EUA impõem sanções a grupo 'violento e extremista' de Israel acusado de obstruir ajuda à Faixa de Gaza

Integrantes do Tzav 9 tentaram impedir entrega de suprimentos com bloqueios de estradas, segundo governo americano

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O governo dos Estados Unidos impôs nesta sexta-feira (14) sanções aos integrantes de um grupo de Israel, descrito como extremista e violento, que são acusados de obstruir a distribuição de ajuda humanitária para a população palestina na Faixa de Gaza

A medida reforça o posicionamento crítico que o governo de Joe Biden passou a adotar contra líderes e grupos israelenses. A menos de cinco meses da eleição presidencial americana, o democrata tem sido alvo de protestos devido ao apoio de Washington a Tel Aviv —os EUA são os maiores aliados de Israel.

Omar Al-Qattaa - 31.mai.24/AFP
Palestinos caminham em região destruída de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza - Palestinos caminham em região destruída de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza/AFP

O grupo sancionado é o Tzav 9, formado por integrantes de direita, alguns dos quais extremistas e com ligações a reservistas do Exército israelense e a colonos do país na Cisjordânia ocupada.

"Os indivíduos do Tzav 9 tentaram repetidamente impedir a entrega de ajuda humanitária a Gaza, inclusive bloqueando estradas, por vezes de forma violenta", afirmou o Departamento de Estado em comunicado. "Eles também danificaram caminhões que transportavam ajuda e despejaram os itens nas estradas."

O Departamento de Estado mencionou um ataque ocorrido em 13 de maio, quando membros do Tzav 9 teriam saqueado e queimado dois caminhões perto de Hebron, na Cisjordânia, que transportavam ajuda.

O Tsav 9 —palavra hebraica que significa Ordem 9, uma referência às ordens de convocação dos reservistas militares israelenses— disse na ocasião ter agido para impedir que os suprimentos chegassem ao Hamas. O grupo ainda acusou o governo israelense de "dar presentes" à facção terrorista.

No comunicado em que anunciou as sanções, o governo americano pontuou que a distribuição de ajuda é essencial para mitigar a fome e evitar o agravamento da crise humanitária nos territórios palestinos. "Não toleraremos atos de sabotagem e violência contra as ações de ajuda."

As sanções foram impostas no escopo de uma ordem executiva sobre a violência na Cisjordânia assinada pelo presidente Biden em fevereiro. A medida já havia sido usada para impor restrições financeiras a extremistas islâmicos e a colonos de Israel envolvidos em ataques contra palestinos.

As sanções congelam todos os bens que o Tsav 9 e alguns de seus integrantes possuem sob a jurisdição dos EUA. Também impedem que os americanos negociem com o grupo.

O Tsav 9 foi listado como sancionado no site do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro nesta sexta. A agência de notícias Reuters foi a primeira a noticiar as sanções.

"Estamos usando a autoridade para sancionar cada vez mais atores, visando indivíduos e entidades que ameaçam a paz, a segurança e a estabilidade da Cisjordânia, independentemente de religião, etnia ou localização", disse à Reuters Aaron Forsberg, diretor do escritório de política e implementação de sanções do Departamento de Estado americano.

O grupo que atua com direitos humanos Democracia para o Mundo Árabe Agora (DAWN, na sigla em inglês) já havia pedido sanções ao Tsav 9. Segundo a organização, o grupo israelense arrecada fundos de empresas israelenses e de organizações sem fins lucrativos israelenses e americanas.

Na guerra Israel-Hamas, palestinos e grupos de direitos humanos acusam o Exército israelense de não intervir em ataques de colonos na Cisjordânia. Tel Aviv nega as acusações de negligência —no ataque do dia 13, autoridades disseram que prenderam quatro dos envolvidos na ação, incluindo um menor de idade.

A maior parte dos palestinos enfrenta fome e desnutrição enquanto Israel continua os ataques na guerra iniciada em outubro passado e que já matou pelo menos 37 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. O próprio governo de Israel também é acusado de bloquear ajuda humanitária, o que autoridades do país negam

Também nesta sexta, as Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, disse que mais dois reféns israelenses foram mortos em um ataque aéreo de Israel na cidade de Rafah, no sul de Gaza. A ação teria ocorrido "há alguns dias".

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.