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Esquerda se une na França e ameaça Macron em eleições

Formação de frente única contraria previsões, e pesquisas indicam que bloco deve rivalizar com ultradireita

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São Paulo

Contrariando previsões de analistas políticos e uma aposta do presidente Emmanuel Macron de que permaneceriam desunidos, um grupo de partidos de esquerda da França anunciou nesta quinta-feira (13) a criação de uma Frente Popular para disputar em conjunto as eleições legislativas convocadas para 30 de junho e 7 de julho.

"Uma nova página na história da França está sendo escrita", disseram em um comunicado os partidos da aliança, da qual fazem parte a França Insubmissa, do ex-candidato a presidência Jean-Luc Mélenchon, o Partido Comunista, o Partido Socialista, e os ecologistas.

Um grupo de pessoas aguarda com expectativa, algumas aplaudindo, enquanto uma mulher no centro sorri e bate palmas. A cena é capturada do lado de fora de um edifício, com microfones e uma câmera apontando para o grupo
Líderes dos principais partidos de esquerda da França participam de entrevista coletiva depois de anunciar a formação de uma Frente Popular para disputar as eleições legislativas - Stephane Mahe - 13.jun.24/Reuters

"Teremos candidatos comuns capazes de representar a sociedade francesa e um programa político de ruptura para que a vida das francesas e dos franceses mude de verdade", diz o texto. "De agora em diante, a chegada [da ultradireita] ao poder não é mais uma certeza. Há esperança!", conclui a nota.

De acordo com pesquisas eleitorais, a chamada Nova Frente Popular tende a se aproximar em número de votos e assentos da sigla de ultradireita RN (Reunião Nacional), liderada por Marine Le Pen, que ainda deve sair das urnas como o maior partido do país.

A RN foi a principal vencedora do pleito ao Parlamento Europeu no último fim de semana, cujo resultado precipitou a decisão de Macron de dissolver o Legislativo francês e convocar novas eleições. Os partidos governistas, entretanto, devem perder terreno, e Macron tentava convencer setores moderados da direita e da esquerda a participar de uma nova coalizão.

Segundo especialistas, o presidente esperava que o curto período até as eleições, com o prazo para inscrição das candidaturas terminando no próximo domingo (16), impossibilitasse uma aliança ampla da esquerda —a Nova Frente Popular vai precisar decidir como unificar o apoio em um único candidato em cada um dos 577 distritos eleitorais do país.

O nome da aliança pode parecer genérico, mas remete à Frente Popular dos anos 1930, coalizão de agremiações de esquerda que conseguiu eleger a maioria do Parlamento em oposição ao crescimento do fascismo na França e na Europa como um todo na época.

A RN, por sua vez, deve conquistar o maior número de assentos na Assembleia Nacional, mas sem uma maioria que a permita governar sozinha. Por isso, o partido de ultradireita tenta negociar uma coalizão com outras siglas, principalmente o LR (Os Republicanos).

O partido de centro-direita, entretanto, vive uma crise histórica desde que seu líder, Eric Ciotti, disse que uma aliança com a RN era necessária e foi imediatamente desautorizado por uma série de figuras importantes do partido.

Expulso por correligionários, Ciotti se recusou a abandonar a liderança dos Republicanos e viu a Justiça ordenar temporariamente a suspensão da decisão de seus críticos no partido "até que se profira uma resolução definitiva sobre o mérito" do assunto.

De acordo com o sistema de semipresidencialismo da França, se a RN controlar uma maioria no Parlamento, poderá indicar o premiê e os ministros de Estado, mas os nomes vão precisar do aval de Macron —o atual presidente já indicou que não renunciará e ficará no cargo até o fim de seu mandato em 2027.

O membro da RN Laurent Jacobelli disse que a busca por ministros já começou, e que deve haver nomes de dentro e fora do partido. Para o cargo de premiê, o candidato mais provável é Jordan Bardella, que hoje preside o partido e foi o líder da campanha bem-sucedida nas eleições europeias.

Com Reuters

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