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Filho de Biden é condenado por mentir sobre uso de drogas ao comprar arma

Presidente dos EUA diz que vai respeitar resultado; sentença pode sair em até 120 dias

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Wilmington (Delaware) | Reuters e AFP

Hunter Biden, filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi condenado por um júri nesta terça-feira (11) por mentir, em setembro passado, sobre o fato de que usava drogas para conseguir comprar uma arma em outubro de 2018 e por possui-la ilegalmente por 11 dias.

Um júri composto por 12 membros em um tribunal federal de Wilmington, no estado de Delaware, considerou-o culpado dos três delitos pelos quais foi acusado, tornando Hunter o primeiro filho de um presidente americano em exercício a ser condenado em um processo criminal.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e seu filho, Hunter Biden, em base militar em New Castle, no estado de Delaware - Andrew Caballero-Reynolds - 11.jun.24/AFP

O juiz não definiu uma data para a sentença contra Hunter, mas declarou que o prazo costuma ser de até 120 dias. No limite, a divulgação poderia ocorrer a menos de um mês da eleição presidencial, em 5 de novembro, na qual seu pai busca a reeleição em disputa contra Donald Trump, que no fim de maio se tornou o primeiro ex-presidente dos EUA considerado culpado pela Justiça em uma ação criminal.

Se receber a pena máxima para as condenações, Hunter teria de cumprir até 25 anos de prisão, embora réus primários geralmente recebam sentenças menores. Além disso, condenados que não tenham usado sua arma para cometer crimes não costumam ficar presos.

Em comunicado, Biden declarou que respeitará o resultado. "Eu sou o presidente, mas também sou pai. Muitas famílias que tiveram entes queridos lutando contra o vício entendem o sentimento de orgulho ao ver alguém que você ama sair do outro lado e ser tão forte e resiliente na recuperação. Aceitarei o resultado deste caso e continuarei respeitando o processo judicial enquanto Hunter considera um recurso."

O presidente americano participou nesta terça de um evento sobre as medidas de seu governo contra o tráfico de armas e não se manifestou sobre a condenação do filho. O evento foi interrompido por manifestantes pró-Palestina que criticam o apoio dos EUA a Israel na guerra na Faixa de Gaza.

Biden já havia dito em entrevista à ABC News na semana passada, enquanto o julgamento já acontecia, que não concederia indulto a Hunter em caso de condenação.

Após sair do tribunal de mãos dadas com a esposa, Melissa Cohen Biden, e com a madrasta, a primeira-dama Jill Biden, Hunter disse estar "mais grato pelo amor e apoio" de sua família do que "decepcionado com o resultado".

Três indivíduos caminham lado a lado com expressões sérias, possivelmente em direção a um evento formal ou compromisso importante. A mulher à esquerda veste um blazer bege e óculos escuros, o homem no centro está em um traje formal com gravata e lapela, e a mulher à direita usa um blazer cinza sobre uma camisa branca
Hunter Bider, filho do presidente Joe Biden, acompanhado da madrasta, a primeira-dama Jill Biden (à esq.), e da esposa, Melissa Cohen Biden (à dir.), ao deixar o tribunal em Wilmington, no estado americano de Delaware - Hannah Beier - 11.jun.24/Reuters

"A recuperação é possível pela graça de Deus e sou abençoado por experimentar esse presente um dia de cada vez", afirmou.

Trump manifestou-se em uma nota divulgada por sua campanha: "Este julgamento não passou de uma distração dos crimes reais da Família Mafiosa Biden, que arrecadou dezenas de milhões de dólares da China, Rússia e Ucrânia". Não há evidências de que Joe Biden tenha recebido grandes somas de dinheiro da China ou tenha enriquecido de outra forma como resultado dos negócios de seu filho no exterior.

Um depoimento crucial durante o julgamento e que tornou mais difícil a situação de Hunter foi o da ex-cunhada, Hallie Biden, viúva de Beau Biden, que morreu de câncer em 2015. Ela declarou que frequentemente limpava a picape do cunhado procurando por drogas, na tentativa de ajudá-lo a abandonar o vício, que ele reconheceu publicamente.

Hallie, que admitiu ter mantido um relacionamento com Hunter entre 2015 e 2016, disse que numa de suas buscas na picape dele encontrou vestígios de crack e o revólver Colt Cobra calibre 38, que o levou à condenação. Ela afirmou temer que ele ou seus filhos encontrassem a arma e se machucassem.

"Entrei em pânico e queria me livrar dela [arma]", disse Hallie, que também admitiu ter ficado viciada quando Hunter, segundo ela, apresentou-lhe o crack. Ela diz que se livrou da dependência química em 2018.

Durante o julgamento, no dia em que Hallie depôs, os jurados assistiram a imagens de câmeras de vigilância nas quais a ex-cunhada joga a arma de Hunter em uma lata de lixo de supermercado, bem como mensagens de texto onde ela disse que temia pela vida dele.

O argumento que a defesa usou ao longo das audiências foi o de que o filho do presidente havia passado por tratamento de drogas e poderia ter se considerado sóbrio quando comprou a arma, em outubro de 2018.

Na sessão da última sexta (7), o dono e um ex-funcionário da loja onde Hunter comprou a arma testemunharam a pedido da defesa e afirmaram que ele não estava sob efeito de drogas. Os advogados também convocaram Naomi, filha de Hunter, para tentar atenuar o impacto do depoimento de Hallie.

De acordo com a CNN, Naomi admitiu saber que seu pai estava "lutando contra o vício", mas que nunca o viu usando drogas na frente dela. "Depois da morte do meu tio, as coisas pioraram", disse ela, referindo-se a Beau Biden. Naomi afirmou ainda que, no fim de outubro de 2018, usou a picape de seu pai e que não viu drogas no veículo.

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