não estava dentro do protesto tentou intervir.

As manifestações contra a guerra em Gaza se multiplicaram por dezenas de universidades dos EUA nas últimas semanas, com reivindicações de estudantes para que as instituições de ensino cortem seus laços, diretos ou indiretos, com universidades israelenses e fabricantes de armas.

Os protestos se expandiram para outros países, como França, Holanda e Suíça. No Brasil, estudantes da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram manifestação semelhante acampando no vão do prédio de Geografia e História, na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).

A Universidade Columbia, em Nova York, epicentro das manifestações, decidiu cancelar sua principal cerimônia de formatura, prevista para o próximo dia 15, por razões de segurança. Os estudantes têm criticado o que consideram uma resposta dura às suas manifestações.

Em discurso na abertura de evento no Museu Memorial do Holocausto no Capitólio, o presidente Joe Biden denunciou na terça o aumento do antissemitismo. Ele enfatizou em sua fala que "não há lugar em nenhuma universidade dos EUA, em nenhum lugar dos EUA, para o antissemitismo ou discurso de ódio ou violência de qualquer tipo".

O democrata associou ainda o 7 de Outubro, quando o Hamas atacou Israel, ao Holocausto.

"Este antigo ódio aos judeus não começou com o Holocausto; também não terminou com o Holocausto, nem mesmo depois da nossa vitória na Segunda Guerra Mundial", disse o presidente americano. "Este ódio continua a viver profundamente nos corações de muitas pessoas no mundo e exige a nossa vigilância e franqueza contínuas. Esse ódio ganhou vida em 7 de outubro de 2023."

O governo de Biden tenta manter o equilíbrio entre o respeito à liberdade de expressão e sua resposta às queixas sobre atos de intimidação contra judeus. Já os manifestantes pró-Palestina afirmam que seus opositores confundem críticas a Israel com preconceitos contra os judeus.

A fala do presidente americano acontece uma semana após a Câmara dos Deputados dos EUA aprovar um projeto de lei que adota oficialmente a definição de antissemitismo proposta pela Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês) e determina que ela seja usada pelo governo federal em aplicação de leis contra a discriminação no sistema educacional do país.

O projeto de lei e a IHRA definem antissemitismo como "uma certa percepção sobre judeus que pode ser expressada como ódio aos judeus. Manifestações retóricas e físicas de antissemitismo são direcionadas contra pessoas judias e não judias, sua propriedade privada, e contra instituições comunitárias e religiosas judaicas".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.