Descrição de chapéu g7 Guerra da Ucrânia

G7 deve anunciar acordo para usar ativos congelados russos em ajuda à Ucrânia

Reunião de líderes ocorre sob a sombra de avanço russo e de crescimento da direita radical na Europa; EUA divulgam novas sanções

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São Paulo e Boa Vista

Às vésperas da reunião do G7, em Bari, na Itália, os Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira (12) novas sanções na tentativa de isolar a Rússia do sistema internacional. Há ainda a expectativa de que os líderes do países participantes anunciem um acordo definitivo sobre o uso de ativos russos congelados em instituições financeiras ocidentais para ajudar a Ucrânia.

O debate sobre o uso dos recursos de Moscou existe desde o início da invasão total promovida por Vladimir Putin, no iní cio de 2022, e Washington vinha sendo mais categórica com relação à proposta de confisco desses ativos.

Países europeus, no entanto, onde boa parte dos quase US$ 300 bilhões estão retidos, temem que uma medida do tipo possa violar a lei internacional. Em entrevista à Folha em fevereiro, o ministro das Finanças da Rússia deixou clara a posição de seu país sobre o assunto: "violaria os pilares do sistema legal internacional e seria basicamente um roubo".

Um indivíduo está embarcando em um helicóptero com a inscrição "United States of America". A cena é vigiada por membros da Marinha dos EUA em uniforme de cerimônia, destacando a importância do passageiro e a formalidade do momento.
O presidente dos EUA, Joe Biden, embarca para a cúpula do G7, na Itália, em um helicóptero Marine One, na Base Aérea da Guarda Nacional de Delaware - Andrew Caballero-Reynolds - 12.jun.24/AFP

Segundo o jornal The New York Times, citando autoridades ocidentais, a proposta do G7 deve se basear em um empréstimo de cerca de US$ 50 bilhões a Kiev para a reconstrução da infraestrutura do país, alvo prioritário de Moscou nos últimos meses. O empréstimo seria pago com os juros dos recursos.

A cúpula na Itália reúne os chefes de Estado das sete principais economias globais e ocorre desta quinta (13) até sábado (15).

As sanções americanas foram anunciadas pela Casa Branca enquanto o presidente Joe Biden embarcava para Itália, onde já chegou. As ações são o mais novo pacote de restrições com o objetivo de minar a capacidade da Rússia de fazer negócios com o resto do mundo e manter sua economia —e seu esforço militar na Ucrânia— girando.

Permitem, ainda, que Washington imponha sanções a bancos que façam transações com instituições financeiras russas já alvo de sanções, segundo o New York Times.

Além disso, o Tesouro impôs restrições à Bolsa de valores de Moscou, com o intuito de impedir investidores externos de comprar ações de empresas de defesa da Rússia, e sanções a cerca de cem entidades, incluindo empresas que tenham atuado no desenvolvimento da produção e na exportação do setor energético e de mineração russos.

"Vamos continuar a aumentar os custos para a máquina de guerra russa", disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, nesta quarta. O Departamento de Comércio baniu exportações americanas a endereços de Hong Kong que, segundo Washington, triangulam com empresas laranjas para vender produtos banidos para Rússia.

A tentativa de sufocar o financiamento e fornecimento de tecnologia para Moscou não é novidade, e as primeiras tentativas foram superestimadas. Em março de 2022, logo após o início da guerra, Biden anunciou uma rodada inicial de ações financeiras e disse que o rublo, a moeda russa, seria destruída. Após um breve período de perda de valor e instabilidade, a moeda se recuperou e, embora hoje não esteja tão forte quanto há um ano, a economia russa dá sinais de expansão.

Fortalecer a ajuda financeira à Ucrânia é uma prioridade na reunião do G7, com autoridades dos EUA e da Europa ansiosas para garantir soluções, antes de uma possível reeleição de Trump —que já disse ter relação pessoal com Putin—, e a incerteza que isso traria sobre o futuro apoio dos EUA a Kiev.

Empatados nas pesquisas de intenção de voto, Biden e Trump disputam a Presidência do país em pleito profundamente afetado pelos conflitos na Europa e no Oriente Médio, outro tema que estará na pauta do encontro do G7, assim como os avanços da inteligência artificial.

O contexto eleitoral pesa também do lado europeu. A eleição para o Parlamento do continente, ainda que tenha resultado na manutenção do poder do partido de centro-direita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viu um avanço significativo da direita radical, em geral eurocética.

Esse avanço se deu nos dois principais países do continente. O presidente da França, Emmanuel Macron, foi atropelado pela votação da ultradireita e se viu forçado a dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições legislativas. Na Alemanha, o extremista Alternativa para a Alemanha (AfD), tornou-se a segunda maior força do país —a sigla é acusada de ter ligações próximas com o Kremlin. Por fim, há ainda no encontro do G7 a presença do Reino Unido, que tem trocado farpas e sido ameaçado pela Rússia por seu discurso mais incisivo em favor da Ucrânia.

Logo após o encontro do G7, uma conferência para discutir a paz na Ucrânia ocorrerá na Suíça no sábado e no domingo (16). A Rússia não foi convidada, e países como China, Brasil, África do Sul e Turquia não vão devido à ausência russa.

Com Reuters

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